Região do Cerrado Mineiro tem maior área de cafeicultura regenerativa do Brasil. RCM é conhecida por ser a primeira Denominação de Origem (DO) de café do país
O Dia Nacional do Café, comemorado nesta sexta-feira, 24 de maio, celebra um dos maiores símbolos da agricultura brasileira. O café chegou ao Brasil em 1727, tornando-se uma das principais bases da economia nacional. No século XIX, o país já despontava como o maior produtor mundial, posição que mantém até hoje. Além de sua importância econômica, a cafeicultura brasileira é marcada pela diversidade de regiões produtoras e pela busca constante por qualidade e sustentabilidade. Um exemplo notável dessa evolução é a Região do Cerrado Mineiro, reconhecida pela excelência de seus grãos e pelo compromisso com práticas agrícolas inovadoras e regenerativas.
Trata-se de uma das regiões mais inovadoras e sustentáveis do Brasil, conhecida por seus cafés de alta qualidade e por ser a primeira Denominação de Origem (DO) de café do país, conquistada em 2013. A Região do Cerrado Mineiro (RCM) se destaca também por possuir a maior área de cafeicultura regenerativa do Brasil, somando já quase 30.000 hectares certificados, segundo dados da Regenagri, responsável pela certificação no Brasil. Esse marco reflete o compromisso dos cafeicultores do Cerrado Mineiro com a sustentabilidade e a inovação no setor.
Sustentabilidade em foco
Com o avanço da agricultura regenerativa, a Região do Cerrado Mineiro desponta como líder na produção de café sustentável no país. Reconhecida por sua qualidade excepcional e terroir único, a região possui a maior área certificada em agricultura regenerativa, demonstrando um compromisso com práticas que conservam a saúde dos ecossistemas agrícolas. A agricultura regenerativa, adotada amplamente na região, visa à conservação da fauna e flora, proteção de mananciais de água, cobertura do solo e técnicas climaticamente inteligentes, posicionando o Cerrado Mineiro como referência em sustentabilidade no agronegócio e na proteção do meio ambiente para futuras gerações.
Histórias de sucesso
A história de Marcelo Urtado, produtor no Cerrado Mineiro e proprietário da Fazenda Três Meninas, ilustra bem o impacto positivo dessas práticas. Recentemente, Marcelo conquistou um título na Feira da Specialty Coffee Association nos Estados Unidos, em Chicago, ficando entre os seis projetos de café mais sustentáveis do mundo. Ele começou a trabalhar com o conceito de café regenerativo na fazenda dos pais em 2000 e, posteriormente, na Fazenda Três Meninas com sua esposa Paula em 2016.
“Decidimos produzir café especial de forma a impactar positivamente a sociedade e o meio ambiente, criando assim um ambiente produtivo mais equilibrado e resiliente. Planejamos a fazenda de forma sistêmica e holística, integrando-a com a paisagem. Um dos grandes benefícios dessa forma de produção é a maior disponibilidade hídrica, ou seja, nos transformamos em produtores de água, além de café especial”, explicou Marcelo. Segundo ele, todas as práticas regenerativas, como as plantas de cobertura, a arborização, o uso de compostos orgânicos e insumos biológicos, também impactam na xícara de café, resultando em um café mais saboroso e saudável. “É uma cafeicultura virtuosa, que quanto mais produzimos, melhor é o impacto ambiental e social, sem falar na tão gostosa xícara do Cerrado Mineiro!”, conclui.
Pioneirismo e qualidade
A Região do Cerrado Mineiro abrange 55 municípios e uma área cultivada de aproximadamente 234 mil hectares, produzindo em média seis milhões de sacas de 60 kg por ano. Esse volume representa 25,4% da produção de café em Minas Gerais e 12,7% da produção nacional. Os cafeicultores do Cerrado Mineiro desfrutam de condições climáticas excepcionais: verões quentes e úmidos e invernos secos com grande amplitude térmica, ideais para o desenvolvimento de um café de alta qualidade. As altitudes variam entre 800 e 1.300 metros, proporcionando um terroir único que resulta em grãos com notas de caramelo, chocolate, nozes e uma acidez cítrica equilibrada.
