
Oportunidades comerciais e exigências oficiais já moldam o avanço da exportação do queijo mineiro. Panorama completo para orientar quem atua no Cerrado Mineiro
Resumo da notícia
A leitura completa aprofunda esses pontos e ajuda produtores, cooperativas e indústrias a avaliar destinos, custos e requisitos oficiais antes de exportar.
Exportação do queijo mineiro: mercados internacionais em expansão
A exportação do queijo mineiro passa por uma fase de reorganização estratégica. O Governo de Minas Gerais divulgou um guia que reúne informações técnicas, regulatórias e mercadológicas para impulsionar a presença dos queijos do estado em destinos com maior abertura sanitária e melhor relação custo-benefício. O material direciona produtores, cooperativas, indústrias e investidores instalados no Cerrado Mineiro e em outras regiões, interessados em avaliar rotas comerciais, custos logísticos e comportamento do consumidor.
O documento parte de uma premissa central: compreender como os mercados funcionam e como cada categoria de queijo é tratada pelas autoridades sanitárias de destino. A classificação oficial, definida por instruções normativas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, influencia a aceitação. O Queijo Minas Frescal, por exemplo, é de alta umidade, conforme a Instrução Normativa nº 88/2023, e exige atenção maior à microbiologia. Já o Minas Padrão, definido pela IN nº 87/2023, integra o grupo semiduro, proporcionando estabilidade superior durante o trânsito. O Queijo Minas Artesanal, tratado como produto de massa dura, depende do processo de cura, elemento valorizado em nichos de maior valor.
A exportação do queijo mineiro e o comportamento dos destinos na América do Sul: países da América do Sul aparecem como rota natural para os embarques. Argentina, Paraguai e Uruguai atuam dentro do Mercosul, o que reduz entraves e facilita certificações sanitárias. O Chile, apesar de competitivo e abastecido por marcas europeias, reconhece certificações brasileiras. O Peru opera com tarifas reduzidas via Acordo de Livre Comércio Mercosul-Peru e demanda registro de produtos pela DIGESA.
A narrativa construída no guia mostra atenção às dificuldades da região. O Paraguai, por exemplo, possui desafios logísticos, como vitrines refrigeradas insuficientes. O Peru tem públicos dispostos a pagar por queijos importados, mas a logística refrigerada é determinante para evitar perdas. Já o Chile exige posicionamento estratégico para enfrentar a forte presença de empresas espanholas no segmento premium.
A exportação do queijo mineiro para os Estados Unidos: os Estados Unidos se mantêm como destino principal para Minas Gerais. A dimensão do mercado, a cultura de consumo de queijos e o interesse por produtos de origem definida impulsionam a demanda. Exportar, porém, requer habilitação no SIF, cumprimento das normas USDA e FDA, registro em bases norte-americanas e alinhamento aos padrões de rotulagem. O retorno de Trump ao governo foi citado como fator que pode alterar tarifas para países incluídos no Sistema Geral de Preferências.
Apesar das exigências, os dados confirmam espaço: a categoria de queijos maturados paga tarifa de US$ 2,10 por quilo, e produtos brasileiros têm avançado, com mais de 80 estabelecimentos aptos a exportar lácteos.
Mercados emergentes: Oriente Médio, África e Ásia: os Emirados Árabes Unidos reúnem características logísticas e comerciais que favorecem o produto brasileiro. O país opera como hub regional e consome grandes volumes importados. Há tarifa média de 5%, com possibilidade de redução em eventos ou participações classificadas como estratégicas.
Na África, Angola mantém forte dependência de produtos lácteos importados e relação comercial consolidada com o Brasil. O mercado é abastecido por itens europeus, sobretudo queijo Flamengo português, vendido fatiado. Mesmo assim, há espaço para a muçarela brasileira disputar fatias do varejo. A tarifa de importação para queijos é de 30%, conforme Decreto Legislativo Presidencial nº 1/24.
Singapura e Hong Kong concentram consumidores acostumados a alimentos importados. São mercados com tarifas zeradas e exigências sanitárias rígidas. Hong Kong depende quase totalmente de suprimentos externos. O país exige certificado sanitário emitido pelo MAPA e rotulagem precisa, além de registro dos estabelecimentos exportadores. Singapura opera com padrões rígidos da Singapore Food Agency e mantém preferência por produtos premium. O documento indica que o envio de amostras e presença em feiras é uma prática decisiva para o avanço comercial.
Desempenho das exportações mineiras em 2024: Minas Gerais exportou US$ 7,9 milhões em queijos em 2024, alcançando dez mercados. Os Estados Unidos lideraram as compras com US$ 3,2 milhões, seguidos por Taiwan, com US$ 2,7 milhões. O Chile comprou US$ 921,4 mil, enquanto Rússia e Angola também figuraram entre os maiores destinos.
O modal marítimo representou 77% dos embarques; o aéreo, 9%; e o rodoviário, 14%. Pará de Minas movimentou US$ 3,3 milhões e Arapuá, US$ 2,9 milhões. São Vicente de Minas, Moema e Vazante completaram o grupo dos municípios mais ativos no comércio exterior.
Procedimentos e documentos para exportar: para operar, o estabelecimento precisa estar registrado no SIF e manifestar intenção de exportar ao auditor responsável. A exportação depende de acordos sanitários entre o Brasil e o país de destino, da emissão de Certificado Sanitário Internacional e da Declaração Agropecuária de Trânsito Internacional. A operação deve ser registrada no Portal Único do Comércio Exterior, com LPCO e DU-E vinculadas.
Quando há inconsistências, a Vigilância Agropecuária publica Notificação Fiscal Agropecuária, responsável por apontar falhas e determinar ajustes. Em casos extremos, o embarque pode ser impedido, cabendo ao exportador devolver ou destruir a carga sob controle aduaneiro.
O Governo de Minas Gerais reforça que o objetivo do guia é oferecer subsídios técnicos e identificar oportunidades reais para ampliar a presença internacional dos queijos produzidos no estado. Ações como webinars, eventos com embaixadas e possíveis missões internacionais estão em planejamento para aproximar empresas mineiras de parceiros no exterior. O texto finaliza afirmando que “as portas estão abertas”.