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Da ciência do solo ao Nobel: conexões brasileiras ganham o mundo a partir do Cerrado

Imagem publicada no Brasil pela Agência Fapesp: Susumu Kitagawa, Richard Robson e Omar Yaghi: achados iniciais da área foram vistos como inúteis até 1997 (ilustração: Niklas Elmehed/Nobel Prize Outreach)
Imagem publicada no Brasil pela Agência Fapesp: Susumu Kitagawa, Richard Robson e Omar Yaghi: achados iniciais da área foram vistos como inúteis até 1997 (ilustração: Niklas Elmehed/Nobel Prize Outreach)

A comunicação científica cria pontes entre pesquisa, agro e inovação global. Projetos desenvolvidos no Brasil chegam a Estocolmo e reforçam o papel do solo tropical no debate climático

Em resumo:

  • A ciência do solo ganhou papel estratégico no agronegócio, conectando produtividade, sustentabilidade e inovação no Cerrado Mineiro.
  • Pesquisas brasileiras em solos tropicais foram apresentadas na semana do Prêmio Nobel, em Estocolmo, ampliando a visibilidade internacional do agro nacional.
  • Diego Siqueira, Analista de Saúde do Solo e colunista do 100PORCENTOAGRO, atua na difusão da ciência aplicada ao campo e foi reconhecido pelo LinkedIn entre os top 15 Brasil em ambiente e energia e top 23% do mundo.
  • A conexão científica com Liane Marcia Rossi, pesquisadora do Instituto de Química da USP, resultou em projetos que integram química, solos tropicais e sustentabilidade.
  • Liane Rossi recebeu a Cátedra Rei Carl XVI Gustaf em Ciências Ambientais, tornando-se a primeira pesquisadora da América Latina a ocupar essa posição.
  • O projeto sobre nanominerais em solos tropicais, desenvolvido com apoio do RCGI, FAPESP, Shell e UNESP, busca melhorar funções do solo e ampliar o sequestro de carbono.
  • As pesquisas dialogam com o Prêmio Nobel de Química 2025, que reconheceu o desenvolvimento das estruturas metal-orgânicas (MOFs), aplicáveis à captura de gases e ao uso agrícola.
  • Ensaios em Minas Gerais e São Paulo aproximam a ciência da realidade do produtor rural, com foco em manejo, resiliência do solo e estabilidade produtiva.
  • O solo do Cerrado passa a integrar debates globais sobre clima, inovação e agricultura sustentável.

Leia o artigo completo no 100PORCENTOAGRO e entenda como a ciência do solo desenvolvida no Brasil está conectando o Cerrado Mineiro às principais discussões internacionais do agronegócio.

Ciência do solo tem papel estratégico nas decisões produtivas

A ciência do solo deixou de ser um tema restrito à academia e passou a ocupar espaço estratégico nas decisões produtivas, ambientais e de investimento no agronegócio. No Cerrado Mineiro, onde produtividade, manejo e sustentabilidade caminham juntos, esse movimento ganha relevância ao se conectar com projetos científicos brasileiros apresentados na semana do Prêmio Nobel, em Estocolmo.

O 100PORCENTOAGRO acompanha essa transformação ao dar voz a pesquisadores com atuação prática no campo. Entre eles está Diego Siqueira, Analista de Saúde do Solo e colunista do veículo desde a primeira edição. Seus conteúdos técnicos, voltados ao entendimento do funcionamento do solo tropical, alcançaram amplo público ao longo dos anos e reforçaram a ponte entre ciência aplicada e tomada de decisão no agro.

Top 15 Brasil no LinkedIn

Essa capacidade de comunicação também gerou reconhecimento fora do setor produtivo. Diego foi eleito pelo LinkedIn entre os top 15 Brasil na área de ambiente e energia e entre os top 23% do mundo, considerando todas as áreas da plataforma. O destaque decorre da combinação entre rigor técnico e linguagem acessível, fator determinante para ampliar o alcance da ciência do solo.

