
Evento em São Paulo apresentou lançamentos tecnológicos, dados de mercado e debates estratégicos que evidenciam o papel da distribuição para o agronegócio. Nooa e Anqa Sementes apresentam inovações e ampliam relacionamentos
O Congresso ANDAV 2025 consolidou-se como ponto de encontro estratégico para a cadeia de distribuição de insumos agropecuários no Brasil. Realizado entre 5 e 7 de agosto, no Transamerica Expo Center, em São Paulo, o evento reuniu 17,5 mil visitantes — um crescimento de 20% em relação ao ano anterior — e atraiu 257 marcas expositoras nacionais e internacionais, ocupando 24 mil metros quadrados. Organizado pela Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (Andav) em parceria com a Zest Eventos, o encontro combinou lançamentos de produtos, oportunidades de negócios e discussões sobre o futuro do setor.
Empresas do ecossistema Auma marcam presença
O Congresso ANDAV 2025 também contou com a participação de duas empresas do ecossistema Auma, sediado em Patos de Minas: NOOA e Anqa Sementes. Elas apresentaram soluções inovadoras voltadas ao aumento de produtividade, à sustentabilidade e à valorização da produção nacional.
Segundo Caio Furtado, diretor-executivo de negócios da Nooa, a participação no Andav 2025 reforçou o compromisso da empresa em levar ao mercado soluções biológicas de alta performance, unindo ciência aplicada, inovação e qualidade garantida. Entre os destaques, esteve o Auras (Bacillus aryabhattai), bioinsumo desenvolvido para reduzir os efeitos dos estresses abióticos e originado da Caatinga. Sua ação cria um ambiente produtivo mais seguro e equilibrado, mitigando riscos de perdas por déficit hídrico, altas temperaturas e salinização dos solos — revelando, assim, o potencial produtivo da lavoura.
A Nooa mantém parceria estratégica com a Embrapa, que resultou na seleção de uma cepa de alta eficiência, capaz de conferir às plantas proteção adicional e duradoura contra condições adversas.
“Apresentamos no Andav 2025 nosso portfólio completo em biosoluções, mas nosso principal objetivo foi estreitar conexões com parceiros atuais e potenciais, reforçando o posicionamento da Nooa como marca de alta qualidade e antecipando inovações que serão lançadas nas próximas safras. Mais do que oferecer produtos, a Nooa reafirma sua missão de construir uma agricultura equilibrada, resiliente e sustentável, com soluções que unem base científica sólida, eficácia comprovada e compromisso genuíno com o produtor rural”, segundo Furtado.
Lucas Siqueira, diretor de negócios da Anqa Sementes, destacou que a empresa se propõe a fortalecer a agricultura brasileira com genética nacional, estabilidade produtiva e, acima de tudo, liberdade para o produtor. No Congresso, a Anqa levou seu manifesto como posicionamento de marca, defendendo a autonomia de quem produz, por meio de uma tecnologia nova desenvolvida internamente para solucionar os principais desafios enfrentados no campo.
“É uma opção nossa não multiplicar genética multinacional, desenvolver a nossa, porque a gente confia no conhecimento e no nosso acesso aos agricultores brasileiros construído ao longo de três gerações que atuam fortemente neste negócio. O fato de nós também sermos produtores é outro fator central; a genética desenvolvida de produtor para produtor, focada nas características brasileiras para garantir ao agricultor do Brasil mais uma alternativa, 100% desenvolvida por ele em solo nacional”, afirmou Siqueira.
Ele também ressaltou o momento atual do setor: “Este é um momento desafiador. Já passamos por outros momentos desafiadores antes e, neles, aprendemos que a distribuição não pode parar, o produtor não pode parar. E todas as pessoas envolvidas precisam seguir no compromisso de avançar, porque o setor movimenta a economia, emprega muita gente. Não tem tempo pra lamentar, reclamar. É uma situação posta, e a comunicação toda da ANDAV, as conversas com os parceiros, mostraram que identificar os desafios é o principal passo para superá-los. Isso permeou todas as nossas conversas durante o Congresso. No fundo, é seguir trabalhando e servindo o agricultor, que é o nosso propósito.”
