No dia nacional do alho, produtores combinam trabalho e expectativas esperando apoio do governo e cuidando do plantio de mais uma safra. Maior desafio é concorrência do alho importado
O dia 19 de abril é o Dia do Alho em diversos países, inclusive no Brasil. Santa Catarina é considerado o berço nacional da cultura, na região de Curitibanos. O estado é referência em produção e pesquisa na cadeia produtiva da olerícola. Minas Gerais, por sua vez, é o maior produtor de alho do Brasil, com mais de 8 mil hectares de área plantada, notadamente na região de São Gotardo.
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História de 5000 anos
O alho (Allium sativum L.), uma hortaliça rica em amido e substâncias aromáticas de alto valor condimentar, tem uma história de cultivo que remonta a mais de 5000 anos. Originário da Ásia Central, o alho foi introduzido no Ocidente através de plantações na costa do Mar Mediterrâneo e chegou ao Brasil com os portugueses na época do descobrimento.
Durante mais de quatro séculos, o alho foi cultivado em pequenas quantidades em quintais familiares no Brasil. Em meados do século XX, o cultivo começou a se expandir, ganhando importância econômica.
Hoje, o Brasil é um dos países com o maior consumo per capita de alho, aproximando-se de 1,5 kg por habitante por ano. No entanto, a produção interna é baixa, embora crescente. O país ainda depende do alho importado.
Para atender à grande demanda, o Brasil tem importado grandes quantidades de alho, principalmente da China e Argentina, onde há subsídios inexistentes por aqui, prejudicando o produtor nacional.
Apesar dos avanços tecnológicos na produção de alho, incluindo a mecanização da maioria dos tratos culturais e da colheita, a racionalização da irrigação, o adensamento de plantio, o uso de cultivares de alho nobre, a vernalização e a melhoria na qualidade da semente utilizada, o Brasil ainda está longe de alcançar a autossuficiência na produção de alho.
Representatividade
Por meio de sua entidade nacional, a ANAPA, e de entidades estaduais, como a mineira AMIPA, os produtores de alho estão cada vez mais articulados e organizados. Essas entidades promovem o diálogo com os governos e com agentes políticos nas câmaras de vereadores, assembleias legislativas e Congresso Nacional.
O desafio da vez é a renovação antidumping. Neste ano, o maior desafio é aprovar o pedido de prorrogação do direito antidumping. O prazo final é o começo de junho. A China pratica dumping no mercado brasileiro e a classe defende a prorrogação da Defesa Comercial Brasileira para 3 de outubro de 2025.
Dumping é uma prática comercial que ocorre quando uma empresa exporta um produto a um preço inferior ao que é cobrado no mercado interno do país exportador. Essa estratégia pode ser usada para conquistar mercados estrangeiros ou eliminar excedentes de produção, mas é considerada desleal e prejudicial à indústria do país importador.
O direito antidumping, por sua vez, é um mecanismo de defesa comercial utilizado pelos países para proteger suas indústrias nacionais contra o dumping. Quando há suspeita ou evidência de dumping, uma investigação pode ser iniciada para determinar se a prática está ocorrendo e, em caso afirmativo, medidas antidumping, como tarifas adicionais, podem ser aplicadas aos produtos importados para neutralizar os efeitos prejudiciais do dumping.
Essas medidas estão em conformidade com as regras estabelecidas pela Organização Mundial do Comércio (OMC) e visam garantir uma concorrência justa e equitativa no comércio internacional.