
Café brasileiro atinge receita inédita de US$ 13,69 bilhões em 11 meses, mesmo com volume menor; Agronegócio de Minas Gerais cresce 24% impulsionado pela valorização e novos mercados
Mesmo com queda no volume, café brasileiro atinge faturamento inédito de US$ 13,69 bilhões; Minas Gerais registra crescimento de 24% nas exportações do setor, impulsionado por preços e diversificação de mercados.
As exportações dos Cafés do Brasil demonstraram uma performance notável no acumulado de julho de 2024 a maio de 2025. Dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) indicam que o país embarcou 42,96 milhões de sacas de 60 quilos. Embora este volume represente uma queda de 2% em comparação com o mesmo período do ciclo anterior, quando 43,7 milhões de sacas foram exportadas – o maior registro para o intervalo de onze meses –, o aspecto financeiro apresenta um cenário distinto. As informações completas estão detalhadas no Relatório Mensal de Maio de 2025 do Cecafé.
Apesar da leve retração no volume, a receita cambial atingiu um patamar inédito. No período analisado, o Brasil arrecadou US$ 13,69 bilhões com as exportações de café, com um preço médio de US$ 318,64 por saca. Esse resultado já é reconhecido como a maior receita obtida na história em um único ano-safra, superando o recorde anterior de US$ 9,82 bilhões, registrado na safra 2023/24. A expectativa é que o faturamento de junho de 2025 acrescente ainda mais a esse total, podendo elevar a receita final acima de US$ 14 bilhões.
A composição das exportações revela a predominância da variedade arábica, responsável por 76,74% do total, com 32,97 milhões de sacas. O conilon e robusta representaram 14,19%, com 6,1 milhões de sacas. O café solúvel contribuiu com 8,93% do volume total, equivalente a 3,84 milhões de sacas, enquanto o torrado e moído alcançou 51 mil sacas, com cerca de 0,1% de participação.
Analisando o desempenho de maio de 2025 isoladamente, o Brasil exportou 2,93 milhões de sacas, uma redução de 33,3% em relação a maio de 2024, mês que registrou o maior volume já embarcado para o período, com 4,44 milhões de sacas. Mesmo com a diminuição no volume, a receita cambial somou US$ 1,24 bilhão, um aumento de 21,1% em comparação com maio do ano anterior. Esse valor configura a maior receita já registrada em um mês de maio para as exportações dos Cafés do Brasil, conforme destacado pelo Cecafé. No acumulado do ano civil, de janeiro a maio de 2025, o país exportou 16,79 milhões de sacas, gerando US$ 6,82 bilhões em receita.
No cenário internacional, os Estados Unidos mantiveram a liderança no ranking dos principais destinos, adquirindo 2,87 milhões de sacas, apesar de uma redução de 17,39% nas importações em relação ao mesmo período de 2024. A Alemanha ocupou a segunda posição, com 2,11 milhões de sacas e uma diminuição de 28,7%. A Itália, com 1,37 milhão de sacas, registrou redução de 17,52%. O Japão foi o quarto destino, com um aumento de 10,6% nas compras e um total de 1,09 milhão de sacas. Completando a lista dos dez maiores importadores estão Bélgica, Turquia, Países Baixos, Rússia, Espanha e Coreia do Sul, que retornou ao ranking após um crescimento de 9,83%.
As exportações de cafés diferenciados, produtos com qualidade superior ou certificados de sustentabilidade, também se destacaram. De janeiro a maio de 2025, o Brasil exportou 3,7 milhões de sacas desse tipo, o corresponde a 22% do total embarcado no período. Houve, no entanto, uma redução de 7,2% em comparação com os cinco primeiros meses de 2024.
Agronegócio de Minas Gerais consolida posição de destaque global
Minas Gerais reafirma seu protagonismo no agronegócio brasileiro, com números expressivos entre janeiro e maio de 2025. O estado registrou exportações no valor de US$ 8,4 bilhões, um crescimento significativo de 24% em relação ao mesmo período de 2024, quando o total alcançou US$ 6,7 bilhões. Embora o volume exportado tenha recuado 5,2%, totalizando 6,9 milhões de toneladas, o resultado financeiro sublinha uma importante valorização dos preços médios internacionais.
“O desempenho das exportações mineiras no agronegócio, especialmente com a forte valorização do café e a diversificação de destinos, demonstra a capacidade de adaptação do setor frente aos desafios logísticos e ao cenário internacional instável. Conseguimos ampliar a receita e abrir novos mercados estratégicos, o é fundamental para manter a competitividade do estado no comércio global”, avalia a assessora Técnica da Secretaria de Estado de Agricultura (Seapa), Manoela Teixeira.
O principal impulsionador dessa expansão foi o café, mantendo a liderança nas exportações estaduais. O produto atingiu US$ 4,8 bilhões em vendas externas, o representa um crescimento de 67,2%. Mesmo com uma diminuição de 5,5% no volume embarcado, causada por menor oferta interna e dificuldades logísticas, os preços praticamente dobraram no mercado internacional, compensando a redução na quantidade exportada.
Outro setor com desempenho notável foi o de carnes, registrando crescimento de 17,1% em valor, totalizando US$ 680,4 milhões, e o volume exportado subiu 7,1%. A carne bovina foi a principal responsável por esse desempenho, com alta de 17,2% em valor e 5,1% em volume. A carne de frango, respondendo por 23,5% da receita das carnes exportadas, somou US$ 159,7 milhões, com alta de 8,6% no valor e 3,9% no volume.
O complexo soja apresentou um desempenho misto. As exportações atingiram US$ 1,6 bilhão, um recuo de 9,2% em valor, enquanto o volume permaneceu estável em 4 milhões de toneladas. A diminuição nos preços da soja foi influenciada pelo aumento global dos estoques e pela redução dos prêmios de exportação. A oferta mundial tem crescido mais rapidamente que a demanda, o pressiona as cotações.
Entre os produtos com maior crescimento, destacam-se os ovos, cujas exportações subiram 674,8% em valor, seguidos por produtos apícolas (crescimento de 90,5%), cereais (aumento de 89,4%, com destaque para o milho) e queijos (mais 25,4%). Esses números evidenciam tanto a valorização de preços quanto a ampliação da presença de Minas Gerais em novos mercados consumidores.
Por outro lado, o setor sucroalcooleiro enfrentou uma retração significativa. As exportações somaram US$ 487,1 milhões, com diminuição de 35,4% em valor e de 29,7% em volume. O açúcar de cana correspondeu a US$ 461,2 milhões (recuo de 36,1%), enquanto o álcool caiu 22,3% em receita. Já os produtos florestais fecharam o período com US$ 465,7 milhões exportados, diminuição de 3% em valor.
A diversificação de destinos foi um fator determinante para o bom desempenho do agronegócio mineiro. Diante de perdas nos mercados tradicionais, como China e México, o estado encontrou alternativas e ampliou suas exportações para países como Rússia (crescimento de 232% em valor e 200% em volume), Iêmen (aumento de 143% e 128%, respectivamente), Líbia (aumento de 77% em valor) e Guiné, que registrou um crescimento expressivo de 1.021% em valor e 653% em volume.