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Exportação do queijo mineiro: como os mercados internacionais se abrem ao produto de Minas

Oportunidades comerciais e exigências oficiais já moldam o avanço da exportação do queijo mineiro. Panorama completo para orientar quem atua no Cerrado Mineiro

Resumo da notícia

  • A exportação do queijo mineiro cresce e encontra mercados cada vez mais acessíveis. O guia divulgado pelo Governo de Minas Gerais apresenta, de forma prática, os destinos com menos barreiras sanitárias, as exigências para habilitação, as oportunidades comerciais na América do Sul, Estados Unidos, Oriente Médio, África e Ásia, além dos perfis de consumo que influenciam a estratégia de cada produtor.
  • O material também mostra onde Minas avançou em 2024, quais municípios lideraram as vendas externas e como escolher o modal logístico mais adequado para cada tipo de queijo. Para quem atua no Cerrado Mineiro ou investe no setor lácteo, o documento reúne dados essenciais para planejar expansão e entender como cada mercado funciona.

A leitura completa aprofunda esses pontos e ajuda produtores, cooperativas e indústrias a avaliar destinos, custos e requisitos oficiais antes de exportar.

Exportação do queijo mineiro: mercados internacionais em expansão

A exportação do queijo mineiro passa por uma fase de reorganização estratégica. O Governo de Minas Gerais divulgou um guia que reúne informações técnicas, regulatórias e mercadológicas para impulsionar a presença dos queijos do estado em destinos com maior abertura sanitária e melhor relação custo-benefício. O material direciona produtores, cooperativas, indústrias e investidores instalados no Cerrado Mineiro e em outras regiões, interessados em avaliar rotas comerciais, custos logísticos e comportamento do consumidor.

O documento parte de uma premissa central: compreender como os mercados funcionam e como cada categoria de queijo é tratada pelas autoridades sanitárias de destino. A classificação oficial, definida por instruções normativas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, influencia a aceitação. O Queijo Minas Frescal, por exemplo, é de alta umidade, conforme a Instrução Normativa nº 88/2023, e exige atenção maior à microbiologia. Já o Minas Padrão, definido pela IN nº 87/2023, integra o grupo semiduro, proporcionando estabilidade superior durante o trânsito. O Queijo Minas Artesanal, tratado como produto de massa dura, depende do processo de cura, elemento valorizado em nichos de maior valor.

A exportação do queijo mineiro e o comportamento dos destinos na América do Sul: países da América do Sul aparecem como rota natural para os embarques. Argentina, Paraguai e Uruguai atuam dentro do Mercosul, o que reduz entraves e facilita certificações sanitárias. O Chile, apesar de competitivo e abastecido por marcas europeias, reconhece certificações brasileiras. O Peru opera com tarifas reduzidas via Acordo de Livre Comércio Mercosul-Peru e demanda registro de produtos pela DIGESA.

A narrativa construída no guia mostra atenção às dificuldades da região. O Paraguai, por exemplo, possui desafios logísticos, como vitrines refrigeradas insuficientes. O Peru tem públicos dispostos a pagar por queijos importados, mas a logística refrigerada é determinante para evitar perdas. Já o Chile exige posicionamento estratégico para enfrentar a forte presença de empresas espanholas no segmento premium.

A exportação do queijo mineiro para os Estados Unidos: os Estados Unidos se mantêm como destino principal para Minas Gerais. A dimensão do mercado, a cultura de consumo de queijos e o interesse por produtos de origem definida impulsionam a demanda. Exportar, porém, requer habilitação no SIF, cumprimento das normas USDA e FDA, registro em bases norte-americanas e alinhamento aos padrões de rotulagem. O retorno de Trump ao governo foi citado como fator que pode alterar tarifas para países incluídos no Sistema Geral de Preferências.

Apesar das exigências, os dados confirmam espaço: a categoria de queijos maturados paga tarifa de US$ 2,10 por quilo, e produtos brasileiros têm avançado, com mais de 80 estabelecimentos aptos a exportar lácteos.

Oriente Médio, África e Ásia: os Emirados Árabes Unidos reúnem características logísticas e comerciais que favorecem o produto brasileiro. O país opera como hub regional e consome grandes volumes importados. Há tarifa média de 5%, com possibilidade de redução em eventos ou participações classificadas como estratégicas.

Na África, Angola mantém forte dependência de produtos lácteos importados e relação comercial consolidada com o Brasil. O mercado é abastecido por itens europeus, sobretudo queijo Flamengo português, vendido fatiado. Mesmo assim, há espaço para a muçarela brasileira disputar fatias do varejo. A tarifa de importação para queijos é de 30%, conforme Decreto Legislativo Presidencial nº 1/24.

Singapura e Hong Kong concentram consumidores acostumados a alimentos importados. São mercados com tarifas zeradas e exigências sanitárias rígidas. Hong Kong depende quase totalmente de suprimentos externos. O país exige certificado sanitário emitido pelo MAPA e rotulagem precisa, além de registro dos estabelecimentos exportadores. Singapura opera com padrões rígidos da Singapore Food Agency e mantém preferência por produtos premium. O documento indica que o envio de amostras e presença em feiras é uma prática decisiva para o avanço comercial.

Desempenho das exportações mineiras em 2024: Minas Gerais exportou US$ 7,9 milhões em queijos em 2024, alcançando dez mercados. Os Estados Unidos lideraram as compras com US$ 3,2 milhões, seguidos por Taiwan, com US$ 2,7 milhões. O Chile comprou US$ 921,4 mil, enquanto Rússia e Angola também figuraram entre os maiores destinos.

O modal marítimo representou 77% dos embarques; o aéreo, 9%; e o rodoviário, 14%. Pará de Minas movimentou US$ 3,3 milhões e Arapuá, US$ 2,9 milhões. São Vicente de Minas, Moema e Vazante completaram o grupo dos municípios mais ativos no comércio exterior.

Procedimentos e documentos para exportar: para operar, o estabelecimento precisa estar registrado no SIF e manifestar intenção de exportar ao auditor responsável. A exportação depende de acordos sanitários entre o Brasil e o país de destino, da emissão de Certificado Sanitário Internacional e da Declaração Agropecuária de Trânsito Internacional. A operação deve ser registrada no Portal Único do Comércio Exterior, com LPCO e DU-E vinculadas.

Quando há inconsistências, a Vigilância Agropecuária publica Notificação Fiscal Agropecuária, responsável por apontar falhas e determinar ajustes. Em casos extremos, o embarque pode ser impedido, cabendo ao exportador devolver ou destruir a carga sob controle aduaneiro.

O Governo de Minas Gerais reforça que o objetivo do guia é oferecer subsídios técnicos e identificar oportunidades reais para ampliar a presença internacional dos queijos produzidos no estado. Ações como webinars, eventos com embaixadas e possíveis missões internacionais estão em planejamento para aproximar empresas mineiras de parceiros no exterior. O texto finaliza afirmando que “as portas estão abertas”.