
Auxílio técnico especializado e implantação de técnicas agrícolas são fundamentais para reduzir danos
As mudanças climáticas têm imposto desafios significativos ao agronegócio brasileiro, especialmente à cafeicultura, setor vital para a economia nacional. Em 2024, produtores enfrentaram adversidades climáticas que afetaram diretamente a produção de café, exigindo adaptações e estratégias para mitigar os impactos negativos.
Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) indicam que, em 2024, diversas regiões do Brasil registraram temperaturas acima da média histórica. No inverno de 2024, por exemplo, Brasília apresentou uma temperatura média de 21,2°C, superior à média sazonal de 20,6°C. Além disso, a estação foi marcada pela ausência de chuvas, caracterizando um período de seca severa.
A previsão climática para janeiro de 2024 já indicava a persistência de condições de déficit hídrico e aumento da evapotranspiração devido às altas temperaturas, afetando diretamente a disponibilidade de água no solo e, consequentemente, as culturas agrícolas.
Impacto na produção cafeeira em Minas Gerais
Minas Gerais, principal estado produtor de café do país, sofreu impactos significativos devido às adversidades climáticas. Estima-se uma redução de 11,6% na safra de 2025 em relação ao ciclo anterior, com a colheita projetada em 24,8 milhões de sacas, contra 28 milhões no período anterior.
Uma pesquisa realizada pelo Sistema Faemg Senar entre 16 de dezembro de 2024 e 20 de janeiro de 2025 revelou que quase 90% dos cafeicultores atendidos pelo Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) em Minas Gerais foram afetados por intempéries climáticas. Do total da área cultivada, 71% sofreram impactos, com destaque para o Cerrado Mineiro, onde 89% das lavouras foram comprometidas, seguido pelo Sul de Minas (76%), Chapada de Minas (66%) e Montanhas de Minas (51%).
Os principais fatores climáticos apontados foram as altas temperaturas médias e o déficit hídrico, resultando em elevada incidência de desfolha, aborto de folhas e comprometimento vegetativo para as safras de 2025 e 2026. “A chuva é essencial para a cafeicultura, mas tanto o excesso quanto a escassez podem ser prejudiciais. Em 2024, um período crítico para a preparação da safra de 2025, a falta de chuvas nas fases da pré-florada comprometeu o desenvolvimento das lavouras em diversas regiões do estado”, ressalta o presidente do Sistema Faemg Senar, Antônio de Salvo.
Situação no Cerrado Mineiro, Alto Paranaíba, Noroeste de Minas e Triângulo Mineiro
As regiões do Cerrado Mineiro, Alto Paranaíba, Noroeste de Minas e Triângulo Mineiro, reconhecidas pela elevada produção e produtividade na cafeicultura, foram as mais impactadas no estado e enfrentaram desafios acentuados em 2024. A escassez hídrica e as temperaturas elevadas comprometeram a saúde das plantas e a qualidade dos grãos, exigindo dos produtores a adoção de práticas agrícolas mais resilientes e sustentáveis.
“Produtores de regiões mais impactadas devem ficar ainda mais atentos. O manejo agronômico adequado é essencial para reduzir os impactos da seca. Práticas regenerativas, como a cobertura do solo, ajudam a preservar a umidade, enquanto a irrigação garante umidade suficiente para o desenvolvimento das plantas nos períodos críticos”, enfatiza Antônio de Salvo (foto/Faemg).
Nessas localidades, o Sistema Faemg Senar tem atuado em duas frentes: técnica e institucional. Por meio do Programa ATeG, são implementadas medidas corretivas para minimizar os danos às lavouras. No campo institucional, a entidade intervém junto ao governo estadual para viabilizar o apoio da Emater e da Seapa na emissão de laudos de perdas, facilitando a prorrogação de dívidas e o acionamento de seguros. Suporte e auxílio para renegociação de financiamentos junto às instituições financeiras também são promovidos.
Recomendações para os cafeicultores
Diante desse cenário, é essencial que os cafeicultores acompanhem de perto as variações climáticas e busquem auxílio técnico especializado para preservar suas lavouras. Afinal, a união entre conhecimento técnico e práticas sustentáveis permite que a cafeicultura mineira supere os desafios impostos pelas mudanças climáticas e continue a prosperar nos próximos anos.
Diante desse cenário, é essencial que os cafeicultores se mantenham vigilantes e busquem assistência técnica especializada. Práticas de manejo adequadas, escolha criteriosa do momento de plantio e técnicas específicas de colheita podem mitigar os impactos e preservar a produtividade das lavouras.