
Crédito restrito pressiona empresas e produtores. Lucas Siqueira mostra como gestão, liderança e proximidade com o cliente podem garantir sustentabilidade no agro
O debate sobre crédito rural ganhou força na quarta edição da Revista 100PORCENTOAGRO. A publicação traz como capa a recuperação judicial no setor, destacada como “um tiro no pé” quando usada como modelo de gestão financeira. Mas é a análise de Lucas Siqueira, apresentada a partir da página 61, que traduz de forma direta os efeitos da escassez de recursos sobre a vida prática de empresas de insumos e produtores rurais.
“O dinheiro ‘sumiu da praça’”, resume Siqueira, ao descrever um ambiente marcado por juros elevados, pressões geopolíticas e margens de rentabilidade cada vez mais estreitas. O especialista aponta que não se trata apenas de crise momentânea, mas de um cenário duradouro, que exige disciplina de gestão e capacidade de adaptação de todos os elos da cadeia.
A escassez de crédito afeta desde a aquisição de insumos até a capacidade de investir em tecnologia. Segundo Siqueira, as empresas precisam de diagnósticos precisos para identificar onde é possível reduzir custos e quais áreas merecem prioridade. Ele reforça que “o parceiro ideal não é o que se limita a reclamar, mas o que arregaça as mangas e trabalha”.
O ambiente de maior seletividade nas negociações abre espaço para empresas regionais e cooperativas, que conseguem manter proximidade com o produtor e oferecem soluções mais personalizadas. Essa relação de confiança tende a se fortalecer à medida que os grandes agentes financeiros e de insumos retraem investimentos ou endurecem condições.
Liderança e gestão como pilares de resistência
Lucas Siqueira defende que a liderança exerce papel central em períodos de incerteza. Ele alerta que “poucas coisas prejudicam mais uma empresa em fase adversa do que um time sentindo-se injustiçado”. Por isso, reforça a importância de gestores transmitirem clareza, revisarem processos e darem exemplo.
A comunicação interna, o alinhamento das equipes e a adoção de práticas de governança tornam-se ferramentas estratégicas. Decisões como congelar expansões e priorizar o “core business” não representam retrocesso, mas sim proteção de caixa e redução de riscos. Essa postura pragmática pode ser a diferença entre preservar a sustentabilidade da operação ou comprometer a atividade no médio prazo.
Temas convergentes
A análise de Siqueira dialoga com outros conteúdos da edição da revista, que reforçam a necessidade de adaptação. Entre eles, os avanços do cooperativismo em Minas Gerais, a ciência do solo como ativo estratégico e o papel do Brasil na COP30, em Belém. Os artigos convergem para um mesmo ponto: o setor precisa fortalecer a governança e a cooperação para enfrentar adversidades.
Na visão de especialistas ouvidos pela Revista 100PORCENTOAGRO, é a combinação de gestão financeira consistente, liderança transparente e integração entre agentes locais que garantirá competitividade ao agro do Cerrado Mineiro e do Brasil como um todo.
O crédito rural limitado impõe desafios, mas também abre oportunidades para modelos de gestão mais enxutos e relações mais próximas com os produtores. A análise de Lucas Siqueira é clara: em um mercado de recursos escassos, sobrevivem e prosperam os que conseguem transformar liderança, eficiência e confiança em vantagem competitiva.