
Ministro da Agricultura e Pecuária afirmou, na abertura do Congresso Internacional Alasa, que medida pode ampliar recursos e dar previsibilidade ao setor
Na abertura do Congresso Internacional da Associação Latino-Americana para o Desenvolvimento do Seguro Agrícola (Alasa), nesta terça-feira (8) em Brasília (DF), o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, defendeu a criação de uma linha de crédito dolarizada como alternativa para ampliar os recursos do Plano Safra 2025/2026. O evento termina amanhã (10), e reúne representantes de diferentes países para debater políticas públicas relacionadas ao seguro rural e à sustentabilidade do financiamento agrícola na América Latina.
A declaração foi feita diante de uma plateia composta por autoridades, especialistas e representantes do setor produtivo. Segundo Fávaro, a dolarização dos recursos representa um passo estratégico para oferecer mais previsibilidade aos produtores rurais e mitigar os efeitos das oscilações cambiais, que impactam diretamente os custos de produção no Brasil. “A dolarização dos recursos é fundamental para garantir a estabilidade necessária ao financiamento da safra”, afirmou o ministro.
A proposta está sendo estruturada com base em modelos já adotados por outros países exportadores de commodities agrícolas
O atual Plano Safra disponibiliza R$ 220 bilhões para crédito rural. De acordo com Fávaro, o objetivo do governo federal é superar esse volume no próximo ciclo, ampliando a capacidade de financiamento da produção agropecuária brasileira. “A expectativa é de um aumento significativo nos recursos disponíveis, passando dos atuais R$ 220 bilhões para um valor superior, a ser detalhado nas próximas etapas de negociação”, disse.
A proposta está sendo estruturada com base em modelos já adotados por outros países exportadores de commodities agrícolas, onde os produtores têm acesso a linhas de crédito atreladas ao dólar. Para Fávaro, essa medida pode proporcionar melhores condições para a aquisição de insumos, maquinários e serviços essenciais, reduzindo o impacto da variação cambial sobre o planejamento financeiro das propriedades. “A medida visa proteger os produtores contra oscilações cambiais, proporcionando condições mais estáveis para o financiamento de insumos e maquinários”, reforçou.
Além da dolarização, o ministro destacou a importância de consolidar parcerias entre os setores público e privado como forma de ampliar a oferta de crédito rural com agilidade. Segundo ele, a aproximação com bancos, cooperativas e agentes financeiros pode facilitar o acesso dos produtores a recursos mais competitivos, especialmente em contextos de instabilidade econômica. Fávaro reconheceu que ainda há obstáculos para produtores de pequeno e médio porte obterem financiamento em condições adequadas, o que reforça a necessidade de instrumentos complementares.
A proposta de criar uma linha dolarizada será analisada por técnicos do Ministério da Agricultura e discutida em conjunto com a equipe econômica do governo. A expectativa é de que as definições avancem nas próximas semanas, permitindo o anúncio de novas diretrizes antes da divulgação oficial do Plano Safra 2025/2026. O Ministério também avalia os impactos regulatórios e operacionais para viabilizar esse tipo de operação no sistema financeiro nacional.
Durante sua fala, Fávaro reiterou o compromisso do governo em oferecer instrumentos modernos de apoio à produção agrícola. A estratégia de vincular parte dos recursos à moeda estrangeira, segundo ele, atende a uma demanda recorrente dos segmentos exportadores, que operam com margens expostas ao câmbio e à volatilidade dos mercados internacionais.
A proposta apresentada no Congresso Internacional Alasa insere-se num conjunto mais amplo de iniciativas voltadas à modernização do crédito agrícola no Brasil. O governo pretende usar o modelo como ferramenta de estímulo à competitividade do agronegócio, em um cenário em que as margens de rentabilidade estão cada vez mais pressionadas por custos operacionais, clima instável e exigências ambientais.
O tema continuará em debate nos fóruns técnicos e políticos do setor, com a possibilidade de atrair atenção também do Congresso Nacional, especialmente no contexto de discussões sobre o Orçamento da União. Para Fávaro, garantir previsibilidade aos investimentos é essencial para manter o dinamismo do setor agropecuário brasileiro. “Acreditamos na necessidade de modernizar o financiamento rural. Estamos trabalhando para que o próximo Plano Safra represente essa evolução”, concluiu.