
A alienação dos ativos envolve 27,7 MWp entre Uberlândia, São Gotardo e Piumhi. O reforço na transmissão no Alto Paranaíba consolida ambiente favorável para novos projetos
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A venda de nove usinas solares em Minas Gerais, com 27,7 MWp distribuídos entre Uberlândia, São Gotardo e Piumhi, ocorre no mesmo momento em que a linha de transmissão do Alto Paranaíba atinge 93% de execução. O alinhamento desses dois movimentos vem sendo observado por produtores, investidores e empresas atentos ao potencial de expansão regional. O regime de GD1 com isenção até 2045, somado à demanda industrial crescente e à infraestrutura quase concluída, aponta para um cenário que pode alterar decisões de investimento.
Ficou curioso para entender o impacto real dessa movimentação no Cerrado Mineiro? O artigo completo explica.
POR RODOLFO DE SOUZA, editor-chefe
A movimentação recente da Norsk Renewables reposiciona o debate sobre energia solar em Minas Gerais no ambiente de negócios do Cerrado Mineiro. A empresa iniciou na segunda-feira (24) o processo de venda de nove usinas situadas em Uberlândia, São Gotardo e Piumhi. O conjunto soma 27,7 megawatts-pico (MWp) e integra o segmento de geração distribuída (GD1), modalidade que assegura isenções tarifárias até 2045. O pacote inclui 100% da participação societária nos ativos, contratos de longo prazo com a Órigo Energia e estrutura de financiamento estimada em R$ 80 milhões. O valor comercial não foi divulgado.
O interesse gerado pela venda tem relação direta com o regime de GD1, visto como mecanismo de competitividade para investidores, especialmente em regiões marcadas por crescimento agroindustrial. Oito das nove usinas já operam e uma iniciará atividade nos próximos meses. A transação envolve plantas controladas pela Nordic Impact Cooperation (NIC), plataforma pertencente à Norsk Renewables em conjunto com Norfund e Finnfund. A Clean Energy Latin America (Cela) conduz a assessoria financeira e estratégica.
A empresa informou que a alienação dos ativos ocorre em alinhamento à alocação de capital direcionada para novos empreendimentos. Em comunicado, registrou foco na promoção da descarbonização e na expansão de projetos voltados para fontes renováveis. Os contratos de longo prazo com a Órigo Energia serão mantidos, sem alteração no atendimento aos consumidores.
Entre os ativos negociados está o Origo I, em Uberlândia, com 18 MW distribuídos em 6 localidades, todas operando sob contratos longos. Em São Gotardo, o cluster solar reúne 4 operações com 15 MW. As plantas passaram por avaliação legal, ambiental e social e iniciaram operação comercial no 4º trimestre de 2023 e no 1º trimestre de 2024. A Norsk Renewables, sediada na Noruega, mantém mais de 1 gigawatts (GW) em projetos de energia solar e eólica e ampliou a oferta para incluir armazenamento, alinhado ao objetivo de substituir “100% do consumo produzido pelos clientes por fontes renováveis”.
Fator de desenvolvimento regional
O contexto regional reforça o interesse pela energia solar em Minas Gerais. O Lote Alto Paranaíba, projeto de transmissão da Neoenergia que liga Minas Gerais a São Paulo, alcançou 93% de execução. Os dados oficiais informam que 100% das 3.244 fundações para torres foram concluídas. Do total planejado, 3.217 estruturas (99%) estão montadas. O lançamento de cabos atingiu 78%, com 1.226 km instalados dos 1.573 km previstos.
A expansão da transmissão amplia a atratividade para indústrias de alto consumo energético, como transformação, metalurgia e mineração. A Indústria Extrativa emprega 5.927 pessoas na região. A combinação entre estabilidade no fornecimento, redes de transmissão quase finalizadas e alta arrecadação do ICMS da Construção sustenta projeções de novos investimentos de capital intensivo no eixo MG/SP. O movimento abre espaço para produtores rurais, investidores e demais interessados em diversificação energética.
A venda das usinas da Norsk ocorre, portanto, em cenário que evidencia reposicionamento estratégico. O conjunto entre geração distribuída com isenção até 2045 e transmissão reforçada projeta ambiente favorável para expansão, negociação e instalação de novos empreendimentos.