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Revista3-8

Exportações de café e suco de laranja do Brasil sob risco com tarifa de 50% imposta pelos EUA

Decisão dos EUA afeta principais cadeias agroindustriais brasileiras e pressiona exportadores a buscar soluções diplomáticas para manter acesso ao mercado americano

O governo dos Estados Unidos anunciou a elevação das tarifas de importação sobre produtos brasileiros para 50%. A decisão, comunicada pelo presidente norte-americano, Donald Trump, ameaça duas cadeias agroindustriais de peso para o comércio exterior brasileiro: café e suco de laranja. As medidas acendem um sinal de alerta para produtores, exportadores e entidades do setor, que avaliam os possíveis desdobramentos sobre a economia do agronegócio nacional.

O Brasil é o principal fornecedor de café para os EUA e lidera tanto a produção quanto a exportação mundial do grão. Marcos Matos, diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), afirmou que “o consumidor de café dos EUA será onerado com a tarifa de 50%”. Ele explicou que a situação vem sendo acompanhada com atenção, considerando que os Estados Unidos permanecem como maior mercado consumidor global.

O executivo destacou ainda que os exportadores mantêm esperança de que “bom senso e previsibilidade de mercado” conduzam a uma solução equilibrada. Nesse sentido, o setor brasileiro trabalha em uma agenda positiva junto a parceiros norte-americanos, com o objetivo de incluir o café em uma lista de exceções tarifárias. Até então, os produtos do Brasil enfrentavam uma tarifa básica de 10%. Em 2024, as exportações de café para os EUA somaram US$ 2 bilhões, equivalentes a R$ 11,1 bilhões na cotação atual.

Outro setor impactado pela decisão é o de suco de laranja. O Brasil é reconhecido como o maior produtor e exportador mundial deste produto, sendo fornecedor tradicional para o mercado norte-americano. Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBR, avaliou a medida como péssima para o setor exportador de suco de laranja. Netto destacou que a decisão foi uma surpresa para a cadeia produtiva e que os impactos ainda serão analisados com profundidade.

De acordo com Netto, “essa medida afeta não apenas o Brasil, mas toda a indústria de suco dos EUA”, que depende do fornecimento brasileiro há décadas. Além disso, o executivo ressaltou que a cadeia de produção e processamento de suco nos Estados Unidos gera milhares de empregos e possui uma relação de longa data com o Brasil.

FPA: é hora de diplomacia, com postura firme e estratégica

A nova política tarifária não traz impactos apenas sobre as exportações diretas. A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) divulgou nota oficial expressando preocupação com as consequências mais amplas da decisão, especialmente sobre o agronegócio nacional. A entidade alertou que a imposição de tarifas pode afetar o câmbio, encarecer insumos importados e reduzir a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional.

A FPA defende a necessidade de uma postura firme e estratégica, baseada em diálogo e presença ativa nas negociações bilaterais. “A diplomacia é o caminho mais estratégico para a retomada das tratativas”, reforçou a nota. Para a Frente Parlamentar, é preciso fortalecer as conversas com os Estados Unidos para garantir a continuidade dos fluxos comerciais e preservar os interesses do agronegócio brasileiro.

A elevação das tarifas ocorre em um momento sensível para o comércio global, em que as cadeias produtivas buscam estabilidade e previsibilidade. Tanto o setor cafeeiro quanto o de suco de laranja mobilizam esforços para mitigar os efeitos da medida e evitar prejuízos às exportações brasileiras, que desempenham papel central na geração de divisas e na sustentação da economia agrícola do país.