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Audiência pública debate Dia Nacional do Alho e defesa comercial da produção brasileira

Audiência Pública mobilizou políticos, lideranças e produtores (Foto: 100PORCENTOAGRO)
Audiência Pública mobilizou políticos, lideranças e produtores (Foto: 100PORCENTOAGRO)

Setor do alho mobiliza Brasília em busca de valorização da cultura e defesa contra importações desleais. Proposta de criação do Dia Nacional do Alho Brasileiro é debatida na Câmara. 100PORCENTOAGRO acompanha debate a convite da ANAPA

A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados promoveu, nesta quarta-feira (11), audiência pública para debater a criação do Dia Nacional do Alho Brasileiro. O 100PORCENTOAGRO cobriu a audiência na capital federal.
O debate atendeu a pedido da deputada Marussa Boldrin (MDB-GO) e foi realizado às 15 horas, no plenário 6.
A parlamentar é autora do Projeto de Lei 1684/25, que institui a data comemorativa em alusão ao alho nacional, a ser celebrada anualmente em 19 de abril.

Marussa ressaltou que o alho é uma das hortaliças mais tradicionais e valorizadas da agricultura brasileira. Segundo a deputada, sua produção é majoritariamente conduzida por agricultores familiares e representa importante fonte de geração de emprego e renda no meio rural.

De acordo com dados apresentados por ela e fornecidos pela Associação Nacional dos Produtores de Alho (Anapa), o país consome cerca de 300 mil toneladas de alho por ano, sendo aproximadamente 60% desse total suprido por produtores nacionais. A entidade estima que a cadeia produtiva do alho emprega cerca de 300 mil pessoas no Brasil, com crescimento médio de 15% ao ano, impulsionado pelo acesso à tecnologia.

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“Apesar da sua importância, o setor enfrenta desafios significativos, entre eles a concorrência desleal com o alho importado, especialmente oriundo da China e da Argentina, cujos preços subsidiados comprometem a competitividade do produto nacional”, afirmou Marussa. “O Brasil, apesar de ser responsável por apenas 0,4% da produção mundial, é o segundo maior importador e o sétimo maior consumidor global da hortaliça”, acrescentou.

A deputada defendeu que “estabelecer um dia oficial em homenagem ao alho brasileiro é criar espaço para campanhas de conscientização sobre sua importância, estimular o consumo consciente do alho nacional e incentivar políticas públicas que apoiem a produção no país, com o desenvolvimento de inovações tecnológicas que permitam o aumento no rendimento e, consequentemente, da quantidade disponibilizada nacionalmente”.

A audiência pública atende à exigência prevista na Lei 12.345/10, segundo a qual a criação de datas comemorativas deve ser precedida de debates públicos.

100PORCENTOAGRO acompanha debate a convite da ANAPA

O 100PORCENTOAGRO esteve em Brasília a convite da ANAPA (Associação Nacional dos Produtores de Alho) para cobrir as duas audiências públicas realizadas pela Comissão de Agricultura. Além da discussão sobre a criação do Dia Nacional do Alho Brasileiro, o segundo tema do dia tratou da renovação do direito antidumping aplicado contra o alho importado da China.

Com forte presença institucional e auditório lotado, a audiência contou com mobilização de produtores, principalmente do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba — principais regiões produtoras da cultura no Brasil. Faixas, camisetas personalizadas e depoimentos espontâneos deram o tom da mobilização.

 

Durante a cobertura, o presidente da ANAPA, Rafael Corsino, destacou os impactos econômicos causados pela prática de dumping. Segundo ele, a entrada de alho com preços artificiais compromete a competitividade da produção nacional e ameaça milhares de empregos.

Clóvis Volpe, diretor jurídico da entidade, apresentou os argumentos técnicos e legais para sustentar a renovação da medida antidumping. A defesa comercial é tratada pela ANAPA como instrumento legítimo de equilíbrio entre produção interna e concorrência internacional.

A mobilização em torno do Dia Nacional do Alho Brasileiro e da renovação do direito antidumping revelou mais do que uma pauta setorial: evidenciou o papel estratégico do alho como cultura com forte impacto socioeconômico, cultural e gastronômico no Brasil.

Presentes no cotidiano das famílias brasileiras e em receitas típicas de todas as regiões, os bulbos cultivados por milhares de agricultores são resultado de conhecimento técnico, investimento e tradição. O alho brasileiro não é apenas um ingrediente essencial na alimentação: é também fonte de renda, emprego e desenvolvimento regional, especialmente nas comunidades rurais.

Nesse contexto, o Alto Paranaíba se destaca como o maior polo produtor de alho do país, concentrando grande parte da produção nacional e sendo referência em qualidade e tecnologia no campo. Valorizar essa cadeia é reconhecer o esforço de quem planta, colhe e entrega um produto que faz parte da mesa e da identidade do Brasil.