
POR LORENA MANGABEIRA — Elas cuidam da terra, das contas, dos filhos e das conexões invisíveis que sustentam o bem-estar. As mídias sociais já fazem parte da vida de quem vive e trabalha no campo. Seja para acompanhar os filhos, vender produtos, divulgar a produção ou simplesmente sentir-se mais próxima de quem está longe, essas ferramentas têm ganhado espaço no cotidiano das mulheres do agro.
Na minha própria história, foram as mídias sociais que mantiveram minha conexão com minha família em Belém e foi a forma que eles conseguiram acompanhar o crescimento da minha filha, mesmo morando longe. Para muitas mulheres que acompanho nas mentorias — produtoras rurais, gestoras, parceiras na tomada de decisão nas propriedades —, elas também são janelas que mostram o mundo, mesmo que o tempo para postar ou interagir seja curto. Mas aqui está o ponto central: nas mídias sociais, nem sempre o que se mostra é o que se vive. O glamour das fotos, a rotina “perfeita”, os sorrisos em série podem esconder realidades bem diferentes. E é justamente por isso que precisamos olhar com mais atenção para a diferença entre o que vemos e o que vivemos.
Muitas das mulheres usam as mídias sociais para acompanhar os filhos, seguir perfis do agro, se manterem informadas. Mas poucas usam essas plataformas para se expressar de forma autêntica. E não porque não tenham o que dizer — mas porque nem sempre reconhecem o próprio valor.
Há uma força silenciosa nessas mulheres. Elas organizam planilhas, gerenciam compras, cuidam de gente, decidem rumos da lavoura. Só que, muitas vezes, acham que tudo isso “é normal demais” para ser compartilhado. Mas não é. É potente. É transformador.
Ter redes de apoio — amigas, vizinhas, irmãs de fé — faz diferença real na saúde mental e emocional
Relacionamentos significativos, segundo a Psicologia Positiva, são um dos pilares do bem-estar. Modelos como o PERMA e o SPIRE reforçam isso. Ter redes de apoio — amigas, vizinhas, irmãs de fé — faz diferença real na saúde mental e emocional. E, recentemente, inclusive, saíram matérias mostrando a importância dos grupos femininos para a saúde das mulheres.
Nas mídias sociais, a vulnerabilidade vale curtidas. Mas nas redes reais, ela constrói vínculos verdadeiros. Ser vulnerável não é fraqueza: é humanidade. É abertura para trocas sinceras. E quando isso acontece, o campo floresce de outras formas.
O bem-estar pode ser medido dia a dia. Pergunte-se: de 1 a 5, como está o seu nível hoje? Ao fazer diariamente algo que te fortaleça emocionalmente, você começa a criar caminhos neurológicos que sustentam uma mentalidade mais positiva, mais resiliente.
No meu mestrado, estudei um artigo que mostrava como as redes sociais (família, igreja, associações) ajudam as pessoas a se afastarem da precariedade social. Quanto mais vínculos, menor a exposição à vulnerabilidade.
Portanto, fica a reflexão: como estão suas redes sociais? E como as mídias sociais estão servindo — ou limitando — a sua verdade?