Outras soluções
Entre as inovações apresentadas, um dos destaques foi o VacStress, da Casa Bugre, produto desenvolvido para prevenir o estresse térmico e hídrico das plantas. Aplicado no início do plantio, ele induz a produção de osmoprotetores, como a prolina, ajudando a planta a manter a produtividade em condições adversas. “Lá no comecinho do plantio, a gente utiliza o VacStress. Ele prepara a planta para já começar a produção dos osmoprotetores — como, por exemplo, a prolina. Então, quando a planta inicia cedo a produção desses osmoprotetores, ela aprende o processo. Por isso chamamos de ‘efeito vacina’: a planta aprende o que precisa fazer”, explicou Everton Campos, diretor de MKT da Casa Bugre. O CEO da companhia ressaltou a visibilidade proporcionada pela participação no Congresso: “Esse é o maior evento de distribuição no Brasil e ele dá uma visibilidade muito grande para o nome da Casa Bugre e para as empresas que fazem parte do grupo”.
A AgroCP, referência em fertilizantes organominerais, anunciou a inclusão de produtos à base de bioquelato, compatíveis com aplicações em drones e baixos volumes. A empresa estima faturar R$ 1 bilhão em 2025, impulsionada pelo crescimento da demanda e pelo novo portfólio. “São fertilizantes altamente concentrados, internos e solúveis, muito afinados com as novas tecnologias de aplicação em drones e aplicações em baixos volumes. Não é uma química, é uma quelatação natural, feita através de aminoácidos. Temos certeza absoluta de que é um portfólio inovador, com excelente custo-benefício, que vai se encaixar muito bem na agricultura nacional”, destacou Lucas Figueiredo, diretor de Marketing da AgroCP.
No segmento de relacionamento e acesso a insumos, a Sumitomo apresentou o sistema YEN, criado para fortalecer a relação comercial entre distribuidores e produtores. “Esse programa está muito focado em trazer novas tecnologias e um portfólio mais sustentável para o mercado brasileiro, justamente para atender às necessidades do produtor final. Além disso, ele vai ajudar com uma venda mais técnica e diferenciada, permitindo que nossos parceiros se destaquem no mercado”, afirmou Nairo Piña, presidente da Sumitomo Chemical para a América Latina. No mesmo sentido, a Agri Connection apresentou sua plataforma, que reúne mais de 250 rótulos para diversas culturas, facilitando a aproximação entre fabricantes e distribuidores. “Podem ser empresas de produção, de discovery, de desenvolvimento ou de pesquisa, que criam e fabricam produtos e depois precisam comercializá-los. A AgriConnection nasceu para permitir que essas companhias consigam acessar o mercado agro-brasileiro”, explicou o CEO, Flávio Mata.
O evento também trouxe soluções voltadas à gestão empresarial e ao financiamento rural. A Viasoft apresentou ferramentas de inteligência artificial que integram todas as áreas de uma empresa, do fiscal ao RH, visando mais agilidade e assertividade nas decisões. “Dentro do agronegócio, atendemos desde o produtor rural, revendas de insumos, sementeiras, cerealistas e agroindústrias, até cooperativas. É uma solução ampla, que abrange todas as áreas da empresa — inclusive RH, fiscal, contábil e financeiro. Por isso, nos posicionamos como especialistas: porque conseguimos atender todas as demandas de uma empresa”, afirmou Naiara Fieira, diretora comercial. No setor financeiro, o CEO da Ceres Agrobank, Oziel Ferreira, anunciou crédito rural com prazos estendidos e atendimento personalizado para facilitar o acesso dos produtores a financiamentos.
Além das exposições, a Plenária Central, com o tema “Agroeconomia Brasileira: A Força que Transforma”, reuniu 1.365 congressistas e 33 painelistas, incluindo especialistas e autoridades. Os debates abordaram temas como a realização da COP 30 no Brasil, acesso ao mercado com foco nos distribuidores, inovação e tecnologia no campo, crédito na distribuição, inteligência artificial, inclusão, gestão de pessoas, digitalização do campo e segurança alimentar. Entre os pontos de atenção, o analista Carlos Cogo alertou para os riscos do “tarifaço” dos Estados Unidos sobre exportações brasileiras, recomendando o fechamento antecipado de preços para commodities como forma de proteção.
A 10ª Pesquisa Nacional da Distribuição, realizada pela Andav em parceria com o Cepea, indicou faturamento estimado de R$ 167 bilhões em 2024, sendo R$ 104 bilhões em insumos, R$ 36 bilhões na comercialização de grãos e R$ 27 bilhões em máquinas, serviços e outros. A próxima edição do Congresso já está confirmada para 11 a 13 de agosto de 2026, com 10% de aumento na área disponível e 70% dos estandes renovados.