
CCA leva à COP30 ações de regeneração e segurança hídrica aplicadas no campo. Produtores e instituições apresentam resultados verificáveis em escala regional
A presença do Consórcio Cerrado das Águas (CCA) na COP30, em Belém (PA), marca um movimento estratégico do Cerrado Mineiro em defesa de práticas regenerativas e ampliação da segurança hídrica no território. O encontro reúne agentes públicos, produtores, investidores e instituições. A presença ocorre a convite do Sebrae e integra o Painel 36 – Restaurar e Regenerar, nesta terça-feira, 18 de novembro. O Cerrado Mineiro move toda a narrativa, pois sintetiza o esforço regional destinado a manter produtividade, renda e estabilidade climática em uma área cada vez mais pressionada por eventos extremos.
O painel será mediado pelo gerente regional do Sebrae Minas, Marcos Geraldo Alves. O produtor rural e presidente do Cerrado das Águas, Marcelo Urtado, levará resultados e métodos aplicados nas propriedades participantes. A composição do debate inclui o assessor especial do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) responsável pela negociação do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) André Aquino, o Secretário Executivo de Agricultura Familiar, Povos Originários e Comunidades Tradicionais (Governo MS) Humberto de Mello e a Coordenadora da Unidade de Competitividade do Sebrae Nacional, Cláudia Stehling. O CCA atua na COP30 com apoio do Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (CEPF) e do Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB).
Governança, planejamento e resultados verificáveis
O CCA mostrará uma estrutura de governança construída ao longo de anos. A iniciativa articula empresas, governo e sociedade civil. O consórcio atua em 2 mil propriedades e impacta uma área de 180 mil hectares, com ênfase em sistemas produtivos regenerativos e conservação hídrica. O ponto central é a relação direta entre produção de café, restauração ambiental e ampliação da infiltração de água no solo. O Cerrado Mineiro detém a maior área certificada em boas práticas agrícolas do Brasil e a maior área certificada em Agricultura Regenerativa do mundo na cafeicultura.
Essa posição fortaleceu o convite do Sebrae. A instituição apoia o CCA desde sua fundação e viabilizou ações estruturantes, como a linha de crédito exclusiva para agricultura regenerativa em parceria com a Rabofoundation. O Sebrae MG também integra o projeto aprovado pelo CCA no edital Floresta Viva, no valor de R$ 4 milhões, destinado à restauração de 202 hectares no Cerrado.
O eixo da apresentação na COP30 será o projeto Paisagens Regenerativas do Cerrado Mineiro. A proposta incorpora estudos feitos pela empresa Ecossystemas e dados cedidos pelo projeto Selo Verde do governo de Minas Gerais. O corredor ambiental integra áreas de vegetação nativa e solos agrícolas em processo de regeneração. O objetivo é reduzir riscos climáticos, melhorar a recarga hídrica e ampliar serviços ecossistêmicos associados à produção.
“Nossa meta inicial é colocarr 20 mil hectares em transição para a agricultura regenerativa até 2030. O desafio é grande, mas já temos as ferramentas certa para trabalhar com as 2 mil propriedades rurais, em uma área que soma 180 mil hectares, que formarão um corredor de biodiversidade que fortalecerá as funções ecossistêmicas essenciais, como infiltração de água e conservação do solo”, explica Fabiane Sebaio, Secretária Executiva do CCA.
Para Marcelo Urtado, o projeto responde a uma necessidade comum entre produtores: “O projeto é uma resposta ao desafio de mitigar os riscos climáticos, compartilhado por todos os envolvidos no Cerrado das Águas. A diminuição desses riscos, em nível regional, pode trazer benefícios diretos, como a provisão de água, polinização e formação de solos, impactando positivamente as comunidades e municípios participantes”.
Urtado avalia a participação como etapa de reconhecimento e expansão: “A participação do Cerrado das Águas na COP30 tem vários pontos relevantes. Um deles é o reconhecimento do trabalho do próprio Cerrado das Águas, aos resultados que nós estamos tendo no campo, sendo resultados verificáveis, isso é muito importante com todos os indicadores como o trabalho de planejamento, o trabalho de implantação e o de monitoramento. Então, literalmente, nós colhemos os resultados no campo, nos indicadores, mercado e sociedade, mostrando que nós estamos no caminho certo”.
“Um outro ponto muito relevante é que ninguém faz nada sozinho. Esse é um trabalho em conjunto, realizado por todos os associados: empresas, instituições e cooperativas, em alguns casos são concorrentes e estão unidos com um objetivo em comum”, conclui.
A lista de empresas associadas mostra o alcance da plataforma: Nescafé, Expocaccer, Nespresso, Lavazza, Cooxupé, Cofco International, Volcafe, NKG Stockler, Daterra, Federação dos Cafeicultores do Cerrado, CerVivo, Starbucks Farmer Support Center, JDE Peet´s, EISA e X-Farm. A Prefeitura Municipal de Serra do Salitre e a Prefeitura Municipal de Coromandel também integram a iniciativa.
Impactos práticos no Cerrado Mineiro
O Programa de Investimento no Produtor Consciente (PIPC) orienta e acompanha as propriedades. O CCA mantém 202 hectares de vegetação nativa conservada, 4 mil hectares em transição para agricultura regenerativa e 150 mil pessoas beneficiadas. As ações se conectam com a necessidade de estabilizar o bioma, sensível às mudanças climáticas e fundamental na geração de água do país.