No dia 2 de setembro de 2024, um evento realizado na Fundação Getúlio Vargas (FGV) marcou o lançamento do FGV Clima, um centro de pesquisa aplicada dedicado a integrar a economia e o clima de forma inédita no Brasil. Esse encontro reuniu acadêmicos, líderes do setor público e privado, e trouxe à tona discussões que vão além da teoria, tocando em questões práticas e urgentes para o futuro do país.
Durante o evento, foi enfatizado que a crise climática representa “o desafio supremo para a economia” (Nordhaus, 2019). O FGV Clima, criado no âmbito da Escola de Economia de São Paulo, não apenas busca compreender essa crise, mas também propor soluções concretas para o Brasil, inclusive no contexto do agro.
O custo da inação: um risco que não podemos correr
Uma das discussões mais importantes no evento foi sobre o custo da inação frente à crise climática. Transformar a mudança do clima em uma oportunidade econômica é um dos grandes desafios, mas os custos de não agir são ainda maiores. Os incêndios que devastaram o Pantanal e as enchentes no Rio Grande do Sul são exemplos claros de como os custos da inação podem ser exorbitantes, superando em muito os custos das ações de mitigação.
Quando o Brasil se empenha em combater o desmatamento, descarbonizar sua matriz energética e promover práticas de agropecuária de baixo carbono, ele arca com um custo significativo. No entanto, o mundo inteiro se beneficia com a redução das emissões globais. Essa é uma realidade que coloca o país em uma posição única, em que o esforço local tem repercussões globais. Ignorar essa responsabilidade seria não apenas um erro estratégico, mas também uma perda econômica enorme.
O vocabulário do clima, como foi destacado no evento, é essencialmente sobre custo. Mas também é sobre oportunidade. O investimento necessário para enfrentar a crise climática pode gerar retornos ainda maiores. O balanço entre os custos de ação e os benefícios a longo prazo é amplamente favorável para quem opta por agir agora. Ao transformar a crise climática em uma oportunidade econômica, o Brasil pode não apenas evitar desastres, mas também promover um desenvolvimento mais sustentável e competitivo.
O Brasil é um caso particular quando se trata de emissões de gases de efeito estufa. Enquanto em muitos países o setor de energia é o principal responsável pelas emissões, no Brasil, as mudanças no uso do solo, como o desmatamento, respondem por quase metade das emissões, seguidas pela agropecuária, que representa aproximadamente um quarto, e o setor de energia, que contribui com cerca de um quinto . Esses números, destacados no evento e oriundos do SEEG – Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa, revelam a complexidade e a singularidade do desafio brasileiro. Quando o Brasil investe em combater o desmatamento e promover práticas agropecuárias de baixo carbono, ele arca com custos significativos, enquanto o mundo inteiro colhe os benefícios na forma de redução das emissões globais.
O agro e a economia do clima: oportunidades no Cerrado Mineiro
O agronegócio, especialmente na região do Cerrado Mineiro, está no centro dessa transição. As empresas que já nascem na era da transição energética têm um papel importantíssimo a desempenhar. A pressão por mudanças de comportamento e consumo cria um ambiente em que a inovação sustentável não é apenas desejável, mas necessária. O uso de bioinsumos e a adoção de práticas sustentáveis já são realidade em muitos negócios locais, que têm a sustentabilidade como parte essencial de sua estratégia.
As empresas do Cerrado Mineiro, que operam em um dos biomas mais ricos e produtivos do país, estão bem posicionadas para liderar essa transformação. A economia do clima oferece uma chance única para essas empresas se destacarem, não apenas no mercado interno, mas também internacionalmente. Com a criação de soluções que atendem às demandas de uma economia de baixo carbono, essas empresas podem colher os frutos de um mercado que valoriza cada vez mais a sustentabilidade.
Um convite: estreite laços com o FGV Clima
O FGV Clima não é apenas um centro de pesquisa; é uma oportunidade importante para quem tem visão de longo prazo. A crise climática é uma responsabilidade de todos, e o FGV Clima oferece um caminho para transformar essa responsabilidade em ação concreta. Para os que estão na linha de frente, como o agronegócio, esse é o momento de se informar, participar e aproveitar as oportunidades que surgem em meio aos desafios.
O futuro da economia brasileira, e especialmente do agro, depende de como enfrentaremos a crise climática. O FGV Clima pode ser um aliado importante que faltava para transformar desafios em oportunidades e colocar o Brasil na vanguarda da sustentabilidade global. Se você está ligado ao setor ou simplesmente quer entender mais sobre como se adaptar e prosperar em um mundo em mudança constante, estreitar laços com o FGV Clima é uma decisão estratégica.