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Logística portuária impõe desafios ao setor cafeeiro e gera prejuízo milionário em 2024

Imagem de Couleur por Pixabay
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Entraves logísticos nos portos brasileiros causaram prejuízo de R$ 11,93 milhões aos exportadores de café em novembro. Infraestrutura deficiente impacta receitas

Os entraves logísticos nos portos brasileiros causaram prejuízo expressivo aos exportadores de café em 2024. Apenas no mês de novembro, os custos extras com armazenagens adicionais, detentions, pré-stacking e gates antecipados somaram R$ 11,930 milhões, segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Além disso, 1,615 milhão de sacas de 60 kg – o equivalente a 4.895 contêineres – permaneceram acumuladas nos portos sem embarque até o penúltimo mês do ano.

Com um preço médio Free on Board (FOB) de exportação de US$ 290,66 por saca de café verde e o dólar cotado a R$ 5,8065 em novembro, o Brasil deixou de receber US$ 469,53 milhões (R$ 2,726 bilhões) em receitas cambiais nos primeiros 11 meses de 2024 devido ao não embarque das sacas.

Impactos e desafios: de acordo com Eduardo Heron, diretor técnico do Cecafé, o setor enfrenta gargalos significativos em função do aumento das exportações de diversos produtos que utilizam contêineres e da falta de infraestrutura adequada nos portos brasileiros. “Os entraves na logística e os prejuízos acumulados por nossos exportadores externam que os principais portos brasileiros para exportação de café e demais cargas que demandam contêineres não acompanharam a evolução do agronegócio no país, sendo nítida a falta de infraestrutura portuária adequada”, afirmou Heron.

Heron destaca a necessidade de maior capacidade de pátio e berço, melhores condições de rodovias, ferrovias e hidrovias, além do aprofundamento de calados para receber embarcações de maior porte. “A infraestrutura portuária brasileira vem apresentando sinais de esgotamento e é emergencial a ampliação de investimentos”, acrescentou.

Cenário crítico: dados do Boletim Detention Zero (DTZ), da startup ElloX Digital, apontam que, em novembro, 66% dos navios – 200 de um total de 304 porta-contêineres – enfrentaram atrasos ou alterações de escalas nos principais portos brasileiros. O Porto de Santos, responsável por 67,6% das exportações de café até novembro, teve índice de 78% de atrasos, impactando 125 das 160 embarcações previstas. O maior tempo de espera no porto santista foi de 68 dias. Já no complexo portuário do Rio de Janeiro, que respondeu por 28,2% dos embarques de café, 61% das embarcações sofreram atrasos, com intervalo máximo de 53 dias entre o primeiro e o último deadline.

Apenas 9% dos embarques no Porto de Santos em novembro tiveram mais de quatro dias de gate aberto, enquanto 44% operaram com menos de dois dias. No Rio de Janeiro, 13% dos procedimentos tiveram prazos superiores a quatro dias, e 63% ficaram abaixo de dois dias.

Esforços e perspectivas: apesar do cenário desafiador, o Brasil registrou recorde de exportações de café em 2024, com 46,4 milhões de sacas embarcadas até novembro, superando o recorde anterior de 44,7 milhões de sacas em 2020. Heron atribui o feito ao trabalho incansável das equipes de logística dos exportadores e ao empenho dos terminais portuários. Contudo, Heron avalia que os números poderiam ser ainda melhores com infraestrutura portuária mais eficiente.

Heron também destacou o anúncio do leilão do Tecon Santos 10 e dos investimentos previstos pela Autoridade Portuária de Santos (APS). Segundo Heron, essas medidas são positivas, mas ainda há muito a ser feito. “Precisamos seguir trabalhando de forma conjunta e colaborativa, através de diálogo permanente com todos os elos do comércio exterior e autoridades públicas, para dar celeridade aos processos de planejamento e execução”, concluiu.