
Cerrado Mineiro cresce 160% em certificação de cafés especiais. A região reforça liderança global com qualidade e rastreabilidade
A Região do Cerrado Mineiro (RCM), pioneira na produção de cafés com Denominação de Origem (DO) no Brasil, atingiu um feito marcante em 2024 ao registrar um crescimento de 160% no número de sacas certificadas. Este aumento expressivo, de 115 mil sacas em 2023 para aproximadamente 300.500 sacas, reafirma o papel da região como referência mundial na produção de cafés especiais de origem controlada.
O avanço reflete os esforços consistentes da Federação dos Cafeicultores do Cerrado em promover qualidade e autenticidade, garantindo aos compradores produtos rastreáveis e de alto valor agregado.
Para Juliano Tarabal, diretor executivo da Federação, os resultados são fruto de estratégias bem estruturadas que fortaleceram o sistema de certificação e rastreabilidade. “Viabilizamos a certificação de cafés em bica corrida nas cooperativas, instituímos normas que asseguram a certificação para cafés com pontuação acima de 80 pontos e mantivemos a rastreabilidade mesmo em armazéns fora da área demarcada. Além disso, o envio automático de certificados e laudos de qualidade aos compradores aumentou a transparência, atendendo às exigências do mercado internacional. Estamos muito felizes com esse resultado, que demonstra o sucesso da política de DO em entregar um produto diferenciado. Seguimos comprometidos em gerar valor no mercado global e em posicionar o Brasil como um fornecedor de cafés de alta qualidade, apto a atender às demandas mais exigentes”, declarou.
Integração da cadeia produtiva: a RCM possui uma cadeia de custódia bem estruturada, composta por 6 cooperativas, 6 exportadores e 7 armazéns credenciados. Entre as cooperativas estão Carmocer, Carpec, Coopadap, Coocacer, Expocacer e Montecer. Já os exportadores incluem empresas como Cafebras, Nutrade, Dreyfus, Sucafina, NKG Stockler e Volcafe. Essa rede possibilita o controle e rastreabilidade da maior parte da produção da região, fortalecendo a marca Cerrado Mineiro como sinônimo de qualidade.
Gláucio de Castro, presidente da Federação, ressalta que a nova política de Denominação de Origem, implementada em 2024, potencializou a visibilidade do café produzido no Cerrado Mineiro. “Foi a melhor alternativa encontrada para aumentar a visibilidade do café de qualidade produzido na Região do Cerrado Mineiro e valorizar o trabalho dos nossos produtores”.
A verdade é rastreável
A campanha “A verdade é rastreável” também teve um impacto decisivo nesse crescimento, ao conscientizar produtores e consumidores sobre a importância de adquirir produtos com o Selo de Origem e Qualidade da RCM. Essa iniciativa combate o uso indevido da denominação “Cerrado Mineiro” e reforça a autenticidade dos cafés da região.
Crescimento nas exportações e parcerias estratégicas
Entre janeiro e dezembro de 2024, os cafés certificados pela DO Região do Cerrado Mineiro conquistaram espaço em mercados estratégicos. Na Europa, países como Polônia, Grécia, Suécia, Espanha, Alemanha e Itália lideraram as importações. Fora do continente europeu, os Estados Unidos se consolidaram como um dos maiores compradores, enquanto na Ásia, a Coreia do Sul destacou-se devido ao aumento do consumo de cafés especiais e à expansão de cafeterias no país.
No segmento de café torrado, a parceria com a torrefação italiana illy caffè desde outubro de 2023 elevou ainda mais a reputação internacional do Cerrado Mineiro. A linha de café torrado, moído e em grãos, leva o nome da RCM e inclui um selo de agricultura regenerativa, reconhecendo a sustentabilidade e a autenticidade do café produzido na região.
Reconhecimento e sustentabilidade: o Cerrado Mineiro, que abrange 55 municípios e uma área de 234 mil hectares, produz cerca de 6 milhões de sacas de 60 kg por ano, 70% das quais destinadas à exportação. Mercados como Europa, Estados Unidos e Ásia são os principais destinos do café da região, consolidando-a como um “one stop shop” para cafés especiais de alta qualidade.
Ana Cecília Velloso, cafeicultora e embaixadora da Denominação de Origem da RCM, destacou a importância de comunicar a origem controlada ao mercado global. “Para a Fazenda São Luiz Estate Coffee, comunicar ao mundo a nossa origem e contribuir para que o mercado reconheça o valor da origem controlada são prioridades.”
Cleber Ribeiro, presidente da Carmocer, reforçou o impacto do selo de origem: “A conquista da meta de certificação de origem pela cooperativa Carmocer, com cafés pontuados acima de 80 pontos, reforça o compromisso com a valorização da região do Cerrado Mineiro, dos produtos dos cooperados e da marca, fortalecendo a intercooperação.”
Lucas Sanches, gerente de originação de café da Louis Dreyfus Company no Brasil, também compartilhou otimismo com a evolução do selo de DO. “Além de fortalecer a Denominação de Origem do café do Cerrado Mineiro e, consequentemente, a credibilidade do café brasileiro no mundo, o selo está em linha com a nossa estratégia de sustentabilidade para o negócio de Café e com o nosso compromisso de ser um parceiro de confiança para entregar o café responsável aos nossos clientes.”
Terroir único e inovação
Com altitudes entre 800 e 1.300 metros e condições climáticas excepcionais, o Cerrado Mineiro oferece um terroir único que resulta em cafés com notas de caramelo, chocolate, nozes e uma acidez cítrica equilibrada. Desde 2013, o Selo de Origem e Qualidade garante que cada lote certificado atenda aos critérios rigorosos estabelecidos pela região.
Por meio de QR Codes presentes nas embalagens, os compradores podem acessar informações detalhadas sobre a produção, incluindo a história do produtor, características da bebida e a geolocalização da propriedade, fortalecendo a conexão entre os produtores e os consumidores.
Com resultados expressivos e um compromisso contínuo com a qualidade e inovação, a Região do Cerrado Mineiro consolida-se como protagonista no mercado global de cafés de origem controlada, pronta para atender às demandas dos consumidores mais exigentes e fortalecer ainda mais a reputação do café brasileiro.