A evolução dos trabalhadores do café na era do futuro do trabalho: uma reflexão feita a partir do Relatório “Future of Jobs 2025”

POR LORENA MANGABEIRA — A produção e comercialização de café sempre foram setores marcados pelo intenso trabalho humano, desde o cultivo até a transformação em uma das bebidas mais consumidas no mundo. No entanto, as dinâmicas desse segmento estão passando por uma rápida evolução, impulsionadas por tendências tecnológicas e sociais apresentadas no Relatório do Futuro do Trabalho 2025, do Fórum Econômico Mundial, que trazem análises e tendências para o futuro do trabalho no agronegócio e que se conectam muito com o café.

Neste artigo, quero trazer a reflexão sobre como os trabalhadores do café estão se adaptando a esse novo contexto, destacando a importância da capacitação, da inovação e dos valores humanos na construção de um futuro mais sustentável e inclusivo.

Transformações tecnológicas e o impacto no setor do café

A automação e a digitalização estão moldando o trabalho em quase todos os setores, e o café não é exceção. Máquinas inteligentes para colheita, sensores para monitoramento de plantações e plataformas digitais para rastreabilidade são exemplos de inovações que estão sendo incorporadas.

Porém, esses avanços também exigem novos conhecimentos. Segundo o relatório do Fórum Econômico Mundial, até 2025, 50% de todos os trabalhadores precisarão de requalificação devido à adoção de novas tecnologias. No setor do café, isso se traduz na necessidade de formação em temas como uso de tecnologias agrícolas, gestão de dados, direitos humanos, agricultura regenerativa e inteligência artificial.

Projetos como o “Flores do Café e do Bem-Estar”, “Elas no Café”, “Mulheres que Inspiram”, etc demonstram a importância de investir em capacitações que abordem tanto técnicas de cultivo quanto aspectos de gestão financeira, inteligência emocional e empreendedorismo.

A importância dos valores humanos no trabalho com café

A evolução do trabalho não é apenas tecnológica, mas também cultural. Uma das minhas principais percepções ao longo da minha experiência é que o “valor família” é essencial na tomada de decisão nas propriedades e que tem grande impacto no bem-estar dos indivíduos e dos trabalhadores rurais. Isso é particularmente relevante para os trabalhadores do café, que frequentemente atuam em redes familiares ou comunitárias. Richard Barret, traz o conceito de que o Valor Família, quando interpretado dentro de casa é fácil de se perceber, mas quando trazemos para dentro de organizações, tem a ver com esse olhar mais abrangente e que tem conexão com uma das habilidades descritas como as Top 10 do relatório; Pensamento Análitico e Influência Social.

Uma das minhas principais percepções ao longo da minha experiência é que o “valor família” é essencial na tomada de decisão

Promover um ambiente de trabalho que valorize a colaboração, o cuidado e o sentimento de pertencimento é fundamental para garantir a evolução sustentável do setor

Bem-estar e felicidade como indicadores de sucesso

Os métodos de avaliação de bem-estar e felicidade têm se tornado essenciais para medir o impacto das transformações no trabalho. Estudos mostram que trabalhadores satisfeitos têm melhor desempenho e são mais propensos a se adaptar às mudanças.

Iniciativas que combinam capacitação técnica e programas de autocuidado podem elevar o nível de bem-estar no setor cafeeiro, garantindo tanto a produtividade, uma agricultura mais regenerativa, quanto a qualidade de vida dos envolvidos.

O caminho à frente

A evolução dos trabalhadores do café exige uma abordagem integrada que combine inovação tecnológica, sustentabilidade e valorização humana. O Relatório do Futuro do Trabalho 2025 nos lembra que a requalificação e o investimento em habilidades humanas serão fundamentais para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades.

Com um olhar para o futuro, é possível transformar o setor cafeeiro em um exemplo de evolução alinhada aos valores do trabalho do século XXI: tecnológico, sustentável e humano.