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Revista3-8

Plano Safra 2025/2026 prevê R$ 516,2 bilhões e já recebe críticas por juros elevados e cortes em investimentos

Foto: O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, durante o lançamento do Plano Safra 2025/26, no Palácio do Planalto. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Foto: O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, durante o lançamento do Plano Safra 2025/26, no Palácio do Planalto. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Governo lança maior Plano Safra da história, mas Tereza Cristina alerta para taxas de até 14%, queda nos investimentos e baixa execução orçamentária

O governo federal anunciou nesta terça-feira, 1º de julho, o Plano Safra 2025/2026. Lançado no Palácio do Planalto, o programa prevê R$ 516,2 bilhões em crédito para a agricultura empresarial, com foco em sustentabilidade, modernização e infraestrutura no campo. Antes mesmo do detalhamento completo das medidas, a senadora Tereza Cristina (PP/MS) alertou para os juros altos, a redução nos investimentos agropecuários e a execução limitada dos recursos prometidos no ciclo anterior.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o objetivo é maximizar os impactos econômicos, sociais e ambientais da política agrícola. “Queremos elevar ao máximo os ganhos que esses recursos podem gerar para os empresários, para a sociedade e, sobretudo, para o nosso país. Nosso objetivo é consolidar o papel do Brasil como celeiro do mundo”, disse Lula, ao destacar a importância da sustentabilidade e da inovação para ampliar a competitividade internacional.

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, ressaltou o esforço do governo diante das restrições fiscais. “Mesmo com todas as dificuldades, entregamos o maior Plano Safra da história. Fizemos um esforço enorme para preservar o acesso ao crédito, estimular a produção e aquecer a economia. Esse volume de recursos vai impulsionar uma supersafra e garantir o abastecimento de alimentos no mercado interno”, afirmou.

Crédito rural, investimentos e foco ambiental: Do total previsto, R$ 415 bilhões serão direcionados às operações de custeio e comercialização, um acréscimo de R$ 13 bilhões em relação ao ano anterior. Outros R$ 102 bilhões estão reservados para investimentos em infraestrutura produtiva, alta de 51% sobre o ciclo anterior. Operações com juros controlados somam R$ 114 bilhões, crescimento de 23%.

O Programa RenovAgro, voltado à produção de baixa emissão de carbono, passa a financiar também ações de prevenção a incêndios, reflorestamento e recuperação de áreas protegidas. Produtores que adotarem essas práticas terão redução de 0,5 ponto percentual nas taxas de juros. A linha de financiamento para construção de armazéns de até 12 mil toneladas terá taxa de 8,5% ao ano, com R$ 8,2 bilhões disponíveis.

Os programas Moderagro e Inovagro foram unificados, o que proporciona maior flexibilidade para modernização tecnológica, irrigação e armazenagem.

Apoio ao médio produtor e ao setor do café: O limite de renda anual para enquadramento no Pronamp foi elevado de R$ 3 milhões para R$ 3,5 milhões, ampliando o alcance do programa. No setor cafeeiro, o Funcafé contará com R$ 7,2 bilhões, valor recorde. Beneficiários do Pronaf e do Pronamp também terão acesso ao fundo, mesmo com contratos ativos no Plano Safra.

Gestão de risco e previsibilidade no financiamento: A partir de agora, todas as operações de custeio agrícola precisarão seguir o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), independentemente do valor contratado. A medida amplia a exigência técnica que antes se aplicava apenas a contratos de até R$ 200 mil no Pronaf.

Outra mudança importante é a permissão para financiar insumos adquiridos até 180 dias antes da formalização do crédito, como rações, suplementos e medicamentos. Também haverá incentivo à produção de sementes e mudas de essências florestais e culturas de cobertura.

Expectativas para a próxima safra e impacto econômico: A estimativa do governo é de safra superior a 1,2 bilhão de toneladas, com impactos sobre o abastecimento interno, exportações e estabilidade de preços. A expectativa é de mais de 500 mil contratos formalizados ao longo do ciclo.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou a relação entre política agrícola e inflação. “Nós vamos ter uma deflação de alimentos, como aconteceu no mês passado. A previsão da Secretaria de Política Econômica é de que as coisas estão voltando rapidamente ao normal. Nosso plano de voo está mantido”, afirmou.

Críticas da senadora Tereza Cristina: juros, cortes e execução

Logo após o anúncio, a senadora Tereza Cristina publicou críticas contundentes à nova edição do plano em seu perfil no X. Segundo ela, as taxas de juros são elevadas demais e parte relevante dos recursos prometidos sequer chega ao produtor.

“Como esperado, os juros do Plano Safra bateram lá em cima: acabam de ser anunciadas no Palácio do Planalto linhas de crédito com juros de até 14%! E caíram em mais de 5% os financiamentos para investimentos nas atividades agropecuárias, que estão sim prejudicadas”, escreveu.

Ela também contestou o crescimento real dos recursos anunciados. “No geral, cresceu apenas 1,5% o volume total de recursos prometidos para a safra 2025/2026 – que, sabemos, não serão integralmente liberados. Como já mostrei, somente 70% do prometido para a safra 24/25 foi efetivamente desembolsado até maio. Os números da execução orçamentária não mentem!”, declarou.

Tereza Cristina responsabilizou o governo federal pela alta da taxa básica de juros. “A gastança do Governo Lula 3 prejudicou o trabalho do BC no controle da inflação – por isso chegamos à Selic de 15%. Esse sim um terrível recorde histórico!”, finalizou.