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Poderosas! Professoras e alunas comentam interesse feminino pelo agro

Carla Moura (à esquerda), aluna da UFV-CRP, com a Professora Maria Elisa de Sena Fernandes, em entrevista ao 100PORCENTOAGRO
Carla Moura (à esquerda), aluna da UFV-CRP, com a Professora Maria Elisa de Sena Fernandes, em entrevista ao 100PORCENTOAGRO

 

Lista de bilionários do agro publicada pela Forbes tem 48 homens e 13 mulheres. É quase a mesma proporção verificada pelo IBGE em trabalhos no campo, onde as mulheres ocupam 19% dos postos. Professoras e alunas da UFV e do CESG destacam crescente presença feminina no setor

 

BILIONÁRIAS — A Forbes Brasil divulgou sua lista de bilionários brasileiros de 2023, com destaque para o agronegócio. Dos 61 bilionários ligados ao setor, as mulheres representam 21%, ou seja, 13 das 61 pessoas da lista. Essa proporção está em linha com o número de mulheres que trabalham no campo, que é de apenas 19%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, a soma do patrimônio pessoal das mulheres bilionárias do agronegócio é de R$ 34,5 bilhões, o que representa 17,58% do patrimônio total de R$ 196,2 bilhões do setor. 

Entre as maiores bilionárias do agronegócio brasileiro estão Lucia Borges Maggi, da Amaggi, com um patrimônio de R$ 7,2 bilhões; Marli Maggi, também da Amaggi, com R$ 6,24 bilhões; e Maria Consuelo Leão Dias Branco, da M. Dias Branco (MDIA3), com R$ 5,05 bilhões. Ainda na lista estão Vera Rechulski Santo Domingo, da AB Inbev Bebidas, com R$ 4,8 bilhões; Maria Eugênia Lafer Galvão, da Klabin, RaiaDrogasil e Indústria e Varejo, com R$ 1,81 bilhão; Julia Dora Antonia Koranyi Arduini, da Rumo (RAIL3), com R$ 1,6 bilhão; Izabela Henriques Feffer, da Suzano (SUZB3), com R$ 1,47 bilhão; Márcia Pascoal Marçal dos Santos, da Marfrig (MRFG3), com R$ 1,18 bilhão; Janet Guper, também da Suzano (SUZB3), com R$ 1,15 bilhão; Maria das Graças Dias Branco da Escóssia, da M. Dias Branco (MDIA3), com R$ 1 bilhão; Maria Regina Saraiva Leão Dias Branco Ximenes, também da M. Dias Branco (MDIA3), com R$ 1 bilhão; Ana Beatriz Logemann de Almeida, da SLC Agrícola (SLCE3), com R$ 1 bilhão; e Elizabeth Silva Logemann, também da SLC Agrícola (SLCE3), com R$ 1 bilhão. 

Os homens representam quase 80% dos bilionários do setor do agronegócio. Dos 61 bilionários da lista Forbes Agro, 48 são homens. Juntos, eles somam um patrimônio pessoal de R$ 161,7 bilhões. O agronegócio representa 8% do total dos mais endinheirados do país.

Mulheres cada vez mais presentes

ALTO PARANAÍBA — A presença feminina no agronegócio está aumentando significativamente no Alto Paranaíba e Triângulo Mineiro. O fenômeno ocorre também em outras regiões agrícolas do Brasil. Elas estão ocupando postos em todos os níveis, desde o operacional até os executivos de alto escalão. E esse movimento se dá muito por meio da educação.

Listada entre os maiores polos formadores de mão de obra qualificada do Brasil, a Universidade Federal de Viçosa (UFV) é uma das referências mundiais em agrárias. Com sede em Viçosa (MG), a instituição tem campi também em Florestal e Rio Paranaíba. E é exatamente em Rio Paranaíba que uma iniciativa voltada para o público feminino do agronegócio vem elevando o nível da participação feminina no segmento. Trata-se do Grupo Mulheres Agro UFV-CRP, liderado pela Professora Maria Elisa de Sena Fernandes.

Recentemente, durante a 10ª Feira de Agronegócios do Alto Paranaíba (Fenacampo), em entrevista ao vivo e exclusiva ao podcast 100PORCENTOAGRO, Maria Elisa comemorou o despertar da mulher para o agronegócio, mas disse que ainda há coisas para mudar “… no sentido de nós mesmas nos sentirmos pertencentes ao agro e podermos atuar efetivamente, seja nas fazendas ou nos escritórios. O ideal é nos prepararmos para o mercado”, disse.

Na mesma entrevista, a aluna de Biologia da UFV-CRP, Carla Moura, integrante do Grupo liderado pela Professora Maria Elisa, disse que esse interesse é percebido também dentro das salas de aula, onde cresce a proporção de mulheres e que elas têm professoras e pesquisadoras como referências pessoais e profissionais.

Veja a entrevista completa

Na região, um dos cursos de agronomia mais prestigiados é ofertado pelo Centro de Ensino Superior de São Gotardo (CESG). Coordenado pela Professora Mariana Cecília Melo, o curso também tem um grande número de alunas. Engenheira Agrícola e Ambiental formada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), Mestre em Agronomia (Produção Vegetal) pela UFV-CRP e Doutora em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) na linha de pesquisa Construções rurais, Ambiência e Tratamento de Resíduos, Mariana inspira alunos e alunas.

A coordenadora vê uma busca crescente das mulheres pelo curso de Agronomia, sobretudo por fatores relacionados à igualdade de gênero, que tem incentivado mais mulheres a considerarem carreiras anteriormente dominadas por homens. Na opinião da professora, isso se deve também a “… uma maior conscientização ambiental relacionada à preocupação com a sustentabilidade na agricultura e na produção de alimentos. A própria agricultura moderna, que envolve tecnologia e ciência, tem tornado esse segmento mais atraente para um público diversificado, incluindo as mulheres”.

Segundo Mariana Cecília, nas salas de aula do CESG, atualmente, a proporção é de quase 50% entre homens e mulheres.

A estudante do segundo período de Agronomia do CESG, Ingryd Thaynah, diz que seu sonho é contribuir para a revolução sustentável na agricultura, integrando tecnologia no campo para maximizar a produção de alimentos de forma responsável e eco-friendly. “Quero aplicar práticas inovadoras que otimizem o uso dos recursos naturais, promovam a agricultura de precisão e garantam a segurança alimentar para as futuras gerações”.

Ingryd Thaynah (de azul) e Ister Lauanny da Silva Souto, alunas do segundo período de agronomia do CESG
Ingryd Thaynah (à esquerda) e Ister Lauanny da Silva Souto, alunas do segundo período de agronomia do CESG

Já a acadêmica Ister Lauanny da Silva Souto, também do segundo período de Agronomia do CESG, sonha integrar ainda mais tecnologia, sustentabilidade e qualidade no âmbito do agronegócio, ser reconhecida no trabalho e contribuir para aumentar o empoderamento feminino no segmento.

Numeros do IBGE confirmam o crescente interesse feminino pelas ciências agrárias em todo o País. De acordo com dados do Censo da Educação Superior de 2019, divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), as mulheres representam 52,4% dos estudantes de graduação em ciências agrárias no Brasil.