Dados serão do Cerrado Mineiro, mas trabalho se expandirá para todas as regiões produtoras de café no Brasil. Ideia é alcançar todas as cooperativas e associações vinculadas ao CNC
Um projeto de duas universidades internacionais pretende reunir dados confiáveis de georreferenciamento e índices locais para entender a realidade de cada região produtora de café no mundo todo. Os dados servirão para criar políticas públicas, investimento privado e iniciativas de desenvolvimento regional para redução da pobreza. O projeto Multidimensional Poverty Index [Índice Multidimensional de Pobreza] é realizado pela da Columbia University e da Sophia Oxford, com financiamento do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF).
Pesquisadores internacionais lançaram o projeto, que busca promover um estudo multidimensional, para a coleta de dados em regiões produtoras de café no mundo todo.
Além de enfrentar a pobreza nos países menos desenvolvidos, a ação pretende viabilizar a implantação da renda próspera em países como o Brasil.
A Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia (FNC) será a catalisadora dos estudos e intermediará o papel da iniciativa privada para a promoção do projeto. O Brasil será representado oficialmente pelo Conselho Nacional do Café (CNC).
O grupo de estudos se reuniu pela primeira vez com o CNC no dia 3 de março, por videoconferência. Durante a reunião foi solicitada a indicação de uma região brasileira onde os dados possam ser coletados com potencial para revelar a realidade das áreas produtoras de café do país. O presidente do CNC, Silas Brasileiro, explicou como se produz café no Brasil, relatando o trabalho das cooperativas que assistem os produtores tecnicamente e com insumos. Também citou a pesquisa desenvolvida através da Embrapa Café e o apoio financeiro do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé). Brasileiro detalhou, ainda, a representação da iniciativa privada desde a produção, indústrias do café solúvel, torrado e moído e exportação, no âmbito do Conselho Deliberativo Política do Café (CDPC). O segmento tem representantes do governo e da iniciativa privada.
Silas destacou também que no Brasil, o FOB (Free on Board) para produtores corresponde a 85%, e o País é o que mais repassa o preço ao cafeicultor.
O CNC indicou a Região do Cerrado Mineiro, como área piloto. A região é gerida pela Federação dos Cafeicultores do Cerrado, uma ampla região de sete cooperativas de produção e de crédito e que conta, inclusive, com um Centro de Excelência do Café (CEC). Dentre outras atividades, a Região do Cerrado Mineiro promove treinamento de produtores.
Os dados serão coletados no Cerrado Mineiro, mas o trabalho se expandirá para todas as regiões que produzem café no Brasil, onde estão as cooperativas e associações vinculadas ao CNC, de acordo com Silas Brasileiro.
Os representantes do programa Lisa Sachs e Jamie Coats apresentaram a metodologia da forma como os índices serão colhidos e analisados. Através disso, será possível entender as necessidades básicas de cada região produtora no Brasil, em comparação com as demais, com o objetivo de mitigar a pobreza nos países subdesenvolvidos e promover programas para fomentar a renda próspera aos produtores de países desenvolvidos.
O projeto das duas universidades coincide com o que foi planejado por sugestão da Força-Tarefa Público-Privada da Organização Internacional do Café (OIC) para a construção do Novo Acordo Internacional do Café. Ao final, será possível melhorar as condições de produção dos cafeicultores.