Uma das razões é a chegada da estação das águas. Também pesam a redução da oferta e a possível melhora nas exportações
A redução da oferta de animais em confinamento, aliada à melhora das exportações, deve impulsionar os preços do boi gordo, segundo Alberto Pessina, CEO da Agromove. Segundo dados do IMEA, o mercado no Mato Grosso, um dos principais estados produtores de carne bovina do Brasil, trabalhou com uma redução de 4,47% de animais em confinamento em julho de 2023, em comparação com o mesmo mês do ano passado. Essa queda é resultado do aumento dos custos para terminação intensiva de gado, que não foram compensados pela queda nos preços dos grãos.
Além disso, as chuvas que começam a cair com mais intensidade no período da estação das águas ajudam os produtores a reter animais ou distribuí-los melhor, o que também contribui para a redução da oferta.
“Aparentemente temos uma oferta menor daqui pra frente! Estão chegando menos animais para o abate, com a redução do gado terminado nos confinamentos. Outro ponto positivo é que as chuvas estão chegando mais cedo, o que auxilia o produtor a postergar a entrega dos animais no frigorífico. As chuvas possibilitam ao produtor reter animais ou distribuir melhor esse fluxo, reduzindo a oferta e melhorando o preço no mercado”, avalia Pessina.
O CEO da Agromove também destacou que a melhora nas exportações é outro fator que pode contribuir para o aumento dos preços do boi gordo. O Brasil já abriu novos mercados para a carne bovina, como a China e a Arábia Saudita, e a expectativa é que os embarques para esses destinos aumentem nos próximos meses.
“O que falta ainda é uma melhora nas exportações. Talvez vamos sentir essa melhora no fechamento de setembro, após abertura de plantas. Até o momento os embarques ainda estão fracos em relação a 2022”, conceitua Pessina.
No entanto, o CEO da Agromove também alerta para um ponto de preocupação: o desencontro entre oferta e demanda. Se a oferta aumentar e a demanda não aumentar, os preços voltarão a cair.
“Sabemos que existem animais reprimidos que não foram enviados aos confinamentos e que esta melhora nos preços pode voltar a incentivar este movimento. Por outro lado, o atraso na recuperação das exportações pode manter a demanda enfraquecida. Assim, se a oferta aumentar e a demanda não aumentar, os preços voltarão a cair”, conclui Pessina.