QMA está a um passo de virar patrimônio imaterial da humanidade. Nova portaria visa qualidade e competitividade internacional
Na manhã desta quinta-feira (13/6), o Governo de Minas regulamentou a identidade e a qualidade para a produção do Queijo Minas Artesanal de Casca Florida Natural. O anúncio foi feito pelo vice-governador, Professor Mateus, durante a abertura da sexta edição do Festival do Queijo Artesanal de Minas Gerais, no Expominas, em Belo Horizonte.
A portaria, publicada pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) na terça-feira (12/6), estabelece normas sobre a elaboração do queijo, seguindo as regras de segurança sanitária do IMA. “Os nossos produtores, agora, poderão acessar mercados que antes estavam fechados. A certificação garante não só a segurança sanitária, mas coloca nossos queijos em condição de competição internacional com todos os principais queijos mofados do mundo”, declarou o vice-governador de Minas Gerais.
Professor Mateus informou que, em breve, o Governo de Minas se reunirá com a Unesco para assegurar o reconhecimento do Queijo Minas como Patrimônio Imaterial da Humanidade. “Será o primeiro laticínio do mundo a ser reconhecido como Patrimônio Imaterial da Humanidade. Com isso, nós teremos um mercado internacional sem fim”, enfatizou.
Regulamentação detalhada
Para garantir a qualidade da produção, o documento foi construído com base em pesquisas a partir de amostras de queijos mineiros. O regulamento traz normas relacionadas a análises laboratoriais, fluxograma de produção, temperatura da queijaria, umidade e tempo mínimo de maturação. As exigências são condições para a obtenção do selo de habilitação sanitária junto ao IMA.
Pesquisas realizadas em 2019, 2021 e 2024, por universidades parceiras da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), foram avaliadas e recomendadas pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig). Em 2019, a pesquisa foi encomendada pela Seapa, financiada pelo Sebrae-MG e executada pelo Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). As pesquisas de 2021 foram executadas e publicadas pela Universidade Federal de Lavras (Ufla). Já a pesquisa de 2024 foi realizada pelo Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), de Campinas (SP), em parceria com o Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG) – campus Bambuí.
Thales Fernandes, secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, destacou a importância da publicação: “Minas Gerais sai mais uma vez na vanguarda, porque esse regulamento vai permitir que os produtores registrem esse queijo e possam comercializá-lo em todo território brasileiro”. Fernandes ressaltou que, diferente de outros estados, Minas Gerais prioriza o produto feito com fungo natural, existente nos terroirs locais, proporcionando sabor inigualável ao queijo.
Reconhecimento inédito no Brasil
Atendendo a uma demanda histórica dos produtores de Minas Gerais, o queijo Casca Florida foi reconhecido, em 2022, como uma variedade do Queijo Minas Artesanal. O reconhecimento foi formalizado pela resolução de nº 42, publicada no Diário Oficial do Estado em dezembro daquele ano. A resolução definiu “casca florida” como a cobertura com presença ou dominância visualmente constatada de fungos filamentosos, popularmente conhecidos como mofos ou bolores. Agora, os produtores podem habilitar sanitariamente seu queijo no IMA e vendê-los legalmente.
Patrimônio imaterial da humanidade
Na próxima semana, o governo de Minas Gerais promoverá um importante passo para buscar o reconhecimento do Queijo Minas Artesanal (QMA) como Patrimônio Imaterial da Humanidade. O vice-governador, professor Mateus Simões, partirá para a sede da Unesco, em Paris, onde ocorrerá a última fase de diálogos com a comissão técnica e julgadores. A decisão final será anunciada em dezembro.
Para Simões, o reconhecimento do QMA terá impacto significativo na preservação da produção mineira e na valorização do queijo: “Se concretizado, vai agregar um valor à produção como nunca imaginado. Ele será um produto tipo exportação, reconhecido mundialmente como algo exclusivo, único. É fundamental reconhecer que nossa produção agropecuária se destaca não apenas pelos números, mas também pela qualidade e características dos produtos de Minas Gerais.”
O vice-governador também destacou a tradição mineira na produção e consumo de queijo, salientando que o estado consome quase duas vezes mais queijo per capita do que qualquer outro estado brasileiro. Segundo ele, esse consumo reflete apenas os queijos vendidos em supermercados, deixando de fora os consumos diretamente das fazendas, que certamente ampliam esse volume.
Festival do Queijo Artesanal de Minas Gerais
O Festival do Queijo Artesanal de Minas Gerais, em sua sexta edição, é uma oportunidade para troca de experiências e negócios. O espaço contará com cerca de 40 expositores de queijos, doces, cachaça, cafés, mel e geleias. No ano passado, o evento recebeu cerca de 21 mil visitantes, segundo a organização do festival. A programação inclui palestras e seminários técnicos, oficinas de harmonização e votação popular do melhor queijo.
De acordo com dados da Seapa, a comercialização do Queijo Minas Artesanal injeta cerca de R$ 6 bilhões na economia do Estado.