Exemplo de inovação e tradição, vinhedo utiliza dupla poda desenvolvida pela EPAMIG. Alma Rios produz vinhos finos de alta qualidade
A viticultura é muito ampla e me atraiu não só pela questão do vinho, mas pelo conjunto de situações envolvidas. A declaração do produtor Maurício Rios abre a terceira e última reportagem especial da série “Vinhos do Cerrado”, no 100PORCENTOAGRO. Maurício é o convidado de Bruna Juber e Hellen Morais em um bate-papo no YouTube.
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O vinhedo Alma Rios, localizada em Patos de Minas, é um exemplo de inovação e tradição no Cerrado Mineiro. Utilizando a tecnologia de dupla poda desenvolvida pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), a Alma Rios tem conseguido produzir vinhos finos de alta qualidade, desafiando as expectativas de uma região tradicionalmente conhecida pela olericultura e especialmente respeitada em outros continentes pelos cafés com Denominação de Origem.
A técnica da dupla poda inverte o ciclo produtivo da videira, e a colheita das uvas ocorre no inverno. Com ela, o vinhedo explora o terroir único do Cerrado, caracterizado por um solo arenoso com boa drenagem e uma amplitude térmica significativa entre o dia e a noite. Essas condições são ideais para o cultivo da uva Syrah, que se destacou como a variedade mais adequada à técnica ao longo de quase vinte anos de pesquisa.
O Alma Rios, embora não seja amplamente destacado em portais especializados em vinhos, representa a vanguarda da vitivinicultura no Cerrado, mostrando que a região tem muito mais a oferecer além do café e de outras culturas olerícolas. Maurício Rios é um dos 11 produtores listados pelo engenheiro agrônomo Flávio Bambini, do projeto Educampo Sebrae MG, como os pioneiros do movimento que está colocando o Cerrado Mineiro no mapa do vinho brasileiro, contribuindo para a diversificação e enriquecimento da cultura vinícola do país.
Os vinhos Alma Rios ainda não são vendidos porque se encontram no processo de envase. Em breve, Maurício Rios pretende associar o vinhedo, os animais — que Rios classifica como “zooturismo” —, loja de vinhos e restaurante, além da vinícola. “A ideia é gerar de 20 a 25 empregos. A expectativa é que as pessoas tenham um novo local para conhecer uma cultura nova, em um lugar bonito como lazer nos finais de semana. Vamos ensinar às pessoas o que é o vinho, como ele foi produzido, para que elas entendam que não é só aquilo que está lá na garrafa. Tem todo um processo e uma história por trás”, conclui.