
Alta adesão do público, debates técnicos e presença de instituições como Sebrae, Polícia Militar e Federação dos Cafeicultores marcam evento que uniu cafeicultores e abacaticultores em torno de clima, mercado e tecnologia
Nesta quinta-feira, dia 22 de maio, São Gotardo (MG) se consolidou mais uma vez como polo de conhecimento técnico e inovação no agronegócio ao receber o 17º Encontro de Cafeicultores da Região e o 4º Encontro de Produtores de Abacate. Realizados pela Associação de Apoio aos Produtores Rurais da Região de São Gotardo (Assogotardo), Região do Cerrado Mineiro e Sebrae Educampo, no Parque de Exposições da cidade, os eventos reuniram um público expressivo, formado por produtores rurais, técnicos, pesquisadores e representantes de entidades ligadas ao setor.
A grande presença de público reforçou a relevância de espaços como este para o fortalecimento do agronegócio regional. O interesse demonstrado ao longo de toda a programação confirma que o setor está atento, busca informação de qualidade, troca de experiências e, sobretudo, soluções práticas para os desafios do dia a dia no campo.
Mais uma vez, São Gotardo se destacou como referência regional ao sediar debates de alto nível, característica destacada pelo Presidente da Assogotardo, Mário Yamashita, e pelo Prefeito Municipal, Makoto Sekita. A escolha criteriosa dos temas e a qualidade dos palestrantes colocam o município em posição de liderança na agenda do agro do Cerrado Mineiro. Clima, mercado e tecnologia estiveram no centro das discussões, com abordagens realistas, mas também propositivas.
A abertura da programação técnica contou com apresentação de Gustavo Guimarães, Superintendente da Fundacer, que destacou a parceria entre a Federação dos Cafeicultores do Cerrado e o Sebrae, enfatizando o compromisso coletivo com a melhoria contínua da produção rural. Em seguida, o engenheiro agrônomo e produtor Diego Rigueira Domingos compartilhou sua experiência na implantação de pomares de abacate, defendendo a adoção de tecnologias como caminho para aumentar a produtividade com sustentabilidade.
A analista Naiara Marra falou em nome do Sebrae reforçando o papel da instituição como parceira estratégica do campo. Por meio do programa Educampo, o Sebrae tem promovido a profissionalização da gestão nas propriedades, com foco na eficiência, na valorização do produtor como protagonista e na busca por competitividade em mercados cada vez mais exigentes.
À tarde, o físico e meteorologista Luiz Carlos Baldicero Molion chamou a atenção para as mudanças climáticas que já impactam a agricultura. Segundo ele, os próximos dez anos serão desafiadores, exigindo do setor agropecuário investimentos em manejo estratégico, monitoramento climático constante e tecnologias que aumentem a resiliência das lavouras frente à irregularidade das chuvas e às ondas de calor mais intensas.
A Polícia Militar também marcou presença e apresentou suas ações voltadas para a segurança no campo. Entre os destaques, estão o uso de tecnologias de monitoramento e a ampliação das rondas rurais. O objetivo é oferecer mais tranquilidade para produtores e trabalhadores, inibindo furtos e garantindo a continuidade das atividades com segurança.
Outro ponto alto do evento foi a apresentação dos avanços conquistados pelo Núcleo de Inteligência e Fortalecimento da Cafeicultura (NFIC). Baseada em três pilares: qualidade, produtividade e acesso a mercados diferenciados, a estratégia tem gerado resultados positivos que reforçam a importância do trabalho em rede e sinalizam boas perspectivas para os próximos ciclos.
Fechando a programação técnica, o economista Gil C. Barabach trouxe uma análise detalhada do mercado de café, abordando fatores como a volatilidade dos preços, as tensões no comércio internacional e a crescente valorização de produtos com rastreabilidade e qualidade comprovada. Ele defendeu que o diferencial do Cerrado Mineiro está justamente na organização da cadeia produtiva e na consistência dos seus programas de origem.
O encerramento do dia ficou por conta da apresentação artística “Conversando fiado: 2 mineiros e meio”, com Paulo Araújo, Bruno Berg e Iago Maia.
Eventos deixam lições importantes
A Assogotardo pontuou os encontros com duas palavras fundamentais: otimismo e responsabilidade. A entidade destacou o bom momento que a cafeicultura e a abacaticultura vivem na região, mas alertou para a necessidade de planejamento diante das instabilidades no clima e nas dinâmicas de mercado.
Ao final dos eventos de São Gotardo, a mensagem é clara: diante de um cenário climático imprevisível e de um mercado cada vez mais competitivo, informação, planejamento e inovação se tornam peças-chave. O campo está em movimento — e São Gotardo, mais uma vez, mostrou que está na linha de frente.