Uma palestra ministrada por Diego Siqueira (foto) anos atrás deu início a uma colaboração científica com Liane Marcia Rossi, pesquisadora do Instituto de Química da USP. A aproximação evoluiu para projetos conjuntos envolvendo pesquisadores da USP, da UNESP, startups de base tecnológica e centros de pesquisa voltados à sustentabilidade.

Liane Rossi atua na área de quimicatálise, com pesquisas focadas na captura de dióxido de carbono e na conversão desse gás em produtos químicos, como o metanol. Essas aplicações dialogam com setores industriais, energéticos e ambientais, além de integrar estratégias globais de redução de emissões. O trabalho é desenvolvido no RCGI – Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa, financiado pela FAPESP e pela Shell, via Agência Nacional do Petróleo.

O reconhecimento internacional veio com a Cátedra Rei Carl XVI Gustaf em Ciências Ambientais, concedida por um fundo presidido pelo monarca sueco. Liane Rossi tornou-se a primeira pesquisadora da América Latina a ocupar essa posição, ampliando a visibilidade da ciência brasileira no cenário europeu.

No campo diretamente ligado ao agro, Liane Rossi coordena o projeto “The interaction of custom-made nanominerals in tropical soils: a solution to improve soil ecosystem functions and carbon sequestration”. A pesquisa envolve especialistas da UNESP, startups e profissionais com décadas de experiência em mineralogia e solos tropicais.

… estudos ocorrem em laboratório, casas de vegetação e áreas produtivas localizadas em Minas Gerais e São Paulo

O projeto utiliza nanominerais porosos sintetizados sob medida para solos tropicais, com foco na melhoria das funções ecossistêmicas e no aumento do sequestro de carbono no solo. Os estudos ocorrem em laboratório, casas de vegetação e áreas produtivas localizadas em Minas Gerais e São Paulo, aproximando ciência e realidade do campo.

Os objetivos incluem desacelerar ciclos biogeoquímicos de carbono, nitrogênio, enxofre e água, além de ampliar a resiliência do solo frente a eventos climáticos extremos. Para o produtor do Cerrado Mineiro, esses avanços dialogam com temas como estabilidade produtiva, manejo eficiente e valorização ambiental da propriedade.

Nobel de Química e oportunidades para o agro brasileiro

Essas pesquisas se conectam ao Prêmio Nobel de Química 2025, concedido a Susumu Kitagawa, Richard Robson e Omar Yaghi pelo desenvolvimento das estruturas metal-orgânicas (MOFs). Esses materiais permitem capturar gases, armazenar água e estimular reações químicas, com aplicações diretas em temas ambientais e produtivos.

No Brasil, Liane Rossi também trabalha com MOFs voltados à adsorção de CO₂ e H₂, com testes direcionados a sistemas agrícolas e solos tropicais. Os compostos já são produzidos em escala de quilogramas, contam com patente depositada e passam por ensaios relacionados à fotossíntese, produção de biomassa e estocagem de carbono no solo.

Esses estudos envolvem parcerias com pesquisadores da UNESP e startups como Quanticum e MOF Tech, reforçando a integração entre ciência, tecnologia e agronegócio.

Do Cerrado a Estocolmo

Em 10 de dezembro de 2025, durante a semana da cerimônia do Nobel, em Estocolmo, Liane Rossi apresentou esses projetos a lideranças científicas e empresariais de vários países. A apresentação ocorreu logo após o Dia Mundial do Solo, celebrado em 5 de dezembro, ampliando o destaque simbólico da ciência do solo no debate climático global.

Para produtores rurais, investidores e principais players do agronegócio no Cerrado Mineiro, esse movimento sinaliza oportunidades. A ciência do solo deixa de ser apenas base técnica e passa a integrar estratégias de inovação, sustentabilidade e posicionamento internacional do agro brasileiro.

Ao acompanhar e comunicar essas conexões, o 100PORCENTOAGRO reforça seu compromisso editorial com informação qualificada, aplicada e alinhada às transformações do setor.