CNA prevê alta de 5% no PIB do agro em 2025, impulsionada por grãos e exportações. Setor enfrenta desafios econômicos, logísticos e comerciais
O setor agropecuário brasileiro desponta como protagonista na economia nacional e global, mas enfrenta desafios internos e externos que devem marcar o próximo ano. De acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio pode crescer até 5% em 2025, impulsionado pelo aumento da produção agrícola, especialmente de grãos, e pela expansão das indústrias de insumos e da agroindústria exportadora.
O câmbio, a inflação e a taxa Selic seguirão como fatores determinantes para a competitividade e os custos do agronegócio. A CNA prevê a manutenção da Selic em 13,5% no final de 2025, influenciando negativamente o crédito rural. Apesar disso, a inflação deve desacelerar: o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) pode chegar a 4,59%, enquanto a alta nos preços dos alimentos deve ser de 5,75%, abaixo dos 8,49% registrados em 2024.
Veja a apresentação da Diretoria Técnica, por Bruno Lucchi
Veja a apresentação da Diretoria Internacional, por Sueme Mori
O dólar, por outro lado, apresenta um cenário duplo: enquanto favorece as exportações agrícolas, pressiona os custos de insumos importados, como fertilizantes e pacotes tecnológicos. A valorização da moeda norte-americana, somada às condições fiscais desafiadoras, impõe ao setor uma necessidade crescente de buscar alternativas de financiamento e gestão de riscos.
Logística e Infraestrutura: O desenvolvimento da infraestrutura de transporte é um ponto de atenção para o agronegócio. O Brasil começa a explorar seu potencial hidroviário com o lançamento do Marco Regulatório dos Rios, que deve estabelecer regras de gestão e incentivar o uso de embarcações e terminais. Além disso, o setor ferroviário se destaca com o aporte de R$ 3,6 bilhões na Ferrovia Transnordestina e a expectativa pelo leilão da Ferrogrão, que depende de decisão do Supremo Tribunal Federal.
Grãos e pecuária: a produção de grãos deve alcançar um recorde de 322,53 milhões de toneladas em 2024/2025, alta de 8,2% em comparação à safra anterior, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O Valor Bruto da Produção (VBP) do setor agrícola pode atingir R$ 937,55 bilhões em 2025, refletindo a recuperação da produção após perdas no ano anterior.
Na pecuária, o segmento bovino deve enfrentar redução de 3,3% na produção, mas com alta de 1,8% nas exportações, sustentando preços em 2025. A produção nacional de leite deve crescer 1,5%, beneficiada pela queda nos custos de alimentação animal. Já a carne de frango deve ampliar sua presença na cesta de consumo dos brasileiros.
Política agrícola e seguro rural: a política agrícola deve enfrentar restrições orçamentárias. Apesar da previsão de R$ 1,06 bilhão para o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), o montante é insuficiente frente à demanda de R$ 4 bilhões. Iniciativas como o Projeto de Lei 2.951/2024, que traz mudanças no Fundo Catástrofe, são vistas como alternativas para modernizar o seguro rural.
Comércio exterior: no mercado externo, as tensões entre grandes economias, como Estados Unidos e China, e a aplicação da Lei Antidesmatamento da União Europeia (EUDR) criam barreiras adicionais. O Brasil também enfrenta campanhas de desinformação na Europa sobre a qualidade de seus produtos agropecuários, que têm gerado boicotes e reações do setor privado.
O que foi e o que pode ser: neste ano, o PIB do agronegócio cresceu até 2%, revertendo retrações anteriores. O comércio internacional ficou estável, com exportações estimadas em US$ 166 bilhões até o fim do ano, representando 49% da pauta exportadora do país. Em 2025, o setor se prepara para enfrentar desafios estruturantes e buscar sustentabilidade em meio a um cenário global dinâmico e competitivo.
O agronegócio brasileiro se posiciona como motor da economia nacional, mas seu sucesso dependerá de estratégias eficazes para superar barreiras internas e externas, consolidando sua relevância no cenário global.