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Brasil e Chile impulsionam mercado de abacates com logística estratégica

Evento no Chile: movimento é estratégico para o Brasil (Crédito: Apex Brasil)
Evento no Chile: movimento é estratégico para o Brasil (Crédito: Apex Brasil)

Brasil e Chile otimizam logística para exportação de abacates. Novos mercados, como Costa Rica, Índia, EUA e Japão, são promissores para a abacaticultura

Nesta segunda-feira (5), o Fórum Empresarial Chile-Brasil, organizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (ApexBrasil), reuniu ministros do governo brasileiro, autoridades de organismos estatais e empresários dos dois países em Santiago, capital chilena. O evento contou com quatro painéis temáticos abordando agronegócio e sustentabilidade, nova indústria, energia e tecnologia. O acontecimento é especialmente importante para a região de São Gotardo, no Alto Paranaíba.

Com exclusividade para o 100PORCENTOAGRO, Adilson Luis Penariol, Presidente da Associação Abacates do Brasil (AAB), destacou a crescente importância do avocado hass no Chile, onde o consumo per capita é de 7 kg, enquanto no Brasil é pouco mais de 1 kg. Ele ressaltou a eficiência logística entre os dois países, com colheitas complementares que permitem uma oferta contínua e redução de custos. A recente abertura do mercado chileno para os abacates brasileiros, fruto de esforços conjuntos entre AAB, Abrafutas, Apex e MAPA, e a expansão para mercados como Costa Rica, Índia, EUA e Japão, são vistas como avanços promissores para a abacaticultura brasileira.

Leia reportagem especial sobre abacates na edição número 2 da Revista 100PORCENTOAGRO

Os debates no Chile enfatizaram a importância de uma maior parceria em setores estratégicos como agronegócio, sustentabilidade, nova indústria, energia e tecnologia. O presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, destacou o papel fundamental do evento: “Estamos nos aproximando dos 200 mercados abertos e, para nós da ApexBrasil, é um privilégio nos juntarmos ao Chile em novas frentes, ampliando nossa missão”.

Carlos Fávaro, ministro da Agricultura e Pecuária, reforçou a importância dos bons relacionamentos diplomáticos e comerciais. “A competência de Jorge Viana e da Apex tem sido essencial para liderar esses eventos internacionais mundo afora com tanta competência”. Fávaro destacou que 72 novos mercados foram abertos para produtos agrícolas brasileiros no primeiro semestre do ano, totalizando 150 mercados em 52 países desde o início de 2023.

Um dos principais temas discutidos foi a construção do Corredor Bioceânico, que ligará o Centro-Oeste brasileiro aos portos do Norte do Chile. Esse corredor criará importantes oportunidades para as economias exportadoras dos países envolvidos, com os portos chilenos desempenhando um papel central na logística de exportação para a Ásia via Pacífico.

O comércio entre Brasil e Chile tem se mostrado cada vez mais complementar. O salmão chileno, por exemplo, é um dos produtos mais importados pelo Brasil, enquanto a ração brasileira é essencial para a aquicultura chilena. Recentemente, o Brasil abriu o mercado de melão e pele de sapo, e o Chile ampliou o mercado do abacate para os produtores brasileiros. Além disso, foi implementada a certificação eletrônica para bebidas e a reciprocidade dos protocolos de orgânicos, beneficiando 2.500 produtos dos dois países.

Selma Nunes, vice-presidente da Câmara Chileno-Brasileira de Comércio, ressaltou a importância da sustentabilidade e da soberania alimentar na política internacional. Silvia Massruhá, presidente da Embrapa, destacou o papel da ciência e da tecnologia no aumento da produção e da produtividade agrícola no Brasil, resultando em uma redução de 40% no preço da cesta básica desde 1975.

Aurora Williams, ministra de Mineração do Chile, sublinhou a relevância dos minerais críticos para a indústria de ponta, como alumínio, cobre, nióbio e níquel, que representam 12% do PIB chileno e 55% das exportações do país. Raul Jungmann, presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), destacou a importância da segurança alimentar e da soberania nacional em relação aos minerais críticos.

