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Evento da Assogotardo entrega conhecimento diferenciado a produtores de abacate e café

Autoridades na mesa de abertura dos encontros da Assogotardo (Crédito: Divulgação)
Autoridades na mesa de abertura dos encontros da Assogotardo (Crédito: Divulgação)

3º Encontro dos Produtores de Abacate e 16º Encontro dos Cafeicultores superaram as expectativas em público e envolvimento. Os desafios da cafeicultura moderna exigem mudança de cultura e conhecimento

Superamos todas as expectativas em termos de público, envolvimento dos produtores, participação de empresas parceiras e presença de pesquisadores. Este foi o balanço feito por Cesarino Bicalho, Gerente Administrativo da Associação de Apoio aos Produtores Rurais da Região de São Gotardo (Assogotardo), sobre o 3º Encontro dos Produtores de Abacate e 16º Encontro dos Cafeicultores, realizado na quinta-feira (25), no Parque de Exposições de São Gotardo.

Os dois eventos ocorreram simultaneamente e foram organizados pela Associação de Apoio aos Produtores Rurais da Região de São Gotardo (Assogotardo), Região do Cerrado Mineiro e Projeto Educampo, com apoio do Sebrae MG, Sindicato dos Produtores Rurais de São Gotardo, Emater, Prefeitura de São Gotardo e Federação dos Cafeicultores do Cerrado.

A qualidade dos participantes foi um diferencial dos encontros, na avaliação de Bicalho. “Tivemos produtores do Sul de Minas, de São Paulo e da nossa região”. Os expositores apresentaram soluções para as duas culturas e promoveram importantes trocas de conhecimento.

Primeira atividade do dia, o Momento Sebrae reuniu representantes da entidade e da Federação dos Cafeicultores do Cerrado. Em seguida, a pesquisadora da Embrapa Cerrados, Ieda de Carvalho Mendes, falou sobre “Como Avaliar a Saúde do Solo”; e Lígia Falanghe Carvalho, Diretora da Jaguacy Brasil, fechou a programação da manhã, com a palestra “Cenário dos Abacates no Brasil e no Mundo”.

Desafios exigem conhecimento e coragem.

Após o almoço, às 14h, na palestra “Desmistificando a Cafeicultura Moderna”, o engenheiro agrônomo Leonardo Carvalho, pesquisador e especialista em cafeicultura, atualizou conhecimentos, fez um comparativo sobre a literatura disponível versus a realidade das pesquisas mais recentes e apresentou um importante alerta sobre os nematoides.

Em entrevista exclusiva, Leonardo Carvalho disse que os desafios da cafeicultura moderna são culturais e é preciso mudar a cultura do produtor. “Temos hoje tantas ferramentas, como a própria irrigação. Talvez seja a ferramenta mais tecnológica disponível atualmente na cafeicultura, e estamos utilizando de forma equivocada”. Sobre a irrigação, Carvalho deu o exemplo de Monte Carmelo, como a cidade com maior área irrigada do Brasil. “Dentro dos 450 mil hectares irrigados no Brasil, Monte Carmelo soma aproximadamente 18 mil hectares de café irrigado”.

O especialista aposta no alto potencial de produtividade da cafeicultura no Cerrado Mineiro, acima de 300 sacas/hectare. “E não estamos produzindo nem 10% desse volume. Temos muito a crescer, tem espaço para crescer, assim como o Conilon tem crescido. Estamos buscando todos os dias, através da pesquisa, do conhecimento aplicado, da coragem de fazer acontecer e trazer a cafeicultura para um patamar no qual ela merece estar, com certeza acima de 100 sacas/hectare”.

Leonardo Carvalho alertou para um dos maiores problemas atuais da cafeicultura: o nematoide. “Já dizimou cafezais no Paraná, em São Paulo… E nós, aqui em Minas Gerais, o produtor de modo geral, não atentamos para isso e não reconhecemos o problema. Hoje, mais de 60% das propriedades já contêm o nematoide, seja Exígua [Meloidogyne exigua], seja o Paranaensis [Meloidogyne paranaensis]. Isso já é um problema instalado, e é preciso tratar isso de forma adequada, seja na renovação do cafezal com variedades mais tolerantes ou, nos cafezais instalados, através de manejos adequados para mitigar o efeito dessa praga tão nociva para o café”.

Engenheiro agrônomo Leonardo Carvalho, pesquisador e especialista em cafeicultura (Crédito: 100PORCENTOAGRO)
Engenheiro agrônomo Leonardo Carvalho, pesquisador e especialista em cafeicultura (Crédito: 100PORCENTOAGRO)

A última palestra da programação foi sobre “Práticas para a Produção Sustentável de Abacates no Cerrado Mineiro”, com Tatiana Cantuarias-Avilés, engenheira agrônoma e pós-doutora do Departamento de Produção Vegetal ESALQ/USP. A pesquisadora destacou o alto valor do bioma Cerrado, mas alertou sobre os riscos presentes, apresentou meios de contornar as dificuldades atuais apostando em sustentabilidade e em práticas mais naturais, para aproveitar todo o potencial e preservar de forma inteligente, porque as perspectivas são as melhores.

Tatiana Cantuarias-Avilés, engenheira agrônoma e pós-doutora do Departamento de Produção Vegetal ESALQ/USP, durante palestra em São Gotardo (Crédito: 100PORCENTOAGRO)
Tatiana Cantuarias-Avilés, engenheira agrônoma e pós-doutora do Departamento de Produção Vegetal ESALQ/USP, durante palestra em São Gotardo (Crédito: 100PORCENTOAGRO)

Durante os encontros, a Diretoria Técnica da Associação Abacates do Brasil (AAB) apresentou o boletim técnico deste mês, reunindo informações científicas sobre monitoramento de pragas e doenças. A publicação foi produzida pela bióloga Grazielle Furtado Moreira e revisada pela Diretoria Técnica da AAB. O trabalho teve apoio da Assogotardo.

Baixe o Boletim Técnico da Associação Abacates do Brasil

Conhecimento chegando aos produtores

Hugo Shimada, produtor rural e um dos dirigentes da Assogotardo, disse que os encontros desta quinta-feira cumpriram seu objetivo de entregar aos produtores conhecimento de qualidade. “Alcançamos todas as dimensões das cadeias produtivas e conseguimos movimentar o comércio de São Gotardo e região. Ou seja, não apenas o agro é beneficiado, mas toda a comunidade”.

Para Hugo Shimada, o fato de reunir palestrantes de alto nível como a Assogotardo facilita para o produtor transformar conhecimento em ações práticas na fazenda. “A maioria dos palestrantes são consultores conhecidos nossos, e conseguem aliar muito bem a parte teórica, das universidades, com a realidade do produtor rural. Esse é o nosso principal ganho”, conclui.