
Segundo levantamento da Conab, em 2025, a safra deve ser 116% menor
As mudanças climáticas seguem afetando a produção cafeeira em Minas Gerais, com previsão de queda significativa na safra de 2025. Segundo estimativas do 1º Levantamento da Safra de Café da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a colheita mineira deverá atingir 24,8 milhões de sacas, representando uma retração de 11,6% em relação ao ciclo anterior, quando foram produzidas 28 milhões de sacas. Além disso, a área cultivada também apresentará queda de 2,4%, totalizando pouco mais de 1 milhão de hectares.
Um dos principais fatores que afetam a produtividade, segundo o Secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Thales Fernandes, é a recente mudança climática. “As lavouras passaram por ondas de calor intensas, irregularidade de chuvas e escassez hídrica nos meses que antecederam a floração, fatores prejudiciais ao rendimento da produção. Além disso, este é um ano de bienalidade negativa, o que naturalmente resulta em menor volume de colheita”, explica.
Para minimizar os impactos da estiagem e das oscilações do clima, algumas cooperativas cafeeiras têm reforçado o apoio aos produtores. Iniciativas como orientação para manejo mais eficiente da água, técnicas de sombreamento e adoção de variedades mais resistentes têm sido estimuladas entre os cooperados. Os produtores rurais também contarão com um aporte financeiro de R$ 96 milhões por meio da linha Funcafé, disponibilizada pelo Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). Com isso, o volume total de crédito para a safra 2024/2025 chegará a R$ 330 milhões, um aumento de 40% em relação ao ciclo anterior. Os recursos serão destinados à comercialização, compra e venda e capital de giro, beneficiando produtores, cooperativas e empresas do setor.
Atuação no Cerrado Mineiro
A Expocacer tem desempenhado um papel fundamental na adoção de práticas sustentáveis para mitigar esses efeitos. “Questões climáticas são variáveis independentes, pois não temos controle sobre elas. Infelizmente, nos últimos anos, temos acompanhado condições desfavoráveis à cafeicultura. Embora sejam variáveis independentes, é necessário buscar medidas para mitigar os efeitos danosos na produção”, afirma Simão Pedro de Lima, Diretor-Presidente da cooperativa.
Simão acrescenta que a Expocacer tem incentivado entre seus cooperados o uso racional da água, principalmente através da irrigação por gotejamento, que melhora a absorção hídrica pela planta e reduz a evapotranspiração. “Outra prática estimulada é a cafeicultura regenerativa, que utiliza cobertura vegetal para melhorar a permeabilidade do solo e favorecer o sistema radicular das plantas, além de reduzir a emissão de gás carbônico na atmosfera”, reforça.
Agricultura regenerativa no Sul do estado
A Cocatrel também tem investido em soluções para reduzir os impactos climáticos sobre a cafeicultura. “Quando se fala em fator clima, é uma ameaça fora do nosso controle no quesito gestão. Assim, alguns produtores têm adotado a irrigação, mas essa solução também é limitada devido à disponibilidade hídrica e ao alto custo de implementação”, explica Luiz Eduardo Vilela de Rezende , Vice-presidente da cooperativa (foto/Crédito: Yasmim Cougo dos Santos).
A Coopeativa tem apostado na agricultura regenerativa, melhorando a estrutura do solo com o cultivo de culturas entre as linhas do cafeeiro, o que proporciona maior aeração e melhora a retenção de água. Além disso, a Cocatrel, que atualmente conta com 8.700 cooperados no Sul de Minas, em parceria com o Conselho Nacional do Café (CNC), desenvolve o Programa Produtor de Água, voltado à retenção da água da chuva por mais tempo na propriedade e no lençol freático.
Impulso à economia mineira
Mesmo com a redução da safra, o café segue como um dos motores da economia mineira. Pela primeira vez, o agronegócio superou a mineração em receita de exportações, com o café assumindo papel de destaque. Em 2024, as exportações do produto movimentaram US$ 7,9 bilhões, correspondendo a 46,1% do total comercializado pelo agronegócio mineiro, que somou US$ 17,1 bilhões no período. A alta demanda obrigou os produtores a recorrerem a estoques armazenados em cooperativas e armazéns próprios, evidenciando a importância do setor para a economia do estado.