No painel sobre Integração Regional, Veronica Pardo, subsecretária de Turismo do Chile, e Marcelo Freixo, presidente da Embratur, discutiram a importância do turismo como instrumento para a integração regional e um modelo de desenvolvimento sustentável. Em 2023, cerca de 480 mil brasileiros visitaram o Chile, e 458 mil chilenos visitaram o Brasil.

Exclusivo: Presidente da AAB diz que momento é estratégico para a abacaticultura brasileira

Em um cenário marcado pela expansão do mercado de abacates, o Presidente da Associação Abacates do Brasil, Adilson Luis Penariol, destaca a relevância crescente do avocado hass, especialmente no Chile, um dos maiores consumidores per capita do mundo. “Um chileno consome cerca de 7 kgs por pessoa ano, enquanto no Brasil esse consumo fica em pouco mais de 1 kg”, ressalta.

A proximidade geográfica entre Brasil e Chile revela uma complementaridade logística essencial para o setor. “Estamos próximos geograficamente, o que permite acessar mercados estratégicos de forma mais eficiente. Enquanto o Chile inicia sua colheita de avocado hass em outubro e finaliza em fevereiro, no Brasil, a colheita no sudeste começa em março e se estende até agosto, ou setembro. Essa sincronia permite otimizar custos e oferecer uma fruta fresca e de qualidade”.

Essa complementaridade se traduz em vantagens logísticas e econômicas significativas para ambos os países. “A logística terrestre, em vez de marítima ou aérea, reduz custos e aumenta a agilidade no transporte da fruta”, explica Penariol. “A eficiência logística permite que o abacate tropical, que tem menor resistência ao transporte prolongado, também entre no mercado chileno, ampliando ainda mais a diversidade de oferta”.

A abertura do mercado chileno representa um marco importante para os produtores brasileiros, que até então não tinham acesso a esse destino. “Até hoje, nunca tivemos autorização para vender um único quilo de abacates para o Chile. Agora, com as portas abertas para este mercado, em colaboração com Abrafutas, Apex e MAPA [Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento], estamos avançando com um acordo comercial sólido”, avalia Penariol.

A AAB desempenha um papel fundamental nesse processo de abertura de novos mercados internacionais. “Existem diversas exigências para se abrir um novo mercado. O setor precisa comprovar que tem capacidade de atender, e a AAB suporta todo esse processo. Nossa atuação conjunta com Abrafutas, Apex e MAPA foi essencial para conquistar essa abertura, e estamos preparados para cumprir todas as exigências necessárias”.

Além do Chile, novos mercados foram abertos. Penariol afirma que “Índia e Costa Rica já deram ok na semana passada; os EUA estão em fase bem adiantada e o Japão também. Esses são os novos mercados para a fruta brasileira. Estamos progredindo bem em vários destes mercados, cada um com suas exigências específicas que estamos preparados para cumprir”.

Para o Presidente da AAB, essas conquistas representam novas oportunidades e crescimento para os produtores brasileiros. A importância desse movimento não se restringe apenas aos produtores de avocado hass, mas também abacates tropicais, pasta congelada e azeite de abacates. “Com esta logística ágil e barata, o abacate tropical pode entrar no jogo, pois é uma fruta que aguenta menos transporte, e com o país vizinho podemos ofertar estas variedades também”.

A sinergia entre Brasil e Chile, aliada à eficiente logística terrestre, oferece um cenário promissor para a abacaticultura brasileira. “Tem uma enorme sinergia entre a colheita do avocado hass entre os dois países. A fruta colhida nas regiões citadas oferece o que o chileno busca no consumo da fruta”.

“O Chile já exportava abacates para o Brasil. Eles já tinham o mercado nosso aberto, e só agora conseguimos abrir o mercado deles”, disse o Presidente da AAB. Com a abertura de novos mercados e a possibilidade de expandir a oferta para diferentes regiões, a abacaticultura brasileira se prepara para um futuro promissor, com expectativas de crescimento e desenvolvimento contínuo.