Sebrae Minas e Governo de MG destacam tradição e valorização cultural. São três séculos de tradição mineira
COM AGÊNCIA SEBRAE
Os “Modos de Fazer” do Queijo Minas Artesanal (QMA) receberam o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco, em reconhecimento ao legado de três séculos de tradição mineira. O anúncio ocorreu durante a 19ª sessão do Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial, realizada em Assunção, Paraguai. A candidatura foi promovida pelo Governo de Minas, através da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa-MG) e da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), com o apoio do Sebrae Minas.
Com raízes no século XVIII, o QMA surgiu durante a colonização portuguesa, em regiões onde a pecuária e a produção de leite se integraram ao cotidiano das fazendas. Feito a partir de leite cru, sem processos industriais, o queijo mantém viva uma tradição que passa de geração em geração. A produção, que ocorre em pequenas propriedades rurais, utiliza receitas familiares que preservam a identidade cultural de Minas Gerais.
Atualmente, 15 regiões mineiras produzem queijos artesanais, sendo que 10 são dedicadas ao QMA: Araxá, Campo das Vertentes, Canastra, Cerrado, Diamantina, Entre Serras da Piedade ao Caraça, Serra do Salitre, Serras da Ibitipoca, Serro e Triângulo Mineiro.
Marcelo de Souza e Silva, presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, ressaltou a importância desse reconhecimento: “O Queijo Minas Artesanal reflete a essência da tradição mineira, carregando em cada pedaço o cuidado dos produtores em suas fazendas, nossa cultura e a história que atravessa gerações. O título de Patrimônio Cultural e Imaterial da Unesco valoriza um legado de mais de 300 anos da rica produção queijeira e todo esse conhecimento transmitido de geração em geração, proporcionando maior renda para as famílias que carregam essa tradição”.
Há mais de uma década, o Sebrae Minas atua na valorização do QMA, com estratégias que fortalecem a identidade e a origem dos produtos. A instituição promove a organização da base produtiva, o fortalecimento de associações regionais e a melhoria da qualidade dos produtos. Essa atuação visa proteger os produtores, os territórios e inserir o queijo em novos mercados.
As regiões da Canastra, Serro e Cerrado já possuem Indicação Geográfica (IG) na modalidade de Indicação de Procedência (IP), concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Essa chancela assegura a autenticidade e a tradição local, impulsionando o desenvolvimento econômico e a reputação regional.
Além disso, o Sebrae Minas e a Secult estruturaram as Rotas do Queijo da Canastra e do Serro, promovendo o turismo de experiência. O projeto integra o programa Check-in Minas, que mapeia e qualifica novas experiências associadas à produção queijeira, ao Café da Canastra e aos atrativos naturais e culturais da região.
A Rota da Canastra abrange municípios como São Roque de Minas, Medeiros, Tapiraí, Piumhi e Delfinópolis, responsáveis por mais de 6 mil toneladas anuais de queijo, produzidas por cerca de 800 produtores. Já a Rota do Serro, que contempla cidades como Conceição do Mato Dentro, Sabinópolis e Rio Vermelho, mantém viva uma tradição de 300 anos, preservada por cerca de 800 pequenos produtores e agricultores familiares.
O reconhecimento da Unesco amplia o valor econômico e cultural do QMA, consolidando Minas Gerais como referência mundial na produção artesanal de queijos. A integração entre tradição, turismo e desenvolvimento regional reforça a importância dessa conquista para o estado e para o Brasil.