
O crescimento de 35% na procura por produtos orgânicos nos últimos dois anos destaca a crescente busca por uma agricultura mais sustentável no Brasil. A conscientização sobre impactos ambientais e saúde humana tem levado consumidores e produtores a adotarem práticas mais responsáveis e naturais
A construção de uma agricultura sustentável foi tema de destaque da edição de abril de 2025 da Revista 100PORCENTOAGRO, lançada no último dia 16 em Patrocínio (MG). A publicação abordou a mudança nos padrões de consumo e produção de alimentos, impulsionada pela conscientização sobre os impactos ambientais e a saúde humana.
A busca crescente por práticas agrícolas mais responsáveis tem levado produtores a reverem seus métodos e consumidores a optarem por alimentos mais naturais. A agricultura convencional, dependente de fertilizantes químicos, é considerada um dos principais fatores de degradação ambiental. O movimento por práticas sustentáveis é reforçado por políticas públicas e certificações ambientais, ampliando a credibilidade do setor. A reportagem destaca que a transformação ultrapassa o consumo consciente e estabelece um compromisso coletivo entre produção, meio ambiente e saúde.
Fatores como alterações climáticas, uso intensivo de insumos químicos e degradação do solo impulsionam movimentos sociais e organizações não governamentais a pressionarem por mudanças. A educação ambiental também exerce papel importante, favorecendo a adoção de hábitos de consumo mais sustentáveis e fortalecendo mercados locais de produção orgânica. No Brasil, o setor de produtos orgânicos cresceu 35% nos últimos dois anos, com destaque para frutas, hortaliças e grãos, embora o preço ainda seja um desafio para a popularização dos produtos.
Em entrevista, Dona Marlene Rodrigues, de Patos de Minas, destacou: “Eu acredito que o consumo de produtos orgânicos é uma excelente escolha para a saúde e sempre que posso, opto por produtos orgânicos”. Apesar disso, comentou que “nem sempre é fácil optar por eles devido ao preço”. A pesquisa “Panorama do Consumo de Orgânicos no Brasil 2023”, realizada pelo Brain Inteligência Estratégica, indicou que 36% dos entrevistados consumiram orgânicos nos últimos 30 dias em 2023, contra 31% em 2021. Na classe A, o consumo alcançou 41%, na classe B, 44%, na classe C, 38% e nas classes D+E, 21%.
O levantamento também revelou que 48% das pessoas acima de 65 anos consumiram produtos orgânicos nos últimos 30 dias, superando outras faixas etárias. A primeira associação feita pelos consumidores ao ouvir “orgânicos” foi frutas, verduras e legumes (42%), seguidos por saudáveis e naturais (25%). Sobre o preço, 83% consideraram os produtos mais caros, mas 61% acreditam que a diferença é justificada. Redes sociais, sites de busca e programas de televisão lideram como fontes de informação sobre alimentação saudável.
As verduras lideram o ranking dos produtos orgânicos mais consumidos (57%), seguidas pelas frutas (55%) e legumes (44%). Supermercados e feiras locais são os principais canais de compra. Em relação à identificação dos produtos, 47% dos consumidores observam a embalagem e 39% confiam no certificado. A importância do selo de certificação foi reconhecida por 89% dos entrevistados.
Apesar do crescimento na demanda, 54% dos consumidores afirmaram não ampliar o consumo devido ao preço, enquanto 13% citaram a dificuldade de encontrar produtos. O artigo conclui que a combinação de fatores ambientais, sociais e educativos continua a moldar o futuro da agricultura sustentável.