Em entrevista exclusiva, Mariana Simões, analista de agronegócios do Sistema Faemg Senar, fala dos impactos. Muitos produtores estão desistindo da atividade
A produção de leite em Minas Gerais enfrenta um cenário desfavorável, marcado pelo aumento das importações de leite em pó e pela tendência de queda nos preços no mercado interno. Em julho, o preço médio do litro do leite avançou 1,9%, alcançando R$ 2,68, conforme dados do Conseleite-MG. Contudo, para agosto, projeta-se uma retração de 3,2%, com o litro sendo comercializado a R$ 2,60, valor abaixo do necessário para garantir a lucratividade da atividade. Em entrevista exclusiva, Mariana Simões, analista de agronegócios do Sistema Faemg Senar, diz que cenário requer atenção e exige cuidados especiais em função dos acordos comerciais existentes e dos fortes impactos sobre toda a sociedade.
Segundo Mariana Simões, “o preço do leite vinha em crescente durante a entressafra, mas a entrada de leite em pó importado impactou negativamente, pressionando os preços. Com a oferta aumentando em agosto, espera-se uma redução ainda maior nos valores.”
Apesar do reajuste acumulado de 40% no preço do leite desde dezembro de 2023 até julho, conforme essa valorização não foi suficiente para compensar as perdas sofridas nos anos anteriores.
A falta de lucratividade tem levado muitos produtores a abandonarem a atividade leiteira, aumentando os desafios para o setor.
Além dos problemas internos, as importações de leite continuam elevadas, alcançando 1,07 bilhão de litros de leite em pó no primeiro semestre deste ano, um aumento de 1,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. Em julho, as importações registraram um novo pico, com 224 milhões de litros equivalentes ingressando no mercado nacional.
Diante desse panorama desafiador, a análise de custos e fluxo de caixa torna-se estratégico para os produtores.
O futuro da produção de leite em Minas Gerais dependerá não apenas da capacidade de enfrentar esses desafios imediatos, mas também de encontrar soluções sustentáveis para garantir a viabilidade econômica da atividade no longo prazo.