Os produtores conquistaram a Indicação Geográfica para a cenoura, alho, batata e abacate. Reconhecimento beneficia cerca de 400 agricultores do Alto Paranaíba
A edição de junho da revista “Campo & Negócios: Hortifruti”, publicou reportagem sobre a indicação geográfica conquistada por produtores da Região de São Gotardo. E é assim mesmo que se escreve: com iniciais maiúsculas, porque se trata de uma marca registrada que carrega consigo o atributo de alta qualidade, reconhecido nacionalmente. A reportagem destaca que Minas Gerais é um dos maiores detentores de Indicações Geográficas (IG’s) aprovadas no Brasil, somando oito indicações concedidas pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), atrás apenas do Rio Grande do Sul, com 11 IG’s. Em agosto de 2022, um dos episódios do podcast 100PORCENTOAGRO foi sobre o tema.
As Indicações Geográficas foram criadas em 1996 como ferramentas coletivas de valorização de produtos tradicionais vinculados a determinados territórios. Elas agregam valor ao produto e protegem a região produtora em duas categorias: Indicação de Procedência (IP) e Denominação de Origem (DO).
Para obter a IP, o produto ou conjunto de produtos precisa ser protagonista na região. A IP protege a origem a partir da referência direta ou indireta da origem geográfica e serviços para identificá-los.
No caso da DO, o produtor ou os representantes da região produtora devem comprovar que o território tem condições próprias de produção, tanto no aspecto físico quanto no aspecto humano.
Ou seja, a IP está relacionada diretamente ao país, cidade ou região onde se extrai, produz ou fabrica determinado bem ou serviço; e a DO reconhece o nome daquele território cujo bem ou serviço tem características próprias e exclusivas graças a seu meio geográfico, com seus recursos naturais e humanos.
“Há uma tendência no setor alimentício de conferir a origem dos produtos. Quando a fonte do alimento está mais distante, o consumidor deseja conhecer o processo produtivo, as características da região. É uma forma das pessoas entenderem a história do produto e de quem o produziu”, explica Naiara Marra, analista do Sebrae Minas, citada pela Revista.
Por sua vez, o Gerente da Regional Noroeste e Alto Paranaíba do Sebrae Minas, Marcos Geraldo Alves da Silva, ressalta que “o reconhecimento da marca de território pode favorecer a abertura de novos mercados, agregar ainda mais valor aos produtos e fortalecer os principais elos da cadeia produtiva da região de São Gotardo”.
Em 26 de agosto de 2022, nossa newsletter no Linkedin publicou a informação sobre a concessão do IG para a Região de São Gotardo.
Depois do vinho do Vale dos Vinhedos (RS), em novembro de 2002, e do Café do Cerrado Mineiro, em 2005 — com a Denominação de Origem obtida em 2013, os produtores rurais da Região de São Gotardo conquistaram a Indicação Geográfica em 2022, na modalidade Indicação de Procedência. O INPI reconheceu a IP para a produção de cenoura, alho, batata e abacate, beneficiando cerca de 400 agricultores do Alto Paranaíba.
Além de São Gotardo, a Região de abrangência do IG engloba produtores de Tiros, Matutina, Ibiá, Rio Paranaíba e Campos Altos.
O processo durou oito anos, desde a construção da estratégia de identidade e origem, por meio de um Conselho de 22 produtores, responsável por controlar, proteger e promover a estratégia.
“Trata-se de uma conquista coletiva, após anos de muita dedicação e trabalho”, disse, na época, o Conselheiro da Região de São Gotardo, Jorge Kiryu, em entrevista exclusiva ao 100PORCENTOAGRO.