![Governo de Minas adota medida que alcança todos os produtores rurais (Crédito: Agência Minas)](https://100porcentoagro.com.br/wp-content/uploads/2025/02/GIL_1143-cidade-administrativa-credito-gil-leonardi--scaled.jpg)
Semeadura da variedade nova é recomendada entre abril e maio. Produtores esperavam por cultivares de ciclo curto em sistemas de irrigação por pivô central
A Universidade Federal de Viçosa (UFV) anunciou a obtenção do registro de sua segunda cultivar de trigo, denominada UFVT N2401, junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). A nova variedade foi desenvolvida especialmente para regiões tropicais, com foco no sistema de produção irrigado, apresentando vantagens como precocidade, alto rendimento de grãos e qualidade de farinha voltada à panificação. A semeadura da UFVT N2401 é recomendada entre abril e maio, atendendo à demanda por cultivares de ciclo curto em sistemas de irrigação por pivô central.
De acordo com o professor Maicon Nardino, coordenador do Programa Trigo UFV, a nova cultivar é resultado de anos de pesquisa em 14 ambientes diferentes de Minas Gerais. Ele destacou que o lançamento ocorre quase 20 anos após a primeira variedade registrada pela UFV, em 2005. “O Programa tem avançado bastante com aplicação de estratégias tradicionais e modernas de melhoramento para o desenvolvimento de novas cultivares de trigo para a região tropical. Muito em breve, novas cultivares competitivas estarão no mercado para atender às demandas do setor no Brasil”, afirmou.
Inovação e formação acadêmica: além de desenvolver novas variedades, o Programa Trigo UFV contribui para a formação de estudantes de graduação e pós-graduação em Fitotecnia e Genética e Melhoramento de Plantas. Segundo Nardino, a iniciativa tem se concentrado em atender às necessidades do mercado, especialmente nas regiões tropicais, com foco em resistência genética à brusone, uma das doenças mais agressivas e comuns nessas áreas. “Procuramos alinhar as pesquisas com desenvolvimento de inovações demandadas pelo mercado do setor tritícola das regiões tropicais, sobretudo, quanto aos estresses abióticos e ao aumento de resistência genética a brusone”, explicou.
Ferramentas modernas, como fenotipagem de alto rendimento e genotipagem por marcadores moleculares, têm sido utilizadas para otimizar as gerações de melhoramento genético, garantindo maior eficiência no desenvolvimento de novas cultivares.
Impacto no setor: embora o Brasil ainda dependa de importações para suprir a demanda por trigo, a UFV identificou um potencial de 2,5 milhões de hectares para cultivo no país, em parceria com as universidades da Flórida e de Munique. Esse cenário representa uma possibilidade concreta para o Brasil atingir a autossuficiência na produção de trigo. “A obtenção de área potencial é o primeiro passo para o aumento de produção em busca da autossuficiência, mas ainda há necessidade de tornar o trigo nacional um cereal competitivo frente aos argentinos. Nesse sentido, os trigos produzidos em regiões tropicais têm demonstrado maior competitividade pela elevada qualidade industrial, rendimento de grãos e pela época antecipada de entrada no mercado”, ressaltou o professor Nardino.
Apoio à pesquisa: o desenvolvimento da UFVT N2401 contou com financiamento do CNPq e da Fapemig, o que reforça a importância de parcerias para o avanço da pesquisa científica no setor agrícola. As novas variedades prometem não apenas contribuir para a competitividade da produção nacional, mas também oferecer soluções adaptadas às especificidades climáticas e de mercado das regiões tropicais brasileiras.
Com essas inovações, a UFV consolida sua posição como referência no desenvolvimento de cultivares voltadas às demandas do agronegócio nacional.