Mercado global e exportação
A excelência do café do Cerrado Mineiro conquistou o mundo. Cerca de 70% da produção anual é destinada à exportação, com destinos principais na Europa, Estados Unidos e Ásia. A marca Cerrado Mineiro está presente em mais de 50 países, com presença em todos os continentes, consolidando-se como um “one stop shop” para café no Brasil. Em 2022, a região atingiu a marca de 1 milhão de sacas comercializadas com o selo DO, reforçando sua reputação de qualidade e origem controlada.
“O café do Cerrado Mineiro possui características exclusivas, fruto de um terroir único, práticas sustentáveis e o esforço de milhares de produtores. Neste Dia Nacional do Café, celebramos este grão e esta bebida que fazem do café do Cerrado Mineiro um símbolo de qualidade reconhecido globalmente. A Região do Cerrado Mineiro exemplifica que inovação e sustentabilidade devem caminhar juntas para produzir um café de alta qualidade e com origem controlada, reconhecido mundialmente. Celebrar o café do Cerrado Mineiro é reconhecer o trabalho árduo dos produtores, a importância da sustentabilidade e a excelência que fazem deste café um orgulho nacional”, destaca Juliano Tarabal, diretor executivo da Federação dos Cafeicultores do Cerrado.
Riqueza histórica
Um mergulho nas raízes do Brasil revela um tesouro de histórias entrelaçadas com o aroma do café. Desde sua introdução no século XVIII, esse grão tem desempenhado um papel central na identidade e economia do país.
Com origens controversas, o café encontrou solo fértil nas terras brasileiras. Em pouco tempo, tornou-se o principal produto de exportação, moldando a paisagem econômica e social do país.
Brasil é líder no mercado mundial de café
O Brasil, líder global na produção de café, tem motivos de sobra para comemorar. Com uma fatia de cerca de 38% do mercado mundial nos últimos anos, o país supera em produção os quatro principais concorrentes somados: Vietnã, Colômbia, Indonésia e Etiópia acumulam aproximadamente 33%.
Embora existam grandes parques produtores dedicados à cultura, como é o caso do Cerrado Mineiro, o café não se limita a algumas regiões; seu cultivo se espalha por mais de 1.300 municípios. Além do Cerrado Mineiro, outras 13 regiões já são reconhecidas com Indicação Geográfica (IG). A qualidade do café do Brasil é uma marca registrada, tanto nacional quanto internacionalmente, proporcionando experiências únicas aos consumidores ao redor do mundo. Nesse cenário, cresce o interesse dos produtores, torrefadores e cafeterias em oferecer produtos diferenciados, certificados e de alto valor agregado.
Quase 30% com Indicação Geográfica
Os resultados da 2ª edição da “Pesquisa Cafés Especiais – Perfil e Sabor”, realizada pelo Sebrae em parceria com a Giuliana Bastos Comunicação e Inteligência de Mercado, revelam que 27% dos cafeicultores produzem cafés com Indicação Geográfica, enquanto um terço produz café orgânico e 60% possuem alguma forma de certificação.
Esses resultados refletem a tendência dos consumidores e pequenos empresários em investir em novos nichos de mercado, buscando diferenciação não apenas pela qualidade, mas também pela sustentabilidade e rastreabilidade dos produtos. A pesquisa também destaca o interesse em políticas de créditos de carbono (mais de 80%) e em cafés agroecológicos (70%), evidenciando um novo momento no mercado.
Além disso, o estudo identificou oportunidades para uma maior conexão colaborativa ao longo da cadeia produtiva. O compartilhamento de experiências e conhecimentos específicos de cada etapa, como produção, torrefação e comercialização, pode impactar positivamente a qualidade do café.
O café não só impulsionou a economia, mas também deixou sua marca na cultura brasileira. De conversas animadas em cafeterias a fazendas suntuosas, sua influência é inegável.