
Medida Provisória 1.309/2025 abre espaço para novos financiamentos e incentivos à exportação, mas produtores precisam avaliar riscos e limites
POR BRUNO FARIA — A Medida Provisória 1.309/2025, publicada em 13 de agosto de 2025, instituiu o Plano Brasil Soberano. Esta MP foi criada para apoiar exportadores brasileiros impactados pelo “tarifaço” dos Estados Unidos, que chega a até 50%.
O Plano disponibiliza R$ 30 bilhões em crédito via Fundo Garantidor à Exportação (FGE), com condições que ainda serão definidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Além disso, foram anunciados aportes adicionais em fundos garantidores: R$ 1,5 bi no FGCE, R$ 2 bi no FGI (BNDES) e R$ 1 bi no FGO (Banco do Brasil). A proposta também prevê prorrogação de regimes especiais de tributação como o drawback, elevação do Reintegra em até 3 pontos percentuais e simplificação de compras públicas.
No entanto, até agora não existe uma “média provisória” de taxas de juros ou encargos das linhas de crédito. Caberá ao CMN definir parâmetros como encargos financeiros, prazos e regras de acesso. Isso significa que o impacto efetivo para os produtores rurais ainda depende das próximas deliberações.
O que pode representar de vantagem
Do ponto de vista do agronegócio, o Plano Brasil Soberano apresenta algumas possibilidades relevantes:
Riscos e pontos de atenção
Apesar das oportunidades, os produtores rurais precisam considerar aspectos que podem limitar os resultados:
Endividamento – a facilidade de crédito pode estimular contratação de dívidas sem análise adequada da viabilidade. Se as taxas definidas pelo CMN forem elevadas ou se a instabilidade internacional persistir, há risco de prejuízo financeiro.
Na prática, o Plano Brasil Soberano tende a oferecer alívio no curto prazo para produtores rurais que atuam diretamente no mercado externo, seja com grãos ou proteínas animais. O acesso a crédito e a redução de custos indiretos de exportação podem representar um fôlego.
Por outro lado, agricultores menores ou com foco no mercado interno devem sentir pouco efeito imediato. O risco maior está no aumento do endividamento sem retorno garantido e na dependência de incentivos governamentais que podem ser transitórios.
Em poucas palavras: os benefícios se concentram em crédito e incentivos fiscais, enquanto as ameaças envolvem endividamento e limites estruturais do comércio internacional.