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Revista3-8

Safra Mineira de Café é aberta em Araguari com R$ 180 milhões em investimentos e foco em sustentabilidade no Cerrado Mineiro

Credito: Coocacer
Credito: Coocacer

Evento em Araguari reúne lideranças do agro, anuncia R$ 180 milhões em investimentos e destaca iniciativas de descarbonização e regeneração no Cerrado Mineiro

A safra mineira de café de 2025 foi oficialmente aberta nesta quinta-feira (5), em Araguari, no Triângulo Mineiro, com destaque para anúncios de investimentos da iniciativa privada, iniciativas voltadas à descarbonização da produção e fortalecimento da sustentabilidade como diferencial competitivo. A cerimônia foi marcada por articulações entre cooperativas, empresas, produtores e o governo estadual, consolidando o Cerrado Mineiro como polo estratégico da cafeicultura brasileira.

O Armazém da Coocacer, em Araguari/MG, recebeu nesta quinta-feira (5) um dos eventos mais simbólicos da cafeicultura nacional: a Abertura da Safra Mineira de Café 2025. Promovida pela Cooperativa de Cafeicultores da Região do Cerrado (Coocacer), a cerimônia foi acompanhada por lideranças do agronegócio, cooperados, empresas do setor, parlamentares e representantes do governo estadual. Em pauta, a valorização do café do Cerrado Mineiro, novos investimentos e estratégias para uma produção mais sustentável e alinhada às exigências do mercado global.

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Durante a solenidade, o vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões, anunciou um investimento de R$ 180 milhões por parte da CJ Selecta, multinacional coreana instalada em Araguari. O montante será destinado à expansão da planta industrial voltada ao processamento de soja para nutrição animal. A ampliação deve elevar o número de empregos diretos de 600 para 660 e manter mais de 2 mil empregos indiretos. “Durante muitos anos, tratamos o agro em Minas como exportador, e a maior parte da riqueza era industrializada fora do Estado. A CJ Selecta rompe essa lógica ao agregar valor aqui, com inovação e geração de empregos”, destacou Simões.

A programação do evento contou ainda com o Fórum Mineiro do Agronegócio Sustentável, que abriu espaço para debates sobre o futuro do agro e seus desafios globais. No painel “Lideranças do Agronegócio: o futuro do Brasil e a política global”, mediado pelo próprio vice-governador, o ex-ministro da Economia Paulo Guedes defendeu o papel do Brasil como protagonista da produção sustentável. A conversa reuniu nomes como os deputados federais José Vitor e Raul Belém, o presidente da Fundaccer, Francisco Sérgio de Assis, e o CEO da Expocacer, Simão Pedro de Lima.

Veja fotos disponibilizadas pela Coocacer e assista a cerimônia de abertura no canal da organização.

Para Simão Pedro, a experiência foi uma oportunidade de mostrar como o cooperativismo vem liderando transformações significativas. “Conversamos sobre economia global, agricultura sustentável e os ativos ambientais que podem colocar o Brasil na liderança mundial do agro sustentável”, afirmou. Ele também elogiou a condução do evento pela Coocacer, sob a liderança de Eliane Cristina Barbosa Cardoso, diretora executiva da cooperativa.

A Expocacer, cooperativa exportadora da região, também esteve presente com estande próprio, onde apresentou os avanços do seu protocolo de sustentabilidade ECO by Expocacer, além dos cafés especiais da região e o protagonismo de seus cooperados. Como patrocinadora diamante do evento, a cooperativa reforçou seu posicionamento em rastreabilidade, qualidade e impacto positivo.

Um dos marcos da cerimônia foi a assinatura de parceria entre a Coocacer e a Yara Brasil para o desenvolvimento de um modelo de café de baixo carbono no Cerrado Mineiro. A ação inclui o uso de fertilizantes com até 90% menos emissões — classificados como “lower carbon” — além de ferramentas digitais e suporte técnico personalizado. A proposta integra o portfólio Yara Climate Choice™, que reúne soluções sustentáveis para diferentes culturas. “Estamos empenhados em promover o uso de produtos com práticas de menor impacto ambiental, resultando no fortalecimento para cumprirmos, em parceria, nossas metas de descarbonização”, declarou Eliane Cristina.

No mesmo dia, celebrado mundialmente como o Dia do Meio Ambiente, o painel “Sustentabilidade como Diferencial de Mercado” reforçou a importância da preservação e do uso responsável dos recursos naturais como estratégia de mercado. O presidente do Consórcio Cerrado das Águas (CCA), Marcelo Urtado, apresentou o Corredor Regenerativo, iniciativa que conecta áreas produtivas e de conservação para formar paisagens mais resilientes às mudanças climáticas.

Também participaram do painel Juliano Tarabal, diretor executivo da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, e Vitor Luís, consultor de sustentabilidade da NKG Stockler. As três instituições são associadas ao CCA e atuam com foco em fortalecer uma cafeicultura regenerativa. “Foi um diálogo essencial, em um dia que nos inspira a seguir cultivando soluções para um futuro mais sustentável”, declarou o consórcio em nota.

Outro destaque da programação foi o Encontro Mulheres do Agro Sustentável do Cerrado Mineiro, que promoveu debates sobre a presença e o papel da mulher no campo, dentro de um cenário cada vez mais voltado à inovação e à responsabilidade socioambiental. O evento foi encerrado com happy hour e apresentação do cantor Renato Teixeira.

A safra mineira de café deste ano deve atingir 24,8 milhões de sacas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com redução de 11,6% em relação à safra passada. A área plantada também encolheu, passando para pouco mais de 1 milhão de hectares. Mesmo diante desse cenário, os líderes do setor se mostraram confiantes na valorização do produto, especialmente diante das iniciativas de sustentabilidade, rastreabilidade e agregação de valor no mercado internacional.