Cafeicultores e Sebrae Minas lançam “marca território”. Iniciativa evidencia café com características únicas
Em meio às planícies do Oeste de Minas Gerais, nas proximidades das serras da Canastra, Saudade e Salitre, encontra-se o município de Campos Altos. Essa localidade, já renomada pelo cultivo de cafés especiais, está pronta para adentrar o cenário das regiões mineiras produtoras de café de origem com o lançamento de uma marcante estratégia. A Associação dos Cafeicultores de Campos Altos (ACCA) e o Sebrae Minas unem forças para fortalecer a identidade da região e fomentar oportunidades comerciais. O lançamento da “marca território” Região de Campos Altos está agendado para 25 de outubro, com apoio do Sicoob Crediagro e da Cooperativa Agropecuária de Campos Altos (CAPECA).
Situada entre os biomas Mata Atlântica e Cerrado, a Região de Campos Altos desfruta de um relevo montanhoso e altitude média de 1.100 metros, com uma vegetação característica de floresta. Apesar de uma extensão territorial modesta, abrangendo apenas 9,1 mil hectares, a região abriga 15 milhões de pés de café que resultam em uma produção anual de 150 mil sacas de 60 kg.
A combinação de altitude e condições climáticas propícias, com chuvas abundantes, reduz a necessidade de irrigação nas plantações, contribuindo para a sustentabilidade e diminuição dos custos de produção. Segundo Heron Reger, presidente da ACCA, “Comparada a outras regiões do estado, nossas plantações possuem características naturais favoráveis para a produção de cafés especiais, que exigem uma quantidade muito menor de defensivos agrícolas e poda. Com um manejo simples, produzimos um café com sabor que não existe em nenhum outro lugar do mundo.”
Os grãos originários da região se destacam por seus aromas de chocolate, melaço, caramelo e frutas vermelhas, apresentando uma doçura notável com notas de açúcar mascavo equilibradas pela acidez cítrica. A textura é densa e aveludada, com uma finalização prolongada e adocicada.
Além dos fatores naturais, o desenvolvimento da cafeicultura na região recebe um forte impulso do Sebrae Minas, que, ao longo de duas décadas, tem promovido uma série de ações para aprimorar os processos produtivos e elevar a qualidade do café na região. Os cafeicultores locais foram beneficiados com treinamentos, consultorias, palestras e cursos abordando técnicas de cultivo, colheita e pós-colheita, além de capacitação de lideranças e o fortalecimento da governança em parceria com instituições locais como o Sicoob Crediagro.
A plataforma tecnológica Educampo, do Sebrae, desempenhou um papel fundamental, aumentando a produtividade, promovendo práticas sustentáveis e aprimorando a gestão das propriedades rurais. Consultorias em inovação do Ali Rural e a formação de governança na região, através do ATS, destacam a cafeicultura como um importante gerador de emprego e renda.
Esses esforços, apoiados pelo Sebrae Minas, culminaram em uma análise abrangente das características climáticas e geográficas da região, bem como nos métodos de cultivo e colheita locais. Esse estudo deu origem à “marca território” Região de Campos Altos, que visa enaltecer a origem e identidade do território, bem como elevar o café produzido na região a um novo patamar no mercado.
Marcelo de Souza e Silva, presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, expressou: “Mesmo sendo um território de pequena extensão, a Região de Campos Altos tem todo o potencial para estar no topo do mercado de cafés especiais. A ‘marca território’ vai contribuir para unir ainda mais a cadeia produtiva do café na região e gerar senso de pertencimento entre os produtores. Além disso, eleva a reputação da cidade no mercado de café, trazendo investimentos e novos negócios, não só para o município, mas para toda a região.”
Campos Altos é a mais recente região em Minas Gerais a se beneficiar do apoio do Sebrae Minas para o desenvolvimento da cafeicultura local. Essa iniciativa se junta a outras regiões já contempladas, como o Cerrado Mineiro, Matas de Minas, Mantiqueira de Minas, Sudoeste de Minas, Canastra, Chapada de Minas e a Região Vulcânica – sendo as cinco primeiras com a Indicação Geográfica (IG).
O próximo passo, após o lançamento da “marca território” Região de Campos Altos, será o envio de um estudo realizado em parceria com a EMATER ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) para o registro de Indicação Geográfica (IG) na modalidade Denominação de Origem (DO). Este passo reforçará ainda mais a reputação da região no cenário cafeeiro.