O segmento impulsiona a produtividade rural, aumentando renda e gerando empregos. Sua atuação também contribui para a redução da pobreza
A presença das cooperativas de crédito tem demonstrado um impacto relevante no desenvolvimento econômico e social das cidades brasileiras, especialmente nas regiões onde a economia gira em torno do agronegócio, como é o caso do Cerrado Mineiro. Um estudo realizado pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisa Econômica (Fipe), identificou resultados expressivos no aumento da produtividade agrícola e na geração de empregos. O levantamento “Impacto do Cooperativismo de Crédito para o Desenvolvimento Econômico e Social no Brasil” analisou o período de 2018 a 2023, destacando os efeitos positivos dessas instituições sobre a agropecuária e a economia em geral.
Um dos dados mais significativos revela que, nas regiões com atuação de cooperativas de crédito, o incremento na produtividade agrícola foi de R$ 1.371 por hectare plantado. Esse aumento está diretamente relacionado à oferta de crédito em condições mais adequadas à realidade local, permitindo que produtores rurais tivessem acesso a recursos financeiros essenciais para expandir suas operações.
No setor da pecuária, os resultados são igualmente impressionantes. O valor da produção animal cresceu R$ 224,80 por hectare nos municípios que contam com cooperativas de crédito, um aumento de 42,5% em relação à média nacional. Essa melhoria também pode ser observada nos rebanhos de suínos e aves. A densidade de suínos foi 28,1% superior à média nacional, com 72,3 cabeças por mil hectares. Já a criação de frangos apresentou um crescimento de 36,8%, alcançando 3.469 cabeças por mil hectares.
As cooperativas de crédito não apenas fortalecem a produção local, mas também ampliam a participação das cidades no mercado internacional. Municípios com a presença dessas instituições registraram um aumento de US$ 544,40 no valor das exportações por habitante, o que representa 44,4% acima da média brasileira. Embora o estudo não tenha detalhado o impacto nas exportações exclusivamente agrícolas, os números gerais ilustram o papel significativo dessas cooperativas na economia regional.
Rodrigo Rangel, analista de Estudos Econômicos do Núcleo de Inteligência e Inovação do Sistema OCB, ressalta que o diferencial das cooperativas de crédito está na sua capacidade de personalizar o serviço de acordo com as necessidades locais.
Rangel também destaca a origem dessas cooperativas, que frequentemente surgem em resposta à demanda dos próprios produtores rurais. “Quando a gente fala de cooperativismo de crédito e Agro, existe uma relação muito intrínseca porque muitas cooperativas agropecuárias acabaram desenvolvendo uma parte de crédito também”, diz. E completa: “municípios que, a partir do momento que tiveram uma cooperativa de crédito, tiveram um desenvolvimento maior da agropecuária”.
Além dos efeitos no campo, as cooperativas de crédito têm um impacto profundo em aspectos sociais. O estudo identificou que o crédito fornecido por essas instituições ajudou a criar 1,2 milhão de empregos, refletindo diretamente no aumento de oportunidades de trabalho nos municípios atendidos. No campo educacional, as cooperativas contribuíram para um aumento de 16,5 matrículas no Ensino Superior por mil habitantes, o que representa 24,2% a mais do que a média nacional.
A presença dessas instituições financeiras também está associada à redução da pobreza. Nas cidades atendidas pelas cooperativas de crédito, verificou-se uma diminuição no número de beneficiários de programas sociais, como o Bolsa Família, e uma redução das famílias incluídas no Cadastro Único (CadÚnico).
Esses dados reforçam a importância das cooperativas de crédito no fortalecimento das economias locais e na promoção do desenvolvimento sustentável. Ao fornecer crédito adaptado às realidades regionais, essas instituições não apenas aumentam a competitividade do agronegócio brasileiro, mas também promovem inclusão social e econômica nas comunidades onde atuam.