O Produto Interno Bruto do setor aumenta significativamente. Minas Gerais bateu recorde de exportações neste começo de ano
O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro deve superar os 10% em 2023. A conclusão está no relatório do Itaú BBA, divulgado na semana passada. O documento apresenta as perspectivas da economia para este mês de março e o restante do ano, partindo de dados do Levantamento Sistemático de Produção Agrícola (LSPA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A economista Natalia Cotarelli, do Itaú BBA, avalia que, mesmo com os impactos do fenômeno La Niña sobre a produção agrícola do Rio Grande do Sul, ocorrerá safra recorde neste ano, com destaque para soja e milho. Depois da quebra forte no ciclo anterior, comprometendo o PIB do ano passado, a alta da soja, agora, deverá superior os 21%
“Pensando no perfil da colheita, a soja é bastante concentrada no primeiro trimestre do ano. Portanto, o produto deve gerar um impacto positivo para a atividade no período. A projeção é de um crescimento de 1% na margem, com ajuste sazonal no PIB do 1º trimestre de 2023, sendo que destes, 0,5 ponto percentual é resultado do PIB do Agro. Já para o milho, a estimativa de crescimento é de 5,1%“, diz a economista.
Também há perspectivas de alta na produção de cana-de-açúcar, algodão e fumo. Entretanto, espera-se uma redução considerável na produção de trigo e arroz, resultado da estiagem no Rio Grande do Sul.
O agronegócio mineiro exportou US$ 1,8 bilhão nos meses de janeiro e fevereiro deste ano. Os embarques somaram 1,4 milhão de toneladas. Este valor registrado no bimestre é o segundo maior resultado da série histórica, desde 1997. Nos primeiros dois meses de 2022, foram alcançados US$ 1,9 bilhão.
Apenas em fevereiro, as exportações mineiras alcançaram US$ 761,8 milhões com 644 mil toneladas embarcadas — redução de 24% no valor e 6% no volume, na comparação com o mesmo mês do ano passado. Parte dessa queda foi consequência da baixa no preço das commodities.
Nos dois primeiros meses de 2023, os produtos agropecuários foram responsáveis por 34% das vendas mineiras para o mercado externo. Cinco dos dez principais grupos de produtos embarcados foram do agro: café, produtos florestais, carnes, complexo soja e complexo sucroalcooleiro.
Apesar do crescimento de 8,1% das exportações no bimestre, houve queda de 8% na receita em comparação com o mesmo período de 2022. Para o superintendente de Inovação e Economia Agropecuária da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Feliciano Nogueira de Oliveira, a retração do preço médio pago pelas commodities em fevereiro influenciou o resultado do bimestre. “Os preços registraram queda em torno de 14%, puxados, principalmente, pelo arrefecimento nas vendas de café. Como se trata do principal item da pauta exportadora do agro mineiro, essa queda influenciou o resultado geral das vendas”, explica.
Os produtos mineiros foram enviados para 145 países. A China foi a principal importadora (22%), seguida pelos Estados Unidos (13%), Alemanha (11%), Itália (6%) e Países Baixos (5%). As vendas foram lideradas pelo café (49,6%) do valor exportado, vindo, a seguir, os produtos florestais (11,5%), carnes (11,4%), complexo soja (11,2%) e complexo sucroalcooleiro (10,9%).
O café rendeu US$ 869 milhões nos dois primeiros meses do ano para a economia mineira, com 3,9 milhões de sacas embarcadas. O total representa queda de 28,3% na receita e de 26,2% no volume, fator explicado pelos preços menos atrativos, o período de entressafra e problemas climáticos.
Os principais compradores do café mineiro nos dois primeiros meses de 2023 foram: Estados Unidos (US$ 183 milhões), Alemanha (US$ 169 milhões), Itália (US$ 72 milhões), Bélgica (US$ 58 milhões) e Japão (US$ 36 milhões).
As exportações de celulose, papel e borracha totalizaram US$ 202 milhões e 252 milhões de toneladas embarcadas, e continuam quebrando recordes, principalmente devido à boa performance das exportações de celulose. A China é a principal importadora de celulose e se destacou na aquisição deste produto.
As vendas externas de carnes somaram US$ 200 milhões, com o embarque de 59 mil toneladas. As vendas das carnes de frango registram US$ 55 milhões, resultando em aumento de 25% na receita e 6% no volume. Os principais compradores foram a China, Emirados Árabes e Hong Kong.
Também tiveram bom desempenho as carnes suínas, com receita de US$ 5,3 milhões e 2,5 mil toneladas, alta de 3,5% no valor e recuo de 1,1% no volume.
Já o segmento das carnes bovinas sofreu redução de preços, com as vendas somando US$ 3 milhões e 29 mil toneladas. A queda foi de 12% no valor, com baixa de 1% no volume em janeiro e fevereiro. No entanto, aumentaram as compras em fevereiro por parte de parceiros comerciais como Arábia Saudita (20%), Emirados árabes Unidos (801%) e Chile (124%).
Os grãos, farelo e óleo de soja alcançaram receita de US$ 195,7 milhões (+11%) e 318 mil toneladas (+0,3%). É esperado um aumento nos preços da commodity, devido ao atraso da colheita e escoamento, a ser revertida nos próximos meses. A campeã de compras continua sendo a China, com aquisição de 72%.
Açúcar, álcool e demais açúcares alcançaram receita de US$ 190 milhões e 414 mil toneladas. É o segmento mais comercializado, representando 82% das vendas. Arábia Saudita, Marrocos e China foram os principais parceiros comerciais.