
Programa de melhoramento genético da EPAMIG no Gir Leiteiro combina pesquisa, manejo e biotecnologia para aumentar a produção de leite e garantir animais mais produtivos e resistentes
Em Uberaba, no Triângulo Mineiro, o Campo Experimental Getúlio Vargas (CEGT), mantido pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), atua como um centro estratégico para o desenvolvimento da pecuária leiteira no país. Reconhecido nacionalmente por seu trabalho com a raça Gir Leiteiro, o local concentra pesquisas e práticas aplicadas voltadas à seleção e ao melhoramento genético, sempre com foco em desempenho produtivo, sanidade animal e sustentabilidade.
O CEGT trabalha em diversas frentes: tecnologias reprodutivas, manejo nutricional, qualidade do leite, uso racional de recursos e desenvolvimento de alimentos de alto valor nutritivo para o gado. A estrutura também mantém projetos de produção de mudas e oferta de volumosos para rebanhos, permitindo que as pesquisas sejam integradas à realidade do campo.
Entre os resultados concretos desse trabalho estão os relatos de produtores que adotaram a genética EPAMIG em seus rebanhos. Um desses casos é o de Divaldo Fernandes, proprietário da Fazenda Dourados, em Goiandira (GO). Ele mantém um rebanho Girolando (½ sangue) e decidiu investir em touros Gir melhorados geneticamente pela EPAMIG após conhecer a instituição em 2018, durante o Pró-Genética, evento promovido pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ).
“Naquela época, a produção de leite da minha fazenda era em torno de 12 a 15 litros. Com o desejo de otimizar, comprei meu primeiro touro Gir, filho de mãe e pai com genética da EPAMIG”, recordou. O impacto foi imediato: “Hoje, conseguimos estimar que as filhas do touro adquirido em 2018 podem chegar a produzir acima de 30 litros por dia, o que é muito importante, principalmente no meu caso, em que forneço o leite diretamente aos laticínios. Os ganhos na produção foram tantos que voltei ao CEGT, este ano, e adquiri mais um animal”.
O programa de melhoramento genético do Gir Leiteiro na EPAMIG é estruturado em etapas rigorosas, que envolvem coleta contínua de dados, avaliação criteriosa dos animais e aplicação de biotecnologias como a genômica. O manejo também é parte essencial da estratégia. “Realizamos pesagens mensais, controle leiteiro oficial com a ABCZ/PMGZ e adotamos manejo adequado para garantir sanidade e bem-estar. A alimentação balanceada é fornecida em períodos de seca, quando os animais ficam em confinamento. O trabalho é todo realizado a pasto, sem uso de hormônios para estimular a produção. Isso garante vacas com alta linhagem leiteira e resultados que, muitas vezes, dobram a produção em determinados intervalos de ordenha”, explicou Flávio Teles Xavier, técnico do setor de bovinos da EPAMIG.
A pesquisa com o Gir Leiteiro no CEGT começou na década de 1940, o que demonstra a consistência e a continuidade do trabalho. Os resultados atuais refletem décadas de seleção e aprimoramento. “Após um longo trabalho de melhoramento genético, os resultados se refletem em fêmeas que reúnem características essenciais para sistemas de produção leiteira: alta produtividade, docilidade, habilidade materna, rusticidade e desempenho superior ao dos próprios pais”, destacou Mariana Silva, médica veterinária, MSc em Zootecnia – Produção de Ruminantes e assessora técnica na EPAMIG.
Além de melhorar os índices produtivos, a genética EPAMIG viabiliza a aplicação de tecnologias como a fertilização in vitro (FIV), que possibilita a multiplicação e a disseminação mais rápida de animais com alto valor genético. Essa tecnologia amplia o alcance do programa, permitindo que mais pecuaristas, especialmente em Minas Gerais, tenham acesso a esse diferencial competitivo.
A aquisição de touros com genética EPAMIG é feita por meio de editais da empresa, o que garante transparência no processo e oferece oportunidades a produtores interessados em investir na melhoria de seus rebanhos. Mais informações sobre disponibilidade e estudos podem ser solicitadas pelo e-mail: flavio.xavier@epamig.br.