POR PAULIANE OLIVEIRA — Freitas e eu nos conhecemos no Congresso Nacional, sentados na bancada para participar do Seminário de Fertilizantes, promovido pela Frente Parlamentar da Agricultura (FPA) e por outras organizações. O papo começou sobre o [não tão bom] cafezinho servido no evento! Ora, da minha parte, como advogada do agro, do seio do Cerrado Mineiro, não era de se esperar outra reação a um cafezinho torra passada, daqueles que comumente encontramos por aí. Freitas, carioca, em tese não tão entendedor de cafés especiais, demonstrou empatia com minhas caras e caretas para o café. Logo descobri outros motivos. Afinal, é da Embrapa [Empresa Brasileira de Agropecuária], e de agro esse distinto senhor sabe muitíssimo bem, como, aliás, seu currículo do pós-doutor revela.
Podemos dizer que tenho sorte na vida, e adquirir conhecimento assim, em conversas triviais, é quase um dom que carrego. Pois bem, um papo sobre cafés levou ao tema do seminário: fertilizantes, que rendeu assunto sobre insumos químicos, auxílio com contatos necessários no MAPA [Ministério da Agricultura e Pecuária] e uma honrosa entrevista para o 100PORCENTOAGRO. Ah! Esse episódio está carregado de conhecimento!
A Embrapa Solos está desenvolvendo um projeto muito bacana: o IS-Agro (TED MAPA 450/2021), em parceria com a Embrapa Agrobiologia, Embrapa Meio Ambiente e o Serviço Geológico do Brasil (SGBCPRM). A ideia é munir os órgãos governamentais, notadamente o MAPA de informações estratégicas por meio de indicadores agro-socioambientais capazes de avaliar a real performance da agropecuária nacional, subsidiando os processos de planejamento, gestão e proposição de políticas públicas setoriais na edificação de uma agricultura sustentável que possa elevar o país a uma posição de destaque no cenário internacional.
Contar com a seriedade do trabalho da Embrapa é esperar por índices inéditos para avaliar a sustentabilidade da agropecuária nacional. O projeto irá avaliar e adaptar as metodologias dos indicadores propostos por instituições internacionais, como Indicadores Agroambientais/OCDE e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030/ONU.
Todos esses indicadores e índices deverão ser processados de modo automático e atualizados em um ambiente digital (Módulo IS-Agro) e disponibilizados, na forma de dashboards, por meio de um serviço web consumido pelo Observatório da Agropecuária Brasileira, Geoportal Pronasolos ou qualquer outro veículo institucional de disponibilização de dados e informações.
Tudo isso beneficiará o setor como um todo, mas ajudará aos produtores de forma mais individualizada também.
Comunicar nosso agro é uma missão e tanto, e devemos fazer isso dentro e fora da bolha. E enquanto a pesquisa segue, a Embrapa conta com a ajuda dos produtores rurais. Informações sobre cultura e manejo serão muito úteis para a pesquisa e podem auxiliar com que os resultados sejam o mais próximos da realidade possível. Consultas à equipe do projeto IS-Agro e inscrição para participar no esforço Geo-ABC – monitoramento da adoção de sistemas conservacionistas, podem ser direcionados ao e-mail: isagro.indicadores@gmail.com.
Saiba mais sobre o projeto, e aproveite também pra ouvir esse episódio especial com o pesquisador da Embrapa, Pedro Luiz de Freitas.
Dentre vários insights importantes, concluo com um que despertou a atenção: o produtor brasileiro, no passado, foi ousado ao adotar uma agricultura conservacionista e hoje, de tão comuns que são para nós as nossas práticas, nos esquecemos que já praticamos uma agricultura sustentável. Nos esquecemos, mas precisamos relembrar e fazer com que o mundo conheça a agricultura brasileira. E o projeto IS-Agro pode contribuir muito com isso.