
Adversidades climáticas impactam a safra de café em Minas Gerais, elevando preços e preocupações. Chuvas esperadas podem aliviar déficits, beneficiando a produção
A safra de café de 2025 promete ser desafiadora para os produtores, principalmente devido às adversidades climáticas enfrentadas nas regiões cafeeiras de Minas Gerais. É o que revela o Informativo do Café – Março, 2025, do Sistema Faemg Senar. O impacto das altas temperaturas e do déficit hídrico compromete o desenvolvimento dos frutos e pode afetar tanto a produtividade quanto a qualidade do café. O mercado, por sua vez, apresentou oscilações expressivas, com recordes históricos nos contratos futuros e variações significativas nos preços físicos.
O período de floração foi afetado por ondas de calor, situação que persiste em fevereiro, agravada pelo veranico em várias regiões produtoras. Esse cenário prejudica a fotossíntese, compromete a formação dos grãos e aumenta a incidência de frutos chochos e malformados. Além disso, a ausência de chuvas impactou a adubação, tornando o manejo da lavoura ainda mais desafiador.
Em fevereiro de 2025, os contratos futuros de café arábica para março/25 na bolsa de Nova York (ICE Futures US – CFNH25) atingiram o maior pico da história, chegando a US$ 433,4 cents/lb no dia 13. Entretanto, encerraram o mês em queda devido a ajustes de mercado e liquidações de posições. A partir de março, o contrato mais negociado passa a ser o de maio/25, cuja média dos fechamentos em fevereiro foi de US$ 403,63 cents/lb, equivalente a R$ 3.080,11/sc.
No mercado físico, o indicador CEPEA para café arábica tipo 6, bebida dura para melhor, encerrou fevereiro com alta de 2,7%, registrando média mensal de R$ 2.636,34/sc.
As regiões cafeeiras mineiras tiveram valorização nos preços ao longo do mês. A Chapada de Minas obteve a maior alta, 13,8%, com média de R$ 2.730/sc. No Cerrado Mineiro, a média foi de R$ 2.701,67/sc, variação de 5,7%. O Sul de Minas registrou R$ 2.651,96/sc, alta de 4,6%, e, nas Montanhas de Minas, o valor médio foi de R$ 2.610/sc, acréscimo de 1,3%.
As cotações devem se manter entre R$ 2.500/sc e R$ 3.000/sc até a entrada da safra, quando os preços poderão sofrer quedas. Diante da incerteza sobre volume e qualidade da produção, a gestão eficiente se torna essencial. Cuidados com travas e compromissos de entrega antecipada são recomendados, considerando as indefinições climáticas e produtivas.
A ausência de chuvas em fevereiro comprometeu uma das fases mais importantes do cafeeiro, a granação dos frutos, que define rendimento e rentabilidade da safra. O manejo fitossanitário e nutricional exige atenção, incluindo controle de pragas como cercosporiose, broca, bicho-mineiro e ácaros, além da aplicação de nutrientes de forma estratégica.
A partir da segunda quinzena de março, há previsão de retorno das chuvas em Minas Gerais, com volumes acima da média histórica para o Sul de Minas, Campos das Vertentes e Montanhas de Minas. Esse fator pode amenizar os impactos climáticos recentes, mas o monitoramento meteorológico segue essencial.