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Café do Cerrado Mineiro alcança R$ 200 mil por saca e redefine o valor do café especial no Brasil

Café do Cerrado Mineiro alcança R$ 200 mil por saca e redefine o valor do café especial no Brasil (Crédito: RCM)
Café do Cerrado Mineiro alcança R$ 200 mil por saca e redefine o valor do café especial no Brasil (Crédito: RCM)

A 13ª edição do Prêmio Região do Cerrado Mineiro elevou o preço máximo já registrado por uma saca no país. O leilão consolidou a origem controlada como referência comercial e estratégica para produtores, compradores e investidores

O café do Cerrado Mineiro atingiu um novo patamar de valorização. O leilão do 13º Prêmio Região do Cerrado Mineiro, realizado na noite de quarta-feira, 19 de novembro, registrou a venda de uma saca por R$ 200 mil. O valor representa o maior lance já pago por um lote em leilão nacional e provoca impacto direto nos debates sobre precificação, diferenciação e competitividade dos cafés especiais de origem controlada. A marca foi alcançada em Uberlândia (MG), na presença de produtores, compradores, cooperativas e empresas do setor.

A saca recordista pertence ao produtor Eduardo Pinheiro Campos, da Fazenda Dona Nenem, em Presidente Olegário. O lote, campeão da categoria Cereja Descascado, foi adquirido pelo consórcio formado por Expocacer, Veloso Green Coffee, Marex e Nucoffee. O resultado repercutiu entre torrefações, exportadores e investidores atentos aos movimentos de mercado que envolvem cafés raros e produção rastreável.

O segundo maior valor veio da Louis Dreyfus Company, que arrematou por R$ 100 mil a saca campeã da categoria Natural, produzida pela Agropecuária São Gotardo (Agropesg). A participação de empresas globais reforçou a posição estratégica do café do Cerrado Mineiro no comércio internacional.

O Leilão Solidário, conduzido por Mauro Lúcio dos Santos, da Investbras, totalizou R$ 562 mil. O preço médio por saca atingiu R$ 62.444,44, resultado de nove lotes vencedores. Cerca de 40% do valor arrecadado (224.800,00) será direcionado ao projeto Escola de Atitude, que desenvolve ações de formação cidadã em comunidades produtoras. Para lideranças da região, o volume arrecadado fortalece a imagem da cafeicultura local diante de parceiros e entidades de apoio.

Maior vencedor da história do prêmio, Eduardo Pinheiro Campos detalhou o esforço de longo prazo da equipe. “É uma honra e um orgulho enorme para nossa equipe alcançar esse resultado. Eles são quem realmente colocam a mão na massa; nós apenas orientamos o caminho para chegar a esse nível de excelência. A emoção é muito grande, porque são muitos anos de trabalho, conquistas e prêmios. Ao longo das 13 edições do prêmio, estivemos no pódio 11 vezes, o que mostra a consistência da nossa trajetória e o compromisso permanente com a qualidade”.

Juliano Tarabal, diretor executivo da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, reforçou o simbolismo do recorde. “Celebrar o recorde nacional deste leilão justamente no ano em que completamos 20 anos como Indicação Geográfica reforça a força da nossa Região. Isso é resultado de uma construção coletiva envolvendo produtores, cooperativas e parceiros, e demonstra que o Cerrado Mineiro segue liderando o movimento de valorização, origem controlada e qualidade no Brasil”.

A força do café do Cerrado Mineiro nas premiações

A cerimônia reconheceu os cafés mais bem pontuados das categorias Natural, Cereja Descascado, Fermentado e Doce Cerrado Mineiro. Todas as amostras superaram 80 pontos. A nomeação dos lotes ficou a cargo da barista Maryana Castro, procedimento que reforça a comunicação da identidade sensorial da região.

Categoria Doce Cerrado Mineiro

  • 1º lugar: Maristela de Souza Teixeira Silva – Carmocer
  • 1º lugar: Livian Cristina Rodrigues Carneiro – MonteCCer
  • 1º lugar: Agropecuária São Gotardo Ltda – Coopadap
  • 1º lugar: Adib Cecílio Domingos – Coocacer
  • 1º lugar: Pedro Humberto Veloso – Carpec
  • 1º lugar: Guima Café – Expocacer

Categoria Fermentado

  • 1º lugar: Carla Poliana da Silva Oliveira (Carmocer) – 90,52
  • 2º lugar: Marcelo Assis Nogueira (Carmocer) – 89,82
  • 3º lugar: Edson Luiz Ignácio (Carpec) – 89,77

Categoria Natural

  • 1º lugar: Agropecuária São Gotardo Ltda (Coopadap) – 90,41
  • 2º lugar: Fernando Seiti Nishikawa (Coopadap) – 90
  • 3º lugar: Gustavo Andrade Alvarenga (GRE Café Região de Araxá) – 89,41

Categoria Cereja Descascado

  • 1º lugar: Eduardo Pinheiro Campos (Expocacer) – 90,59
  • 2º lugar: Agropecuária São Gotardo Ltda (Coopadap) – 90
  • 3º lugar: Maria Soraia Guimarães (Expocacer) – 89,18

A edição também premiou iniciativas socioambientais. O Troféu Atitude Sustentável foi entregue a Claudio Nasser de Carvalho, da Auma Cafés, pelo projeto LABORATÓRIO VIVO – Ciência e equilíbrio em movimento. O Troféu Escola de Atitude contemplou o projeto “Os Encantos da Região do Cerrado Mineiro: Os Sabores, As Riquezas e As Belezas”, desenvolvido pela Escola Municipal Henriqueta Cassimira de Menezes e inscrito pela Carpec.

Café do Cerrado Mineiro inicia nova fase com protocolo internacional CVA

A edição de 2025 registrou 714 amostras inscritas, o maior número já alcançado. A adoção do protocolo CVA (Coffee Value Assessment), criado pela Specialty Coffee Association, marcou outra mudança relevante. Aplicado pela primeira vez no país, o método passou a compor a análise da categoria “Doce Cerrado Mineiro”.

O presidente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, Gláucio de Castro, avaliou o impacto. “A introdução do CVA coloca o Cerrado Mineiro em um novo patamar de referência internacional. Essa inovação reafirma a liderança da nossa região em qualidade, governança e sustentabilidade”.

A Região do Cerrado Mineiro, primeira Denominação de Origem para café reconhecida no Brasil, reúne 55 municípios, cerca de 250 mil hectares cultivados, sendo 100 mil irrigados, e responde por aproximadamente 6 milhões de sacas por safra. A área certificada envolve 4.500 produtores.

O 13º Prêmio Região do Cerrado Mineiro é promovido pela Federação dos Cafeicultores do Cerrado, com apoio do Sebrae Minas, das cooperativas Carmocer, Carpec, Coocacer Araguari, Coopadap, Expocacer e MonteCCer, além das associações ACA, Acarpa, Amoca, Appcer, Assocafé, Assogotardo e GRE Café – Região de Araxá. O patrocínio é de Syngenta, C6 Bank, Sicoob, Pinhalense e Rabobank.