
POR RODOLFO DE SOUZA — O mercado de bioinsumos no Brasil continua em ascensão, consolidando-se como uma das principais tendências na agricultura sustentável. Durante a safra 2023/2024, o segmento registrou um crescimento de 15% em relação à safra anterior, movimentando aproximadamente R$ 5 bilhões.
Os bioinsumos têm ganhado destaque por oferecer soluções sustentáveis e eficientes para o manejo agrícola. O mercado brasileiro registrou crescimento médio anual de 21% nos últimos três anos, quatro vezes mais em comparação ao crescimento médio global. Mato Grosso se posiciona como o principal consumidor, respondendo por cerca de um terço da demanda nacional, evidenciando a relevância do estado no cenário agrícola brasileiro.
Perspectivas: Em escala global, o mercado de bioinsumos foi avaliado entre US$ 13 e 15 bilhões em 2023. Estima-se que o setor atinja US$ 45 bilhões até 2032, com taxas de crescimento anual entre 13% e 14%. Esse avanço é impulsionado pela crescente demanda por culturas como soja, milho e cana-de-açúcar no papel central de popularização dos bioinsumos como alternativa sustentável ao manejo químico tradicional.
Os bioinsumos e a segurança ambiental
Os bioinsumos são produtos, processos ou tecnologias de origem vegetal, animal ou microbiana. Eles promovem interações benéficas no ambiente agrícola, otimizando o crescimento e desenvolvimento de plantas, além de contribuírem para a saúde do solo e o equilíbrio ambiental.
No Brasil há registros do uso de bioinsumos desde 1960 para combater a cigarrinha da cana-de-açúcar e a lagarta da soja. Desde então, a utilização de biopesticidas, biodefensivos e outras soluções de controle biológico tem se expandido significativamente, contribuindo para maior segurança ambiental.
Mercado no Brasil movimenta R$ 5 bilhões. Setor global deve alcançar US$ 45 bilhões até 2032, impulsionado por sustentabilidade
Esses produtos são eficazes mesmo em pequenas quantidades, apresentam rápida decomposição e possuem alta seletividade, o que reduz impactos negativos ao meio ambiente. Além disso, os bioinsumos podem ser integrados ao manejo químico, maximizando a eficiência de ambos os métodos. Essa integração fortalece o Manejo Integrado de Pragas (MIP), oferecendo maior proteção às culturas, ao mesmo tempo que reduz os efeitos adversos sobre o solo, a água e a biodiversidade.
Transformação sustentável: o crescimento do mercado de bioinsumos reflete uma transformação mais ampla na agricultura brasileira, marcada pela busca por práticas mais sustentáveis e pelo alinhamento com demandas globais por maior responsabilidade ambiental.
Essa mudança também é motivada pela conscientização crescente dos consumidores, que têm valorizado produtos provenientes de cadeias produtivas mais limpas. Como resultado, os produtores estão investindo cada vez mais em soluções biológicas para atender a essas novas demandas.
Desafios e oportunidades: apesar do crescimento expressivo, o mercado de bioinsumos ainda enfrenta desafios importantes. Entre eles estão a necessidade de maior capacitação técnica dos produtores, a ampliação do acesso a tecnologias e produtos, e a garantia de regulamentações que favoreçam o desenvolvimento do setor.
No entanto, o potencial de crescimento é inegável. A estimativa de triplicar o valor de mercado global até 2032 demonstra que a integração de soluções biológicas à agricultura está longe de ser um movimento passageiro. Com o Brasil liderando o consumo em várias categorias, o país se posiciona como referência na adoção de práticas agrícolas que promovem produtividade com responsabilidade ambiental.
Os bioinsumos representam um alicerce importante para o futuro da agricultura, permitindo que os agricultores combinem eficiência econômica com práticas mais equilibradas em termos ambientais. À medida que tecnologias avançam e o mercado amadurece, a expectativa é que o setor continue a atrair investimentos e a impulsionar transformações significativas no campo.
No cenário nacional e internacional, o Brasil se apresenta como protagonista nesse mercado em ascensão, consolidando sua posição como líder em soluções sustentáveis para o manejo agrícola. O futuro do setor, que alia inovação e sustentabilidade, não só reforça a importância dos bioinsumos, mas também aponta para um modelo agrícola mais responsável e integrado às demandas do século 21.