Integração de governança e sustentabilidade no agronegócio aumenta valor e competitividade. Sucessão familiar exige gestão profissionalizada
Patrícia Barroso: Governança Corporativa e Familiar no Agronegócio
Nos últimos anos, a integração de práticas de governança corporativa e sustentabilidade tornou-se uma questão estratégica para empresas familiares no agronegócio. Com as normas internacionais de sustentabilidade emitidas pelo ISSB (International Sustainability Standards Board) da IFRS Foundation, como as IFRS S1 e S2, as organizações precisam gerenciar riscos e oportunidades com impacto direto no EVA e EBITDA, essenciais para sua saúde financeira e competitividade. Essas normas, que abordam a integração de informações financeiras e de sustentabilidade, têm o potencial de influenciar de maneira significativa a gestão de empresas de controle familiar. No contexto do agronegócio, a adoção dessas práticas fortalece a gestão de riscos, o alinhamento societário e otimiza o desempenho econômico das empresas.
A sucessão familiar, especialmente no agronegócio, é um dos maiores desafios enfrentados por empresas de controle familiar. A longevidade de tais organizações depende de uma transição fluida entre gerações, apoiada por governança sólida e uma visão estratégica integrada. Empresas que não integram práticas de governança e sustentabilidade no processo de sucessão muitas vezes enfrentam conflitos internos e queda no desempenho financeiro. Ao olhar para as novas normas ISSB, a governança familiar e corporativa se torna essencial para preparar as empresas para enfrentar as demandas do mercado global, que valoriza cada vez mais práticas sustentáveis e transparentes.
As normas IFRS S1 e S2 incentivam as empresas a reportar riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade, com impacto direto no fluxo de caixa, exigindo uma gestão de riscos robusta. No agronegócio, esses riscos podem envolver desde questões climáticas, como secas e inundações, até a adaptação a novas regulamentações ambientais. Integrar práticas de sustentabilidade no processo de sucessão familiar é fundamental para garantir que a próxima geração de líderes esteja capacitada a gerir esses desafios.
Minha experiência de mais de 15 anos em Governança Corporativa e Familiar, com foco no agronegócio, mostra que empresas familiares que incorporam a gestão estratégica da sustentabilidade não só mitigam riscos, mas também aumentam seu valor percebido no mercado, impactando positivamente o EVA e o EBITDA. A profissionalização da gestão e a adoção de modelos de controle e auditoria, aliados a práticas sustentáveis, maximizam a criação de valor e asseguram a continuidade do legado familiar, contribuindo fortemente para a gestão de riscos e o alinhamento societário.
O alinhamento entre sócios em empresas familiares é outro pilar que se fortalece com a adoção das normas de sustentabilidade. A implementação dessas práticas exige uma governança estruturada, envolvendo todos os stakeholders no processo de tomada de decisão. Isso promove maior transparência e fortalece a coesão entre os sócios, evitando conflitos e garantindo a longevidade do negócio. A profissionalização da gestão, que inclui a criação de comitês de governança e a integração de ferramentas de análise de risco, como as preconizadas pelas normas ISSB, promove uma visão mais clara dos desafios e oportunidades que se apresentam ao negócio.
Minha atuação como consultora para governança corporativa em empresas de controle familiar no agronegócio reforça a importância de alinhar as expectativas de sócios e sucessores. A inter-relação entre família, empresa e sociedade deve ser abordada de forma sistêmica, garantindo que as melhores práticas de governança corporativa sejam implementadas sem comprometer a agilidade e flexibilidade que caracterizam as empresas familiares. O foco em processos estruturados, com controle e auditoria, possibilita que as empresas aproveitem as vantagens de um mercado mais exigente e regulamentado, potencializando a criação de valor adicionado (EVA) e o aumento de EBITDA.
A criação de valor em empresas familiares no agronegócio está diretamente ligada à capacidade de adaptação e inovação. Ao adotar as normas IFRS S1 e S2, as empresas são capacitadas a identificar e mensurar questões materiais relacionadas à sustentabilidade, que afetam tanto o valor econômico quanto o EBITDA. Investimentos em práticas sustentáveis, como o uso eficiente de recursos naturais e a adoção de tecnologias agrícolas limpas, garantem conformidade com regulamentos internacionais e aumentam o valor percebido da empresa por investidores e financiadores. Isso se traduz em um impacto positivo no EVA e na capacidade de geração de caixa, melhorando a rentabilidade e a competitividade do negócio.
Um exemplo prático envolve o descumprimento de normas ambientais, como o desmatamento ilegal ou a contaminação de recursos hídricos, que pode resultar em multas significativas e afetar diretamente o balanço patrimonial da empresa. Esses passivos contingentes impactam o custo de capital, tornando o acesso a financiamentos mais caro e prejudicando a percepção dos investidores sobre a viabilidade do negócio no longo prazo. Ademais, recomendo fortemente que as empresas familiares no agronegócio considerem a contratação de profissionais especializados da área contábil e de ESG (Environmental, Social and Governance), ou consultorias especializadas, que possam ajudar na implementação das normas ISSB e na integração das práticas de sustentabilidade. Essa orientação especializada é essencial para garantir que as empresas estejam preparadas para atender às novas regulamentações de forma eficaz e estratégica, maximizando a transparência e elevando o nível de confiança dos stakeholders, além de reduzir os custos associados ao capital e aumentar a competitividade da empresa.
A implementação adaptada e gradativa das normas de sustentabilidade emitidas pelo ISSB representa uma oportunidade estratégica para empresas familiares no agronegócio. Além de mitigar riscos e melhorar o alinhamento societário, essas normas promovem uma criação de valor tangível, impactando diretamente o EVA e o EBITDA. A integração de governança corporativa e práticas de sustentabilidade, aliada à preparação de sucessores por meio de uma gestão profissionalizada, pode assegurar a longevidade e a competitividade dessas empresas.
Minha experiência em consultoria para governança familiar e corporativa, com foco no agronegócio, tem mostrado que a implementação de modelos de gestão sólidos, baseados em processos estruturados, controle e auditoria, é fundamental para garantir a continuidade dos negócios familiares e maximizar sua criação de valor. Com a intersecção de sustentabilidade, governança e sucessão familiar, o agronegócio brasileiro está em uma posição privilegiada para liderar o mercado global, garantindo a preservação de seu legado e o desenvolvimento econômico sustentável.