
Investimento amplia áreas nativas, fortalece agricultura regenerativa e conecta propriedades rurais por meio de corredores ecológicos em Minas Gerais
O avanço de projetos de restauração ecológica tem mobilizado produtores rurais na Região do Cerrado Mineiro. O Consórcio Cerrado das Águas (CCA) e o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO) anunciaram a ampliação da iniciativa “Restauração Ecológica e Café: construindo paisagens biodiversas e produtivas” de 213 hectares para mais de 500 hectares. O aporte estratégico de R$ 5,7 milhões, originado do Edital Corredores de Biodiversidade, apoiado por BNDES, KfW e Petrobras, permitirá continuidade em 202,32 hectares em pequenas propriedades rurais nos municípios de Coromandel, Patrocínio e Serra do Salitre, com foco em Áreas de Preservação Permanente e Reservas Legais.
Com este movimento, a área de vegetação nativa conservada pelo CCA crescerá aproximadamente 134%. O número de propriedades atendidas, hoje 145, aumentará. Estão previstas 41 mil mudas nativas para recompor nascentes e matas ciliares degradadas. Além disso, a atual área em transição para agricultura regenerativa, calculada em 4 mil hectares, deverá avançar mais de 20%.
A proposta se desenvolve dentro do Corredor Ecológico RIDE DF/Paranaíba/Abaeté, região relevante para conectividade ambiental no bioma Cerrado. A iniciativa integra biodiversidade, geração de renda e segurança alimentar, criando melhorias na resiliência climática local, na preservação dos sistemas hídricos e na sustentabilidade econômica da cafeicultura regional.
Restauração ecológica no Cerrado Mineiro amplia conectividade da paisagem
As estratégias seguem diretrizes da FAO sobre Agricultura Climaticamente Inteligente, criando redes de áreas nativas conectadas para facilitar o fluxo genético de fauna e flora e melhorar a saúde do solo. A restauração da vegetação nativa conduz a recarga hídrica, reduz erosões e sustenta a oferta de água necessária aos cafezais, mitigando impactos de secas prolongadas.
Segundo Fabiane, diretora executiva do Cerrado das Águas, “A parceria com o FUNBIO permite um avanço significativo nesse trabalho, com um incremento substancial nos resultados esperados”. Ela explica: “Ele nos permite não apenas continuar, mas também aprofundar nosso trabalho de conectar restauração ecológica e produção agrícola. O aumento nas áreas de conservação e o incentivo à agricultura regenerativa demonstram que é possível e vantajoso para o produtor ser o ator principal na conservação do Cerrado, garantindo a competitividade e a resiliência climática do negócio fortalecendo as comunidades e a produção do café. É um ciclo virtuoso de apoio e conhecimento.”
O Plano de Investimento no Produtor Consciente (PIPC) operacionaliza o projeto por meio de contratos de três anos. Cada propriedade recebe um Plano de Adaptação Climática com medidas individuais para recompor áreas nativas e orientar a condução agrícola. O Funbio aportará recursos para manutenção e monitoramento das áreas restauradas por quatro anos, etapa sensível em projetos deste tipo.
A capacitação técnica participa do processo. Produtores são treinados em manejo de água, plantio, coleta de sementes nativas e prevenção de incêndios florestais. Durante a execução das ações, Dias de Campo promoverão troca de resultados com pesquisadores e parceiros.
O produtor rural Farley Marra afirma: “Conheço o trabalho deles há cerca de um ano e já participei de dois treinamentos. Agora, após a visita de análise em minha propriedade, vamos começar a colocar a mão na massa. Acredito que a erosão e a degradação do solo diminuirão e, com o plantio de café em sistema agroflorestal, espero complementar minha renda. Além disso, o custo para cercar as Áreas de Preservação Permanente é muito alto, então essa ajuda do Cerrado das Águas virá em boa hora. O cercamento também vai ser fundamental para impedir que o gado entre na área de produção. Tenho certeza de que essa parceria vai dar muito certo.”
O monitoramento de impacto incluirá análise de qualidade da água, indicadores de solo e instalação de estações meteorológicas em cada bacia hidrográfica. Equipamentos adquiridos permitirão medir balanço hídrico e quantificar resultados. Os dados orientarão decisões futuras, ajustando técnicas de manejo.
A agenda institucional integra empresas, organizações civis e órgãos públicos. O biólogo Rodolfo Cabral Marçal, gerente de projetos ambientais no FUNBIO, comenta: “O Programa Floresta Viva, iniciativa do BNDES com gestão do FUNBIO, vem ampliando as oportunidades de restauração e conservação em todos os biomas brasileiros. No caso do Cerrado e Pantanal, o Edital Corredores de Biodiversidade, que conta com o apoio BNDES, Petrobras e KfW, tem papel estratégico no fortalecimento da gestão de Unidades de Conservação, na reconexão de paisagens nativas, na recuperação de ecossistemas de áreas prioritárias, na melhoria da qualidade ambiental de pequenas propriedades rurais e na valorização dos serviços ecossistêmicos”. Ele conclui: “Essa articulação entre instituições públicas, empresas e sociedade civil tem contribuído para transformar a paisagem e promover uma gestão mais integrada e sustentável do território”.
O financiamento ocorre por meio do Edital Corredores de Biodiversidade – Floresta Viva, iniciativa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, destinada ao apoio de restauração ecológica em biomas brasileiros, com o FUNBIO responsável pela gestão.